O Museu Iásnaia Poliana, na região de Tula, a sul de Moscou, é um dos destinos turísticos e patrimônios literários mais populares da Rússia. Aumenta a cada ano o número de pessoas que quer ver onde o grande escritor Lev Tolstói viveu e trabalhou. Por que dar um pulo em Iásnaia Poliana?
A maior parte dos pesquisadores da vida e da obra de Tolstói concorda que os eventos mais significativos da vida do escritor estão associados a Iásnaia Poliana. O escritor passou ali mais de 50 anos de vida.
Os breves períodos em que ele esteve ausente da propriedade foram, em grande parte, apenas por necessidade mesmo. Tolstói descreveu o papel de Iásnaia Poliana em sua vida assim: “Sem minha Iásnaia Poliana, mal posso imaginar a Rússia e minha atitude em relação a ela”.
Iásnaia Poliana sempre foi um local especial para a inspiração criativa para Tolstói. Ele sempre enfatizava que a atmosfera do lugar o ajudava a trabalhar e a se manter focado. Entre muitas outras obras-primas, foi ali que ele escreveu seus lendários romances “Guerra e Paz” e “Anna Karênina”
Muitos visitantes ficam surpresos com quão modesta é a casa de Tolstói. O escritor não gostava de luxo e sua casa ia de acordo com sua visão de mundo.
Mas é preciso notar que “a casa de Tolstói”, o edifício que sobreviveu até os dias de hoje, é apenas uma das alas de uma grande mansão de propriedade da família Volkônski, a família da mãe do escritor.
Aliás, o pai dela, Nikolai Volkônski foi a fonte de inspiração para o Príncipe Bolkonski, de “Guerra e Paz”.
No Museu Iásnaia Poliana, temos a sensação de que Tolstói acabou de sair para uma caminhada. Até seu casaco de lã está pendurado na cadeira. A atmosfera que existia na casa até a morte do escritor foi preservada pela filha de Tolstói, Aleksandra Lvovna. As exposições do museu sobreviveram tanto à Revolução Bolchevique como à ocupação durante a Grande Guerra Patriótica (como é chamada a participação russa na Segunda Guerra Mundial): elas foram evacuadas a tempo para Tomsk.
É difícil imaginar que algum turista fique indiferente ao magnífico parque e aos jardins de Iásnaia Poliana. A vasta propriedade possui inúmeras aleias, jardins floridos e pomares.
Tolstói estava sempre cercado por árvores e flores e era um jardineiro apaixonado. Ele plantou milhares de macieiras em Iásnaia Poliana, e as maçãs eram usadas para preparar pratos para a família Tolstói e para os camponeses locais.
Parte da colheita também era vendida, gerando renda para a fazenda. Aliás, os pomares de maçã ainda rendem uma grande colheita.
Tolstói fazia caminhadas diárias por suas terras e buscava inspiração nessa comunhão com a natureza. A longo aleia de bétulas na entrada da propriedade, conhecida como "a avenida", aparece em muitas das obras de Tolstói.
Lev Tolstói foi um dos defensores mais proeminentes dos direitos dos camponeses em seu tempo. Ele se inspirava na vida e na cultura camponesa e via muitas qualidades espirituais mais positivas em membros da classe camponesa do que em representantes da aristocracia.
Isto acontece, por exemplo, em sua descrição amorosa dos camponeses com quem Levin cortava grama em “Anna Karênina”.
Tolstói achava muito importante abrir escolas para crianças camponesas. Assim, em 1859, abriu uma escola em Iásnaia Poliana, na ala Kuzminski (cujo nome homenageia a irmã da mulher de Tolstói, que ficava frequentemente no local).
Naquela época, esse tipo de escolas era raro, mesmo em grandes cidades, quanto mais em aldeias e propriedades privadas. Apesar das críticas e da falta de experiência, Tolstói conseguiu incorporar todas suas ideias pedagógicas ao currículo escolar. A escola mostrou resultados excelentes e se tornou parte da história da Rússia para sempre.
No testamento, Lev Tolstói pediu para ser enterrado em sua amada Iásnaia Poliana. Ele não queria que nenhum monumento, cruz ou qualquer outro sinal memorial fosse colocado em seu túmulo.
Tolstói escolheu, ele mesmo, o local de seu túmulo e pediu para ser enterrado no lugar onde, quando criança, ele e o irmão buscavam a “varinha verde” mágica que podia fazer todas as pessoas felizes. A vontade do escritor foi cumprida.
Seu túmulo é um pequeno monte coberto de grama verde. Um silêncio especial reina em torno deste lugar: como sinal de respeito pelo escritor, os turistas e visitantes de Iásnaia Poliana sempre permanecem em silêncio ali.
Após a revolução bolchevique, os filhos de Tolstói conseguiram o direito de cuidar de seu legado. Hoje, Iásnaia Poliana ainda é dirigida pelos descendentes escritor.
Eles são seus guardiões e a principal força motriz por trás de todos os projetos realizados na propriedade. Por muitos anos, o Museu Iásnaia Poliana foi chefiado pelo bisneto do escritor, Vladimir Ilítch Tolstói.
Hoje, porém, ele se tornou um conselheiro presidencial para cultura e o museu é administrado por sua mulher.
A cada dois anos, Iásnaia Poliana reúne todos os descendentes de Tolstói – hoje, quase 400 pessoas.
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