O sistema global de navegação por satélite Glonass, que tem cinco estações no Brasil e é o análogo russo do Sistema de Posicionamento Global GPS americano, começou a ser desenvolvido na década de 1970, mas ganhou destaque apenas na década de 2000.
Cientistas soviéticos começaram a explorar a possibilidade de usar satélites para criar um sistema de navegação independente na década de 1950, quando foi lançado com sucesso o primeiro satélite artificial da Terra, o russo Sputnik 1.
Esse trabalho teórico progrediu lentamente devido à falta de recursos, mas a Guerra Fria mudou a situação.
No início da década de 1960, o governo soviético recebeu as informações sobre o desenvolvimento do sistema de navegação americano Transit, que permite rastrear submarinos com mísseis balísticos. A União Soviética tinha, claro, que criar seu próprio sistema análogo. Em 1964, o governo soviético ordenou que fossem reiniciadas as pesquisas na área de navegação por satélite.
Em 1976, os militares soviéticos receberam o sistema Cyclone, que consistia em seis espaçonaves em órbita a uma altitude de 1.000 km.
A precisão do sistema Cyclone, porém, era muito baixa, e o erro na identificação de uma localização de objeto podia chegar a 100 metros.
24 satélites
Em 2001, o governo russo colocou em prática um programa federal intitulado "Sistema de Navegação Global" e deu início à criação de um sistema russo de navegação baseado em satélite que recebeu o nome de Glonass.
O novo sistema russo tem 24 satélites que se movem em três planos orbitais, cada um com oito satélites. O sistema de posicionamento global americano GPS também tem 24 satélites, mas eles se movem em seis planos orbitais, cada um com quatro satélites.
GPS versus Glonass
Embora ambos os sistemas sejam altamente precisos, o GPS supera ligeiramente o Glonass, tanto em precisão quanto em cobertura. O erro de precisão do Glonass é de 1 a 2 metros a mais que o GPS. Além disso, o GPS também tem cobertura global, enquanto o Glonass pode perder o sinal em partes remotas do mundo.
No entanto, o Glonass é superior ao GPS no posicionamento de objetos setentrionais, especialmente em latitudes circumpolares. Como os satélites russos não ressoam com o movimento da Terra, ao contrário dos satélites baseados no GPS, eles não requerem correção auxiliar. Na prática, isso significa maior confiabilidade do sistema nos locais mais importantes para a Rússia — como, por exemplo, o Ártico, onde opera a Frota do Norte russa.
Consequentemente, embora o GPS seja geralmente mais preciso e difundido, os usuários nas partes setentrionais do planeta podem achar o Glonass mais conveniente.
Porém, na maioria dos casos, os dois sistemas são usados de maneira complementar, e não concorrente. Quase todos os dispositivos de rastreamento vendidos no mercado, incluindo iPhones e relógios inteligentes, permitem o uso simultâneo de GPS e Glonass, aumentando muito a precisão do posicionamento e a cobertura final.