A vacina russa Sputnik V, a primeira registrada no mundo contra o coronavírus, apresentou resultados positivos na segunda análise provisória dos dados da fase 3 dos ensaios clínicos. O anúncio foi feito em um comunicado do Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya do Ministério da Saúde da Federação Russa e do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), os dois órgãos russos envolvidos no desenvolvimento do imunizante.
De acordo com a segunda análise provisória de dados, a Sputnik V apresentou 91,4% de eficácia no 28º dia após os voluntários terem recebido a primeira injeção. No entanto, dados preliminares mostram que a eficácia da vacina sobe para mais de 95% no 42º dia após a primeira dose (21 dias após segunda).
“Acreditamos que a taxa de eficácia calculada será ainda maior ao analisar os dados 3 semanas após a segunda imunização, quando a resposta mais forte e estável do organismo for alcançada”, declarou Aleksandr Gintsburg, diretor do Centro Gamaleya.
A próxima e terceira análise intermediária dos dados será realizada após a confirmação de 78 casos de coronavírus entre os voluntários.
As informações obtidas no decorrer da pesquisa serão publicados pela equipe de pesquisa do Centro Gamaleya em uma das principais revistas médicas internacionais revisadas por pares. No final dos testes clínicos de fase 3 da Sputnik V, o instituto fornecerá acesso ao relatório completo do ensaio clínico.
Atualmente, 40 mil voluntários na Rússia estão participando da Fase 3 do estudo clínico duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. Mais de 22 mil voluntários receberam apenas a primeira dose, e outros 19 mil receberam duas.
“Os dados sobre a alta eficácia da vacina Sputnik V nos dão a esperança de que em breve teremos uma ferramenta crítica na luta contra a nova pandemia de coronavírus”, disse o ministro da Saúde russo, Mikhail Murachko.
Mais de 50 países já realizaram pedidos de compra de mais de 1,2 bilhões de doses da Sputnik V. O fornecimento ao mercado externo será possível graças à produção conjunta com parceiros internacionais no Brasil, Índia, China, Coreia do Sul e outros.
Mecanismo da Sputnik V
Segundo os cientistas, a Sputnik V demonstra maior segurança e eficácia, além de ausência de consequências negativas de longo prazo, pelo fato de ser criada na plataforma de vetores adenovirais humanos. A singularidade da vacina russa estaria no uso de dois vetores diferentes baseados no adenovírus humano, o que permite resposta imune mais forte e de longo prazo em comparação com as vacinas usando o mesmo vetor para as duas doses.
Até o momento, o estudo não revelou efeitos colaterais inesperados. Algumas das pessoas imunizadas apresentaram eventos adversos de curto prazo, como dor no local da injeção e gripe, incluindo febre, fraqueza, fadiga e dor de cabeça.
Em setembro passado, a revista médica “The Lancet”, uma das principais do mundo, já havia publicado um artigo com os resultados das Fases I-II dos ensaios clínicos da vacina russa demonstrando a ausência de eventos adversos graves e a formação de resposta imunológica sustentada nos participantes da pesquisa.
A Sputnik V recebeu certificado de registro do Ministério da Saúde russo em 11 de agosto, tornando-se a primeira vacina contra coronavírus registrada no mundo.
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