Como robôs alienígenas e veículos fantásticos foram parar em um aterro sanitário na Sibéria?

Pável Kuzmitchev
O que pode ser feito com um carro, uma geladeira ou até um tanque aposentados? Um engenheiro-artista de Irkutsk decidiu criar um incrível parque-museu feito totalmente de lixo e sucata.

O museu de Aleksandr Rastorguev é um dos lugares mais inusitados de Irkutsk. Fica localizado próximo ao aterro sanitário da cidade, e todas as exposições são feitas com itens de ferro-velho. Por isso, decidimos dar uma olhada mais de perto nessas maravilhas feitas de sucata.

‘Alienígenas’ na Sibéria

Logo na entrada, vemos um portão em forma de um antigo forte siberiano. À sua frente estão dois navios com cavaleiros armados e de armaduras. Um caminhão passa carregado até o topo com sucata. Ele vira então para o aterro de resíduos sólidos, enquanto nós seguimos para o museu.

O primeiro pensamento — que parque enorme! Os visitantes são recebidos por veículos fantásticos sobre lagartas, similares aos personagens da franquia ‘Transformers’. O robô principal, com cerca de sete metros de altura, é feito com base em uma escavadeira sobre esteiras.

Há também um esquadrão de ‘Exterminadores’. Os crânios foram feitos com a ajuda de uma impressora 3D, mas todo o resto foi soldado à mão. 

Seguimos um pouco adiante e nos deparamos com o campo de batalha de monstros alienígenas. ‘Aliens’ estão lutando até a morte contra ‘Predadores’, e o visitante é um mero observador involuntário dessa batalha.

Eles fazem emboscadas uns aos outros, disparam com armas espaciais, cercam-se e lutam também um contra um.

Eles produzem até um efeito sonoro especial de estremecer.

Um hangar com história

O Museu ‘Em um aterro’ apareceu em Irkutsk em 2015 graças ao entusiasta Aleksandr Rastorguev.

Aleksandr Rastorguev.

“Em 2005, vim trabalhar em um aterro, um depósito de resíduos sólidos. Eu era um funcionário comum, depois me tornei gerente”, conta. “Tinha muito material no aterro e eu não queria destruir, mas sim fazer alguma coisa.”

Ele alugou um terreno próximo ao aterro e decidiu abrir ali um museu da história dos tempos. Aleksandr chefiou o aterro de resíduos sólidos por 16 anos, mas agora está engajado somente no desenvolvimento do museu.

Tudo começou com um hangar, que Aleksandr chama de “Salão da História”. Dentro dele há centenas de itens provenientes de aterros sanitários: aspiradores de pó soviéticos, telefones de disco antigos, balalaikas e acordeões surrados, rodas de fiar da bisavó, panelas de ferro fundido para fogões russos, gravadores portáteis, bicicletas, manequins para boxeadores — e, claro, não poderiam faltar bules, brinquedos e álbuns de fotos antigos.

Certeza que muitos de nós já jogamos fora algo assim e nem pensamos que essas coisas poderiam ser doadas a um museu.

Com o tempo, começaram a aparecer as figuras que Aleksandr soldou com sucata.

As primeiras foram os cavaleiros que estão na porta. Aleksandr os chama de “pequenos”, mas, na verdade, eles têm o tamanho real de uma pessoa. Ao longo do tempo, ele criou tantos cavaleiros que dava para formar um exército.

“E eu, pessoalmente, gosto de filmes sobre predadores, alienígenas e transformers, vejo significado especial nisso”, explica.

Tudo o que vemos é feito de materiais descartados.

Aleksandr compra metal reciclado de outro aterro. “Primeiramente, eu decido o que fazer, depois vou até o aterro e levo o que preciso.”

Atualmente também conta com assistentes, que cuidam da iluminação, da rede elétrica e de outras tarefas técnicas, bem como assam panquecas no café do complexo.

Do aterro ao museu

No campo central, Aleksandr também montou reconstruções das batalhas da Grande Guerra Patriótica, com direito a tanques, aviões e artilharia reais.

“Coletei equipamento militar por todo o país, de Kaliningrado ao Extremo Oriente”, diz. “Tudo foi vendido como sucata. Claro, chega tudo quebrado e nós remontamos.” E o resultado não decepciona — tanto que, periodicamente, ele leva os visitantes para passear pelo campo a bordo desses equipamentos.

Os produtores da indústria cinematográfica já conhecem o museu há tempos. Vários filmes foram rodados neste campo, e diversos itens são emprestados como adereços e até mesmo os próprios atores vêm em busca de inspiração.

“Agora estamos fazendo um diorama panorâmico interno da Batalha de Prokhorovka em 1943 em todos os detalhes, transmitindo o horror desta batalha. Com som, tremor da terra. Vamos tentar transmitir a atmosfera.”

A batalha no campo Prokhorovka (parte da Batalha de Kursk) foi a maior batalha de tanques da Segunda Guerra Mundial.

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