Virginia Woolf e Lev Tolstói
A escritora modernista inglesa tinha adoração por Tolstói. Em seu ensaio “O ponto de vista russo”, Woolf se refere ao escritor como “o maior de todos os romancistas”, ao explorar em profundidade suas diversas obras.
“Desde suas primeiras palavras, temos certeza de uma coisa – aqui está um homem que vê o que vemos, que desenvolve, também, da forma como estamos acostumados a desenvolver, não de fora para dentro, mas de dentro para fora”, escreve Woolf.
Na sequência, a escritora descreve as sensações e o intelecto de Tolstói como “poderosos, precisos e bem sustentados”. “Nada parece escapar dele. Nada passa por ele sem ser registrado”, continua.
A influência de “Guerra e Paz” e “Anna Karenina” em Woolf é perceptível tanto em “Mrs. Dalloway” como em “Ao Farol”. No caso do primeiro, a britânica faz uso de monólogos interiores para descrever as memórias de Clarissa Dalloway e Peter Walsh em forma de flashback, apresentando traços evidentes do estilo de Tolstói.
Orhan Pamuk e Fiódor Dostoiévski
Basta uma breve leitura das obras do escritor turco Orhan Pamuk, laureado com o Nobel de Literatura em 2006, para perceber a forte influência do autor russo.
Em seu romance “Meu nome é Vermelho”, Pamuk descreve a Istambul do passado de uma forma que ecoa as descrições da São Petersburgo do século 19 por Dostoiévski.
“Dostoiévski é um autor com quem tenho tendência a me identificar. Eu aprendi muito com ele”, disse, certa vez, Pamuk, quando questionado sobre sua admiração pelo escritor russo.
O turco diz que tenta, assim como Dostoiévski, incorporar no trabalho elementos de sua própria cultura – que, ao contrário da ocidental, nunca foi o centro do mundo.
“Em ‘Memórias do Subsolo’, Dostoiévski trava uma guerra contra os ocidentalistas superficiais, escritores didáticos que sempre exaltam as maravilhas do Ocidente”, declarou Pamuk. “Ele estava zangado com o Ocidente e com os fatos de os ocidentalistas subjugarem seu povo.”
Além disso, segundo o turco, as semelhanças não param por aí: a exemplo de Dostoiévski, ele confessa “carregar uma certa raiva e ressentimento”.
William Faulkner e Anton Tchekhov
Ao elogiar o dramaturgo russo, o Nobel oriundo do Mississippi afirmou que era mais difícil escrever um conto do que um romance.
“Você pode ser mais descuidado, você pode escrever mais lixo [em um romance] e ser desculpado por isso”, disse Faulkner. “Em um conto, assim com em um poema, quase todas as palavras têm que ser exatas. Em um romance, pode-se ser descuidado, mas, em um conto, não. Quero dizer, bons contos, como os que Tchekhov escreveu.”
“Uma Rosa para Emily”, de Faulkner, soa quase que como um tributo a “Dama do Cachorrinho”, de Tchekhov.
Apesar de os cenários serem bem distintos – uma história se passa na Rússia durante o final do século 19, e a outra, em Mississippi no período da Reconstrução dos Estados Unidos –, ambas compartilham a temática do amor obsessivo e apresentam mulheres de temperamento forte cujos valores interferem na busca pela felicidade.
Ernest Hemingway e Ivan Turguêniev
Em seu livro de memórias “Paris é uma festa”, Hemingway escreve sobre as dificuldades de ser um escritor em Paris na década de 1920 e revela ler as obras de Turguêniev com todo cuidado.
Premiado com o Pulitzer em 1953 e o Nobel de Literatura em 1954, Hemingway não poupava elogios ao escritor russo. A coleção de contos “Memórias de um caçador”, lançada por Turguêniev em 1852, teve grande impacto sobre sua obra.
Certa vez, o norte-americano referiu-se a Turguêniev como “o maior escritor que já existiu”, acrescentando que “Guerra e Paz” era o melhor livro que já tinha lido, mas imaginava que seria uma obra ainda melhor se tivesse sido escrita por Turguêniev.
Pablo Neruda e Vladímir Maiakôvski
A poesia futurista de Maiakôvski, que se afastava das normas estabelecidas devido ao uso de linguagem crua e à apresentação de pessoas comuns, encontrou um grande número de admiradores, especialmente na América do Sul, incluindo o poeta chileno e Prêmio Nobel Pablo Neruda – também simpatizante da União Soviética .
Segundo o escritor soviético Iliá Ehrenburg, que traduziu as obras de Neruda para o russo, o poeta chileno havia pegado gosto por Maiakôvski desde cedo. “Neruda foi inspirado pela sinceridade, pela rejeição às convenções e pela voz de trovão” de Maiakôvski, escreveu Ehrenburg.
Neruda acreditava que o russo retratava a realidade social da União Soviética de forma complexa e contraditória.
“Maiakôvski traz questões duras em sua poesia, os temas monótonos de reuniões, e estes assuntos florescem em sua palavra poética, tornam-se armas prodigiosas, lírios vermelhos”, descreveu Neruda, cujos poemas realistas seguiram os passos do russo.
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