7 lugares para visitar em Moscou se você é fã de Tolstói

Viagem
ALEKSANDRA GÚZEVA
Se você é aficionado por ‘Guerra e Paz’ ou ‘Anna Karênina’ e já viu o arroz com feijão do turismo moscovita, não deixe de seguir os passos deste gênio da literatura russa!

1. Casa do tenente-coronel Scherbatchev na Pliuschikha

Tolstói nasceu na região de Tula, na propriedade de sua família em Iásnaia Poliana, e visitou Moscou pela primeira vez em 1837, aos oito anos de idade, quando um de seus irmãos mais velhos estava se preparando para entrar na universidade ali. Há poucas informações sobre o período, mas acredita-se que a família Tolstói tenha se hospedado nesta casa. No conto autobiográfico “Infância”, o herói também deixa sua terra nativa e a vida na aldeia pela primeira vez e viaja a Moscou.

Logo, porém, a notícia da morte do pai de Tolstói chegou de Iásnaia Poliana, e os filhos mais novos, incluindo Lev, retornaram à vila. Mas Moscou já tinha conquistado o pequeno Tolstói, especialmente o Kremlin (um deleite que se refletiu mais tarde em “Guerra e Paz”).

  1. Mansão urbana dos Ivânov

O verão de 1837 foi praticamente o único que Tolstói passou na cidade. A partir daí, ele só visitou Moscou no inverno. Entre 1848 e 1850 a 1851, Tolstói alugou um apartamento dentro da casa da esposa de um certo conselheiro titular chamada Ivânova. Ali, as ideias de suas primeiras obras começam a se cristalizar, e é onde ele escreve “Uma história de ontem” e começa a trabalhar sobre “Infância”.

Hoje em dia, temos a impressão de que Tolstói já nasceu de barba e cheio de moralismos. Por isso, é difícil imaginar que esse período de sua vida tenha sido repleto de jogatina e vagabundagem.

3. Parque Sokólniki

Desde a época de Pedro, o Grande, a comunidade alemã de Moscou organizava festividades para 1º de maio – associado, então, ao início da primavera, e não ao trabalho, como nos tempos soviéticos. A tradição foi adotada, a partir dos expatriados alemães, pelos próprios moscovitas (Tchékhov chegou até a escrever uma história chamada Passeando em Sokolniki).

Tolstói amava esse lugar. Sabe-se que ele e seu irmão mais velho, Nikolai, caíram na bebedeira  no parque Sokólniki na noite de 1º de maio de 1851. No dia seguinte, Tolstói foi atrás do irmão para o Cáucaso, prestando serviço militar.

Aliás, a floresta de Sokólniki é o local do duelo entre Pierre Bezukhov e Dolokhov em “Guerra e Paz”. A mulher de Bezukhov, a bela Elena, o trai com Dolokhov e toda a alta sociedade tem pano para manga. Para surpresa de todos, especialmente dele, Pierre repentinamente desafia o notório fanfarrão a um duelo, apesar de mal saber como segurar uma arma.

  1. Escritório dos comerciantes de Varguin

Tolstói alugou esta casa entre 1857 e 1958, então já veterano da Guerra da Crimeia que tinha participado da heroica defesa de Sevastópol. Naquela época, Tolstói era conhecido como escritor, com obras como a trilogia “Infância”, “Adolescência” e “Juventude”, assim como Contos de Sevastópol.

Assim, a casa na rua Piátnitskaia se tornou um ponto de encontro dos literatos de Moscou, entre os quais eram habitués o dramaturgo Aleksandr Ostróvski e o poeta Afanassi Fet. Hoje, a casa abriga o Centro Tolstói, filial do Museu Estatal de Tolstói (a exposição, ali, é dedicada à mulher do escritor, Sofia Tolstáia).

5. Clube Inglês

Tolstói costumava visitar esta mansão vermelho vivo na principal via de Moscou. Ela era um lugar da moda, frequentado pela alta sociedade com uma mensalidade de cair o queixo. Em “Anna Karênina”, o escritor chama o clube de “templo da ociosidade”, descrevendo-o também em “Guerra e Paz”. Mas, nos anos em que o romance se passa (início do século 19), o clube ficava em outras instalações: a mansão igualmente luxuosa dos príncipes Gagárin na rua Strástni Bulevar.

6. Casa dos Rostóv (mansão urbana de Sollogub)

Esta casa é considerada o modelo usado para a propriedade dos Rostóv em “Guerra e Paz” - há até uma placa ali desde os tempos soviéticos.

Nos dias de Tolstói, ela era habitada pelos Bode-Kolitchev, uma família nobre francesa que emigrou para a Rússia durante a Revolução Francesa. Tolstói tinha relações com eles e frequentava bailes e eventos sociais organizados pela família.

7. Propriedade Khamovniki

Cada visita a Moscou perturbava o equilíbrio emocional da vida camponesa de Tolstói. Quando chegou à cidade na infância, o jovem Lev percebeu pela primeira vez que havia algo além de ficar em casa com a família e que existiam pessoas que eram indiferentes aos seus problemas.

Ali, já com mais de 50 anos, Tolstói experimentou uma profunda crise espiritual, que já amadurecia havia algum tempo, o que o fez repensar todo o seu sistema de crenças. “O que aconteceu comigo foi que a vida de nosso círculo – o dos ricos e instruídos - não apenas se tornou repulsiva para mim, mas também perdeu todo o sentido”, escreveu ele em sua obra curta “Confissão”, em 1879.

Em 1882, a família Tolstói comprou sua primeira e única propriedade em Moscou, a propriedade Khamovniki. A compra foi feita, em grande parte, para economizar dinheiro no aluguel de acomodações durante os meses de inverno. A casa tornou-se um dos pontos culturais da cidade, e os escritores, compositores, músicos e críticos mais eminentes da Rússia iam ali visitar Tolstói.

Hoje, ela abriga o Museu-Propriedade Tolstói.

BÔNUS: Museu Estatal Lev Tolstói

Curiosamente, Tolstói nunca pisou no prédio que hoje abriga a principal exposição literária dedicada a ele, o do Museu Estatal Lev Tolstói. Mas, em 1920, os bolcheviques alocaram essa mansão em estilo imperial para o museu.

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