Empresária de Moscou encontra marido usando software de gestão de clientes

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Algum tempo atrás, a empresária e mãe Ekaterina Kim estava à procura de um relacionamento e não queria perder tempo. Para achar um pretendente, recorreu a um software de gestão de relacionamento com cliente (CRM, na sigla em inglês).

Natural do Quirguistão, país da Ásia Central que fazia parte da ex-União Soviética, Ekaterina Kim mudou-se para Moscou a fim de estudar, e ali conheceu o primeiro marido e conseguiu seu primeiro emprego. Sete anos depois, porém, veio o divórcio, mas ela não se abalou. Passados três meses, começou a buscar um novo parceiro.

“Eu tinha 26 anos, tinha dois filhos e uma grande carreira pela frente, então, decidi não esperar”, conta. Financeiramente independente e confiante, Ekaterina decidiu que precisava de uma abordagem prática para sua vida amorosa. Sua empresa, a iTrack, estava empregando o CRM, e ela substituiu o Tinder por uma abordagem de negócios.

“Construir um relacionamento é semelhante a encontrar parceiros, clientes ou fornecedores para a sua empresa”, diz Ekaterina. “Nesses casos, é preciso identificar um potencial ‘pool’ de candidatos e passá-los através de um ‘funil de vendas’: o primeiro contato, o feedback, a oferta e, finalmente, a primeira transação.”

Para ela, o CRM se tornou um instrumento para facilitar a comunicação, relembrar datas, armazenar uma breve descrição dos pretendentes e “negociar efetivamente com todos os candidatos”. “Se você quiser encontrar um bom partido, precisa conhecer muitas pessoas, e o CRM é muito útil para isso”, acrescenta a empresária.

Definindo critérios

Para começar, Ekaterina tinha uma lista de requisitos para seu futuro marido: ele deveria ser mais velho, com bons modos, trabalhar no setor de tecnologia (como ela) e não beber álcool. Como já tinha dois filhos, a ideia era o que potencial parceiro não fosse pai, mas estivesse disposto a criar os filhos de Ekaterina como se fossem seus.

A empresária não definiu nenhum requisito específico para situação financeira, mas ele precisava se sustentar. Além disso, deveria ser um coreano étnico, como ela.

“Meu primeiro marido veio de outro contexto: tradições e culinária são importantes para mim”, disse Ekaterina.

Cerca de 500 mil pessoas de etnia coreana residem no território da ex-União Soviética, principalmente nos Estados agora independentes da Ásia Central. Quando criança, Ekaterina estudou a língua, viajou para a Coreia e conserva a cultura. 

A caçada

Por causa de seus critérios específicos, Ekaterina começou a buscar candidatos em comunidades on-line, como grupos de coreanos no Facebook e outras redes sociais. “Eu também escolhi alguns candidatos, por exemplo, em sites de namoro.”

Ela encontrou 43 pessoas que se encaixavam em seus requisitos básicos. Em seguida, dividiu o processo de seleção em etapas, como: “primeiro contato”; “boa impressão”, “segundo encontro”, “rolou paixão”, “sexo”, “conhecer crianças” e “casamento”. Além disso, também tinha um sistema de classificação conforme suas necessidades.

Ela colocava outros candidatos em outro grupo dos que não conseguiram passar, mas que, ainda assim, conseguiram criar uma boa impressão.

“Havia muitos candidatos e diferentes canais de comunicação, então, integrei todos os meus sistemas de envio e trocas de mensagens com o CRM”, explica Ekaterina. “Isso facilitava o armazenamento de todo o histórico de mensagens em um só lugar.”

Assim como um funcionário de vendas, ela preenchia as informações adicionais sobre o “cliente em potencial” após cada encontro, incluindo hobbies, trabalho, valores e histórico. O CRM também enviava mensagens automaticamente, como, por exemplo, um cartão no aniversário dizendo: “Feliz Aniversário! Foi ótimo conhecê-lo.” 

‘Negócio’ fechado

Apenas oito candidatos, dos 43 homens inicialmente selecionados, chegaram ao segundo encontro. “Alguns não se encaixavam nos meus critérios, enquanto outros decidiram que não estavam interessados.”

Mas Ekaterina tinha que fechar ‘negócio’; caso contrário, teria que começar desde o início novamente. Para chamar atenção, ela lançou uma campanha publicitária nas redes sociais, promovendo sua página pessoal e seminários, e estipulou como alvo os candidatos em potencial. “Meu objetivo era lembrar as pessoas sobre mim.”

O segundo encontro trouxe a Ekaterina mais decepções: cinco homens foram eliminados, restando apenas três. “Apenas um cara chegou à final. O risco era enorme: sexo e o encontro com as crianças ainda não tinham acontecido”, conta.

No final, esse único candidato passou com sucesso pelos estágios finais e chegou ao próximo nível. “Ele é um ótimo marido e um pai amoroso para os filhos do meu casamento anterior. Também temos uma filha nossa, com três anos”, diz Ekaterina. “Compramos um apartamento e estamos abrindo um negócio juntos.”

Depois de publicar um artigo sobre sua experiência na vc.ru, uma revista on-line russa para empreendedores de tecnologia, Ekaterina recebeu vários pedidos para desenvolver uma solução tecnológica para encontrar um parceiro amoroso. A ideia, porém, está fora dos planos, já que agora quer se concentrar em seu próprio negócio.

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