Por que um ‘kremlin’ abriga o maior mercado de pulgas de Moscou?

Dária Sokolova
Para voltar 50 anos e comprar móveis e roupas favoritas dos soviéticos, este é o lugar certo.

Além do famoso Kremlin de Moscou na Praça Vermelha, há outro na capital da Rússia. Distante do centro da cidade, está localizado no bairro residencial de Izmailovo.

De longe, parece uma estrutura folclórica, como se tivesse saído dos contos de fadas eslavos. Muralhas altas de pedra branca, telhados coloridos, câmaras de madeira. É difícil de acreditar, mas todo esse esplendor foi construído apenas no início dos anos 2000.

Este não é um kremlin de verdade – é artificial. Toda a estrutura foi, de fato, construída com inspiração em contos de fadas e lendas russas. Mas isso não diminui seus méritos aos olhos de muitos turistas e moradores da cidade.

A principal surpresa aguarda os visitantes no interior: o Kremlin de Izmailovo foi originalmente concebido como um complexo cultural e de entretenimento com museus e oficinas, onde os visitantes podem praticar artesanato russo. Existem vários museus lá (por exemplo, um dedicado ao pão). Há também galerias de artesãos com souvenirs e master classes, além de um amplo espaço onde os artistas vendem suas obras. Mas tudo isso permanece à sombra do principal marco do Kremlin de Izmailovo – o mercado de pulgas e antiguidades.

Ali encontram-se itens vintage à venda por – literalmente – todos os cantos. Cercadas por antigas paisagens urbanas russas, estão as maiores coleções de artefatos soviéticos. Nenhum outro mercado tem tantos bustos de Lênin e ursos olímpicos de 1980, Michka.

Na entrada, bem no chão, bábuchkas e deduchkas vendem bolsas e malas velhas que parecem ter sobrevivido à Revolução de 1917. No meio delas, há relógios, fantoches de plástico e infinitas louças de porcelana – enfim, tudo o que as pessoas costumavam fazer fila para obter,, mas, hoje, está acumulando poeira em seus armários.

Ao subir as escadas, é possível ver como, logo abaixo das torres com afrescos, centenas de pessoas montam mesas e sentam-se em cadeiras de plástico, na tentativa de vender suas quinquilharias. Há um pavilhão inteiro com discos de vinil. Quer uma versão soviética do Abba ou dos Beatles? Ou talvez uma gravação rara do Queen? Os colecionadores também têm músicos de rock soviéticos, orquestras de música clássica e hits do mundo pop.

Dentro das mansões de madeira há mesas compridas, mal cobertas por jornais velhos. Ali são vendidos itens pessoais: bolsas de cosméticos femininas, guardanapos de renda cuidadosamente bordados e miçangas caseiras. Roupas de todos os tipos são penduradas bem entre os “dentes” das muralhas do Kremlin nos varais mais comuns e tudo parece grandioso. Imagine alguém pendurando suas roupas para secar em um castelo medieval.

Mas também há antiguidades para os conhecedores: estatuetas com joias, rodas de fiar autênticas e brinquedos de tecido, com pelo menos meio século. Também estão disponíveis cópias (e talvez não apenas cópias) de moedas de diferentes épocas. A parte antiga do mercado é separada do lado das “pulgas” por uma ponte de madeira, mas o caminho entre as duas é imperceptível em meio a tantas barracas que prendem a atenção.

Além dos moscovitas e turistas perdidos, o local atrai muitos colecionadores, que costumam ter seus pontos favoritos para comprar novos itens. Numismatas cercam as tendas com moedas e pedem aos vendedores que encontrem a raridade desejada. Os amantes de brinquedos soviéticos procuram avidamente raridades. Os preços nestes casos estão sujeitos a barganha. Alguém levará um saco inteiro de joias antigas por US$ 20, enquanto outro pagará o equivalente a US$ 2.000 por uma máquina de costura vintage.

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