Antigo cão de trenó dos povos nativos do norte
Husky é um termo abrangente para diversas raças de cães de trenó que habitam a região do Ártico. Os huskies siberianos foram criados pelo povo tchuktchi, que habita o nordeste da Sibéria – em Tchukotka e nas margens do Mar de Okhotsk. Por sinal, esses tchuktchi “costeiros” eram inclusive chamados de pastores de cães, em contraste com os tchuktchi dedicados ao pastoreio de renas, que viviam nas profundezas do continente.
Acredita-se que o husky siberiano seja uma das mais antigas raças de cães; os cientistas afirmam que eles já rondavam o planeta no primeiro milênio a.C.
Durante séculos, os huskies foram o principal meio de transporte dos povos nativos de Tchukotka que se dedicavam à pesca e à caça. Não apenas o povo tchuktchi, mas também iukaghirs, kereques e esquimós, por exemplo. Acredita-se que a palavra husky seja, de fato, uma pronúncia distorcida da palavra eski, que significa esquimó.
Os russos que exploraram Tchukotka e o Extremo Oriente do continente nos séculos 17 a 18 apreciavam as habilidades desses cães siberianos. Eles usavam huskies como meio de transporte principal (os cavalos não eram adaptados a tamanho frio) e também contratavam mushers locais – experientes condutores de trenós puxados por cães.
Percorrem grandes distâncias e não sentem frio
Pelo grosso, constituição compacta, dorso forte e excelente saúde – estes cães têm tudo para lidar com as difíceis condições climáticas do Extremo Norte. Eles não apenas sobrevivem com sucesso, mas também possuem habilidades físicas únicas – eles podem percorrer grandes distâncias e seguir adiante com apenas uma breve pausa.
Também não sentem frio e podem dormir na neve; para isso, não precisam de muita comida. O povo tchuktchi alimentava os huskies com peixe congelado ou seco.
Quem deseja levar este cachorro para morar dentro de casa deve estar atento a uma característica deste cão. Como é geneticamente acostumado a correr, será preciso levá-lo para longas caminhadas. Além disso, os criadores de cães alertam: os huskies tendem a fugir porque amam a liberdade. Mas eles são obedientes e até fáceis de treinar.
Uma vez que esses cães sempre estiveram perto de pessoas, quase como parte de suas famílias, eles adoram socializar e têm uma personalidade alegre.
Os huskies siberianos quase nunca latem, mas podem uivar, sobretudo quando estão cabisbaixos. Não é à toa que os criadores recomendam que não sejam deixados sozinhos. Dica: se tiver dois deles, eles ficarão muito mais felizes (e também haverá uma menor chance de eles destruírem o seu apartamento ou mastigarem seu sofá).
Raça reconhecida primeiro pelos norte-americanos
Durante a “corrida do ouro” norte-americana, cachorros provenientes da Sibéria foram importados para o Alasca (os povos nativos locais eram parentes dos nativos do Extremo Oriente russo). Mais tarde, esses cães também foram usados ativamente para corridas. Acredita-se que o husky siberiano moderno tenha sido desenvolvido profissionalmente no início do século 20; de cães de trenó, eles se transformaram em cães de corrida, não perdendo seu conjunto de habilidades, mas também aprendendo a atingir altas velocidades.
Em 1930, a raça “husky siberiano” foi registrada nos Estados Unidos por um clube de criação de cães local e, em 1960, apareceu sob o número 270 na classificação da Federação Canina Internacional (com os EUA declarado como país de origem) .
A propósito, um husky pode ter praticamente qualquer cor, mas as mais comuns são preto e branco e cinza e branco. As fêmeas pesam até 23 quilos, enquanto os machos possuem até 28 quilos. Em média, os huskies vivem de 12 a 15 anos.
Salvou milhares de pessoas
A história do husky siberiano conta com um episódio único – quando as características físicas desses cães ajudaram a salvar pessoas de uma epidemia de difteria. No inverno de 1925, a remota cidade de Nome, no Alasca, isolada do mundo exterior, foi acometida por um surto de difteria entre crianças nativas americanas.
A cidade precisava de soro para tratar a doença, mas o frio intenso e a nevasca interromperam a ferrovia e outros meios de transporte. Foi então que um condutor de trenó norueguês, chamado Leonhard Seppala, organizou uma expedição de revezamento para a cidade. Na ocasião, foi preciso percorrer 1.085 quilômetros através de uma nevasca intensa o mais rápido possível para entregar o soro que salvaria vidas.
O trenó de Seppala correu dia e noite e, em determinado ponto, até se deparou em um bloco de gelo. Sem parar, percorreu 418 quilômetros, após os quais os cachorros literalmente tombaram de cansaço. Ao todo, 20 condutores e 150 cães participaram do revezamento que ficou para a história conhecido como a “Grande Corrida da Misericórdia”. Os cães Togo e Balto foram especialmente reconhecidos após o revezamento. Assim, a vacina foi entregue em apenas cinco dias, e a epidemia, interrompida com sucesso.
Os cães mais atléticos
Andar de trenó puxado por huskies tornou-se, com o tempo, uma atividade popular no inverno russo. Algumas pessoas podem ficar com pena dos cachorros que precisam puxar um trenó por longo período de tempo. No entanto, os próprios huskies não se sentem nada incomodados. Esse é o seu propósito e seu modo de vida desde os tempos antigos. Nove ou mais huskies, em média, eram usados para puxar um trenó com os donos e sua carga.
O viajante e explorador norueguês Roald Amundsen alcançou o Polo Norte magnético em um trenó assim e conquistou a chamada Passagem do Noroeste. Em 30 dias, percorreu mais de 1.300 km em um trenó puxado por cães (com 65 km em 10 horas em seu dia recorde).
Além de passeios de trenó por lazer, são realizadas corridas esportivas desde o século 19.
Ultimamente, esportes como skijoring (quando vários cachorros puxam uma pessoa sobre esquis), carting (quando cachorros puxam um carrinho), bikejoring (corrida de bicicleta com cachorros) e também canicross (tipo de corrida cross-country com cães) estão ganhando cada vez mais popularidade na Rússia.
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