Em 2021, no Salão Aeronáutico de Dubai (Emirados Árabes Unidos), a Rússia exibiu diversas novas aeronaves civis e militares, bem como veículos aéreos não tripulados. Como resultado, o país assinou acordos de exportação desses produtos que totalizam US$ 1,3 bilhão. O Russia Beyond conta aqui quais são as três aeronaves russas que atraíram maior interesse de clientes estrangeiros no evento:
"Checkmate"
Sem dúvida, a maior estrela da Rússia no evento foi o novo caça a jato de quinta geração monomotor "Checkmate". O avião ainda não tem autorização para voar e foi levado a Dubai dentro de uma das maiores aeronaves do mundo, o An-124 "Ruslan".
O avião "Checkmate" foi desenvolvido pelo escritório de engenharia Sukhoi principalmente para exportação a mercados da América Latina, Oriente Médio, Ásia-Pacífico e África.
“O caça 'Checkmate' foi projetado usando soluções científicas e técnicas do caça da quinta geração Su-57", conta Mikhail Strelets, projetista-chefe da aeronave.
Ao contrário do pesado Su-57, porém, o "Checkmate" é classificado como caça a jato monomotor leve, e pode ser comparado ao F-35 dos Estados Unidos ou ao Saab JAS 39 “Gripen”, da Suécia.
Segundo os engenheiros, a principal vantagem do "Checkmate" em comparação com o F-35 é seu preço e os baixos custos de operação e manutenção.
“O fabricante do Checkmate tem esperança de ganhar os Emirados Árabes Unidos como cliente do caça de quinta geração, ‘roubando’ uma clientela tradicional dos Estados Unidos. Os Emirados tinham manifestado desejo de adquirir diversos caças americanos F-35 de quinta geração, mas o negócio freou durante o governo de Biden”, diz o analista militar, Dmítri Safonov.
Segundo ele, o preço de um avião "Checkmate" estará entre os US$ 30 milhões e os US$ 35 milhões. Para efeitos de comparação, o preço de um F-35 é de cerca de US$ 80 milhões.
“A aeronave tem ótima capacidade de ataque e reconhecimento: pode atacar simultaneamente até seis alvos, possui sistemas e equipamentos aviônicos mais modernos e é equipada com sistemas de inteligência artificial", diz Safonov.
De acordo com os desenvolvedores, o "Checkmate" poderá cobrir distâncias de até 3 mil km a uma velocidade de até 2.100 km/h, e sua produção começará em 2025.
Drone de ataque "Orion"
Outro destaque russo na exposição é o VANT (veículo aéreo não tripulado) de ataque "Orion", desenvolvido pela corporação Kronstadt.
Essa aeronave pertence à classe de voo longo de média altitude, conhecida nos países da Otan como "MALE" (Medium Altitude Long Endurance, em inglês).
Os drones desta classe têm significativa capacidade de carga, e assim são ótimos para levar mísseis e bombas. Com envergadura de mais de 16 metros e comprimento de 8 metros, o Orion tem um peso de decolagem de uma tonelada. Segundo especialistas militares, a carga útil é de até 250 kg.
“A empresa está ainda desenvolvendo o ‘Orion’ e testando sua capacidade de funcionar como um hub com inteligência artificial para drones menores. O objetivo é torná-lo uma unidade independente, que controlaria até 20 VANTs”, explica Safonov.
"A principal característica do Orion é sua capacidade de controlar drones por meio de sinais de satélite e não na forma de ondas de rádio, que poderiam ser silenciadas por meio de guerra radioeletrônica", diz.
O "Orion" pode transportar até 250 kg de mísseis ou bombas e voar durante 24 horas a velocidades de até 120 km/h em altitudes de até 7.500 metros.
Avião comercial de médio alcance MC-21
De acordo com as estimativas da Boeing, nas próximas décadas, a demanda por transporte aéreo civil crescerá rapidamente. As companhias aéreas de todo o mundo precisarão de quase 20 mil aeronaves de diversos tipos no valor de US$ 3,2 trilhões.
Para atender às necessidades de companhias aéreas, a Rússia revelou recentemente uma aeronave de 163 passageiros com alcance máximo de voo de 6.400 quilômetros, o MC-21.
No Salão Aeronáutico de Dubai, o MC-21 realizou um voo de demonstração a uma altitude baixa, de 800 metros, e velocidade de 210 km/h.
O MC-21 está programado para substituir os modelos Tu-204 e Tu-154B/M no mercado russo, assim como os mais vendidos Boeing 737 e A-320.
A empresa já tem contratos para exportação de 175 aviões, inclusive à companhia aérea nacional da Rússia, a Aeroflot, primeiro cliente da aeronave, que adquiriu 50 unidades dela.
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