Escultura de animal mais antiga do mundo, de 40.000 a 45.000 anos atrás, é achada na Sibéria

Leão-das-cavernas

Leão-das-cavernas

Henrich Harder
Desenterrado em Altai, artefato foi criado pelos misteriosos hominídeos de Denísova.

Uma figura de um leão-das-cavernas do Paleolítico Superior, de 40.000 e 45.000 anos atrás, foi encontrada por pesquisadores na caverna de Denísova, nas montanhas de Altai. A descoberta do objeto de valor científico inestimável foi anunciada pelo Instituto de Arqueologia e Etnografia de Novosibirsk.

O artefato gigantesco de marfim já é o objeto zoomórfico mais antigo encontrado na Sibéria, bem como na Ásia Central e do Norte. No entanto, segundo os especialistas, após uma datação mais precisa, poderá se tornar o mais antigo do mundo.

O uso prático dessa imagem, que não possui cabeça, ainda permanece indeterminado, já que poderia se tratar de uma ferramenta ou um objeto de culto.

“Esta figura representa um animal com a barriga encurvada e as patas traseiras dobradas. Ou está galopando, pulando ou prestes a pular. O animal aparece na posição típica de um felino grande no momento em que está pronto para capturar a presa”, explicou Mikhaíl Chunkov, diretor do Departamento de Arqueologia da Idade da Pedra.

Depois de concluir o trabalho escultural, o artista pré-histórico o pintou com ocre vermelho. Foram encontrados vestígios desse pó perto do estômago do animal, sugerindo a representação de uma lesão; portanto, é provável que a figura – de 42 mm de comprimento, 11 mm de altura e 8 mm de largura – tenha sido completamente coberta com esse material. Cabe lembrar que, no ano passado, foram encontradas na região um ‘lápis’ e uma pedra de mármore com restos ocre, algo nunca antes visto na Sibéria.

Ainda que a identidade exata do escultor permaneça desconhecida, devido à singularidade dessa figura, trata-se, sem dúvida, de um hominídeo de Denísova, uma espécie extinta do gênero Homo, cujos restos foram descobertos precisamente no mesmo local. Não se deve descartar, porém, a influência do Homo sapiens, uma vez que já foi demonstrada a presença na Sibéria, durante o mesmo período, de ancestrais mais diretos do homem – o que implicaria uma possível interação com o Homo denisoviensis.

Essa caverna atraiu a atenção dos cientistas soviéticos ainda na década de 1970, após a descoberta dos primeiros restos paleo-arqueológicos. Em 2008, foi achado na região um fragmento de osso do dedo de uma mulher que viveu cerca de 41.000 anos atrás e pertencia a uma espécie desconhecida, além dos Homo neanderthalensis e Homo sapiens. Mais tarde, evidenciou-se que os denisovanos e os neandertais possuíam o mesmo ancestral e que suas espécies se separaram da família comum quase 390.000 anos atrás, antes de desaparecerem aproximadamente 40.000 anos atrás.

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