Banida após revolução, data é celebrada em grande estilo na Rússia atual.
Mikhail MordasovLogo no início de dezembro, as ruas de Moscou ganham árvores e luzes que conferem um ar natalino equiparável ao das grandes capitais europeias. Mas, diferentemente dessas, a cidade celebra o Natal no dia 7 de janeiro, seguindo o calendário juliano, usado no tempo dos antigos tsares.
Há três séculos, porém, retornando de uma viagem à Europa, Pedro, o Grande trouxe consigo uma árvore de Natal. Outras tradições associadas às festas de fim de ano, como a troca de presentes, também foram incorporadas.
Assim, durante dois séculos, o nascimento de Jesus e o Réveillon foram celebrados como no resto da Europa.
Em 1917, porém, os bolcheviques assumiram o poder e mudaram essa tradição. O regime ateísta proibia as pessoas de celebrar abertamente o Natal e até de decorar pinheiros.
Guindastes são usados para montar a celebrada árvore de Natal da Praça do Palácio, em São Petersburgo, onde atores durante todo o ano se vestem de figuras históricas como Pedro, o Grande (esq.) para entreter os turistas.
PhotoXPressTempos obscuros, mas com feriado
Os fiéis restantes, que ocultavam sua devoção à Igreja Ortodoxa Russa, passaram a celebrar a data às escondidas. Membros que participassem de missas de Natal em uma das únicas catedrais remanescentes eram expulsos do Partido Comunista.
Mas, em 1937, o alto escalão do partido percebeu que o país não podia ficar sem um feriado que quebrasse o gelo do inverno e restituiu a celebração do Ano Novo - já que a data estava desassociada de religião.
Algumas tradições ligadas ao Natal, porém, ficaram: a decoração de pinheiros, a troca de presentes e a presença de Ded Moroz, personagem folclórica que faz as vezes de Papai Noel na Rússia. No final da década de 1940, o Réveillon ganhou status de feriado nacional.
Quando o regime soviético começou a decair, mais de 50 anos depois, a celebração do Ano Novo já tinha se tornado tão forte que o feriado é até hoje um dos principais do país.
Choque de calendários
Em 1918, o Conselho de Comissários do Povo decretou que o calendário gregoriano, em uso então no país, substituiria o calendário juliano, o que causou uma diferença de 13 dias nas datas.
Mas a Igreja Ortodoxa Russa continuou a seguir o calendário juliano. Assim, a véspera do Natal ortodoxo é celebrada em 6 de janeiro, e não em 24 de dezembro, como pelos católicos.
Em 1991, o dia 7 de janeiro foi declarado um feriado nacional e, desde 2005, o país entra em recesso de 31 de dezembro a 10 de janeiro.
A véspera de Natal é marcada por missas realizadas em igrejas ortodoxas do país inteiro. A mais celebrada, equiparável à "Missa do Galo", é a da Catedral do Cristo Salvador, em Moscou.
Conduzida por Kirill, Patriarca de Moscou e de Toda a Rússia e chefe da Igreja Ortodoxa russa, a reza conta com a presença dos principais governantes e é transmitida ao vivo pela TV.
Jejum à risca e a grande data
Cada vez mais fiéis ortodoxos seguem à risca o jejum iniciado 40 dias antes do Natal. Durante esse período, eles se privam de ingerir carne e derivados do leite. Peixes são permitidos apenas em determinadas datas.
Apesar da bagunça de calendários e proibições bolcheviques, hoje as celebrações moscovitas se iniciam no dia 24 de dezembro, quando Ded Moroz chega à capital russa com sua ajudante Snegúrotchka, depois de longa viagem vindo de sua residência oficial na cidade de Velíki Ustiug, mais de 700 quilômetros ao norte.
Assim como o Papai Noel, Ded Moroz é parte das festividades de fim de ano há muito tempo, trazendo presentes às crianças de todo o país. Na Rússia, porém, ele não o faz no dia 24 de dezembro, e sim no Réveillon.
Quer saber mais sobre Natal na Rússia? Leia "Facas, pistolas e pianos: como os tsares celebravam o Natal"
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