Por que você JAMAIS deveria viajar pela Transiberiana

Viagem
ALEKSANDRA GÚZEVA
Ferrovia é a mais superestimada da Rússia (e, talvez, do mundo), e, por algum motivo, todos os estrangeiros sonham em percorrê-la. Aqui estão seis razões para quebrar esse encanto como um ovo cozido jogado no chão do trem.

Razão 1: 6 dias e 22 horas a bordo do trem

Se decidir fazer a viagem completa de Moscou a Vladivostok de uma só vez, então prepare-se para o fato de que no espaço de sete dias (provavelmente, um pouco menos), o romance de plataformas idílicas e aquele barulho dos trilhos será desfeito. 

O trem faz paradas, mas a maioria delas por 2 a 3 minutos. As paradas mais longas, onde se pode dar um passeio sem se preocupar com a partida do trem, são poucas e (muito) distantes entre si: cerca de uma hora em Iekaterinburgo, Novosibirsk e Khabarovsk, e 30 minutos em Irkutsk, Ulan-Ude, e Tchita.

Não há tempo para ver nenhuma dessas cidades, apenas para esticar um pouco as pernas. Portanto, prepare-se para muitas horas de sedentarismo. A rede móvel (esqueça Wi-Fi) não está disponível em todos os lugares, portanto, é bom ter consigo livros e palavras cruzadas.

Os passageiros que querem parar ao longo do caminho podem estender a validade do bilhete, mas não por mais de 10 dias. Quem decide ficar em uma cidade, precisa carimbar a passagem na bilheteria da estação dentro de três horas da chegada. Para retomar a viagem, é precisa ter um bilhete reimpresso, com o mesmo número de vagão de antes. Talvez seja necessário pagar um valor extra para reservar o assento.

As bétulas e os abetos cobertos de neve serão uma vista única e impressionante no início do trajeto, mas imagine acompanhar esse zumbi verde e branco pela janela por três, quatro, cinco dias seguidos. Que tal sete?

Razão 2: Banheiro e chuveiro

Atualmente, a maioria dos trens estão equipados com banheiros químicos. Olhe atentamente para os serviços quando comprar sua passagem: certifique-se de que há o ícone “biotoalete” impresso no bilhete.

Muitas vezes, os vagões antigos de segunda classe não possuem banheiro químico, apenas um buraco para a descarga de resíduos trilho abaixo. Esses banheiros não somente são mais sujos e fedidos, mas o condutor costuma fechá-los uma hora antes de chegar às estações principais (cerca de 20 minutos antes das menores) e os abre apenas uma hora após a partida.

Na maioria dos vagões novos, há chuveiros (o ícone de “chuveiro” é indicado somente nos bilhetes de vagões para dormir). Trata-se de um serviço pago e, de acordo com comentários dos passageiros no site de venda de passagens, a água é intermitente. Mas isso deveria impedir os caçadores de aventuras?

Razão 3: O condutor do trem é uma incógnita

Seu condutor será, provavelmente, (a) uma mulher e (b) alguém que governa seu vagão como um feudo particular, incluindo o acesso ao toalete (quando não há banheiros químicos). Na maioria das vezes, no entanto, será uma adorável senhora contente em ajudar estrangeiros que não sabem como agir no trem.

Mas, se não for seu dia de sorte, você pode acabar com uma relíquia da era soviética, cuja ideia de ajuda é franzir a testa e gritar alto. Nem pense em consumir bebidas alcoólicas ou fazer barulho. E se você quebrar alguma coisa, prepare-se para a bronca.

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Ela também é a pessoa que vai lhe trazer chá em um copo de vidro com suporte de metal por alguns copeques. Em geral, vale a pena fazer amizade com ela, especialmente se quiser ouvir algumas histórias interessantes sobre a vida nos trilhos. 

Razão 4: Nunca se sabe quem serão os companheiros de viagem

Todos já tiveram a experiência de sentar ao lado de alguém desagradável em um avião. Agora imagine ter que passar sete dias e noites com aquele pessoa. Ronco, cheiro desagradável ​​e maus modos são parte integrante do passeio de trem.

Dizem que viajar abre a mente (e outras partes do corpo se a comida estiver estragada) e que encontros com estranhos podem ter um efeito terapêutico. Mas seu companheiro de viagem pode facilmente ser um mentiroso ou um ladrão.

Os estrangeiros adoram conversar com os russos comuns e ouvir suas histórias. Mas, se os seus vizinhos forem soldados recém-saídos do Exército a caminho de casa, você provavelmente não vai quer ser o objeto de atenção deles quando estiverem “altos”.

Razão 5: Muvuca na plataforma

A venda de mercadorias nas estações é a principal fonte de renda em muitas pequenas cidades ferroviárias. Não se assuste se algumas pessoas carregadas de montanhas de bichinhos de pelúcia ou lagostins cozidos se aproximarem. Não são perigosos, apenas vendedores locais que não aceitam “niet” como resposta.

Se estiver em busca de algo exótico, vá em frente. Mas tenha muito cuidado com a comida – você não sabe quantos dias ou meses (ou anos?) ela está lá. E nunca compre tortas de carne, a menos que você goste de ser envenenado.

Mesmo as tortas sem carne são um jogo de roleta russa: você pede uma com repolho e outra com maçã, e quando volta para o seu vagão, percebe que tem duas com batata.

Razão 6: Preço

O passeio de sete dias pela ferrovia custa pelo menos o mesmo que um voo de nove horas. Um bilhete só de ida sai entre 5.000 e 13.000 rublos em um vagão sentada (com assento reservado) e de 20.000 a 25.000 rublos em um vagão com camas (também há um compartimento de luxo por 55.000 – aparentemente, para pessoas ricas com medo de voar). Paralelamente, um voo direto de ia de volta custa 23.000 rublos (se comprado com bastante antecedência, obviamente).

De acordo com a taxa de conversão atual, 1 rublo é equivalente a 0,055 reais.