Por que o Volga é o principal rio russo? (FOTOS)

Legion Media
O rio Volga conecta nada menos que 15 regiões do país, fornecendo água, eletricidade e rotas comerciais. Não é à toa que acabou sendo apelidado de “o rio dos rios”.

O rio mais longo da Europa

Monumento Mãe Volga em Ribinsk

O Volga começa na região de Tver (cerca de 400 km ao norte de Moscou) e termina em Ástrakhan (sul da Rússia), atravessando 15 regiões do país – é o rio mais longo da Europa e um dos maiores do mundo. Sua extensão chega a 3.530 km e a bacia, juntamente com 200 afluentes, ocupa um terço do território europeu da Rússia. O ponto mais largo do Volga tem 40 quilômetros – é possível observar esse trecho nos entornos de Samara.

O Volga também cruza três ecossistemas terrestres: a zona florestal, a estepe florestal e a estepe. Paralelamente, mais da metade das águas novas no Volga vem da neve; outro terço vem das águas subterrâneas; e apenas 10%, das chuvas.

Nascente do Volga, 1972

É também o maior rio interiorano do mundo que não está conectado ao oceano global. Deságua no Mar Cáspio, que está situado na Eurásia.

“O rio dos rios”

Volga em Saratov

O nome ‘Volga’ é derivado da palavra eslava ‘vologa’, que significa “umidade”. Por sinal, existem palavras semelhantes em outras línguas eslavas. Na Polônia, por exemplo, há o rio Wilga.

No entanto, os povos de línguas turcomanas que historicamente vivem na costa do Volga (chuvache, basquires, tártaros) usam uma palavra completamente diferente para se referir a ele – ‘Itil’ e seus derivados ‘Atal’, ‘Idel’, ‘Izel’, ‘Edil’. Isto é, “o rio dos rios”, ou simplesmente “o rio”. Até o século 10, havia também uma cidade chamada Itil, a capital do Canato Cazar, na região do baixo Volga (é provável que essa cidade ficava ao sul da moderna Ástrakhan).

A principal rota comercial

Volga na região de Ivanovo

Os russos costumam chamar o Volga de “a mãe”, pelo fato de ser o principal rio de toda a porção europeia do país. Desde os tempos antigos, a rota comercial Volga-Báltico conectava não apenas os territórios eslavos, mas também permitia que escandinavos e cazares trocassem mercadorias, ao proporcionar o trânsito entre as diferentes regiões. Isso, naturalmente, tornou as margens do Volga um lugar muito atraente para se viver: cidades com benefícios econômicos para os comerciantes surgiram rapidamente.

Hoje em dia, existem quatro cidades com mais de um milhão de habitantes na região do Volga (Samara, Níjni Novgorod, Kazan e Volgogrado), bem como outras grandes cidades com um passado “mercantil”: Saratov, Kinechma, Tver e Ribinsk, dentre outras. As rotas turísticas também atravessam essas localidades banhadas pelo Volga.

Mudança no fluxo e comprimento

Volga banhando a cidade de Rjev, na Região de Tver, 1910

O Volga é um dos rios mais antigos do planeta. Começou a se formar há cinco milhões de anos e muitas coisas mudaram desde então. Em meados do século 20, os cientistas soviéticos chegaram à conclusão de que o Volga mudou seu fluxo durante períodos de eras glaciais alternadas. Ele já esteve cerca de 80 quilômetros a leste na parte central, enquanto a superior estava de 10 a 15 quilômetros ao norte.

Além disso, recentemente, o Volga sofreu uma mudança significativa em termos de comprimento, quando dez grandes reservatórios e oito grandes usinas hidrelétricas foram construídas sobre ele. Como resultado, o Volga encurtou em cerca de 160 km.

Monumento Barqueiros no Volga em Samara

O primeiro reservatório surgiu no século 19, mas a construção principal ocorreu na segunda metade do século 20. A rigor, é possível ver o Volga em sua forma “natural” apenas na altura de Tver – caso contrário, é um sistema de reservatórios e usinas hidrelétricas.

Uma das consequências da intervenção humana na natureza foi o desaparecimento quase completo de esturjão no sul. Por outro lado, as usinas hidrelétricas e as barragens, que reforçam a segurança durante enchentes, se mostraram benéficas para os moradores locais. 

Qual rio desemboca no outro?

Monte Lobatch

Perto da cidade de Sviajsk, no Tatarstão, há uma confluência do rio Volga com o Kama que se parece com o mar. Os rios se unem no Monte Lobatch, um dos pontos mais altos do Volga (136 metros). Foi nesses arredores que o artista Iliá Repin pintou sua famosa obra ‘Barqueiros no Volga’ (chamavam-se barqueiros aquelas pessoas que puxavam navios com cordas contra a corrente). E este é um dos pontos mais bonitos do Volga.

“Uma extensão tão incrível se abriu diante de nós, um mar transbordante sem fim. Uaaaa – só conseguimos pronunciar alguns sons” é como a blogueira Maria Mitrofanova, que visitou a região em 2020, descreveu suas impressões.

O rio Kama começa no norte do território de Perm ( Urais) e é considerado o maior afluente do Volga, com 1.805 km de extensão. Nas aulas de geografia, os estudantes aprendem que o Kama flui rumo ao Volga e depois o Volga segue em direção ao Mar Cáspio. Mas, na comunidade científica, ainda há inúmeras discussões sobre qual rio seria mais importante: os especialistas recorrem a vários argumentos, desde a idade dos rios até o ângulo de inclinação do canal na confluência. Há também algumas declarações exóticas de que o Volga seria, na verdade, um afluente do pequeno rio Vichera, nos Urais, que deságua no Kama.

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