Para 9%, Dia da Rússia em nada se diferencia de sábado ou domingo comum
TASSNesta terça-feira (12), celebra-se mais um Dia da Rússia. Controverso tanto para estrangeiros quanto para a maioria dos russos, o feriado passou a ser intitulado Dia da Rússia apenas em 2002, e é até hoje erroneamente chamado pelos russos de Dia da Independência.
Segundo uma pesquisa de VTsIOM realizada em 2015, 39% dos russos sabem que o feriado se chama “Dia da Rússia”, enquanto 25% utilizaram o nome não oficial do “Dia da Independência”. Paralelamente, 77% dos respondentes não conseguiram dizer a que acontecimento histórico a data do feriado se refere, e 11% deles afirmaram que 12 de junho é um “dia trágico” para eles.
O motivo é que os cidadãos do país relacionam a palavra “soberania” de seu antigo nome, “Dia da Aprovação da Declaração sobre a Soberania Estatal da Rússia”, com “independência”.
A criação do Dia da Rússia teve como pano de fundo vários acontecimentos trágicos iniciados em 12 de junho de 1991, cujo significado para a história só poderá ser avaliado pelas futuras gerações.
Em 19 de agosto daquele ano, o Comitê Estatal de Emergência (GKCP, na sigla em russo) tentou afastar Mikhail Gorbatchov da presidência da União Soviética e interromper a perestroika.
Memória popular
O advogado moscovita Serguêi Kolivanov lembra-se bem de como tentou, em férias no litoral do mar Negro, salvar Gorbatchov daquela situação.
“Eu não conseguia aprender a nadar, então meu pai me disse, apontando para um penhasco: ‘Ali atrás fica a casa de veraneio onde o Gorbatchov é mantido em cativeiro por pessoas más. Você quer libertá-lo? Então tem que chegar até lá a nado’. Foi quando aprendi”, conta.
O GKCP decretou estado de emergência, colocou o Exército nas ruas de Moscou, nomeou militares para os postos de governadores das repúblicas soviéticas, impôs a censura aos veículos de comunicação e eliminou liberdades e direitos constitucionais dos cidadãos.
O governo da República Russa, a maior das que compunham a URSS, por meio do então futuro presidente Boris Iéltsin, qualificou as ações do GCKP como golpe de Estado e pediu aos moscovitas que saíssem às ruas para defender a Casa Branca (sede do governo da República Russa). Como resultado, houve vítimas fatais.
“Meu marido era médico e chegou em casa depois de trabalhar a noite inteira em uma ambulância. Mas quando soube que os tanques tinham entrado em Moscou, foi à Casa Branca dizendo que podiam derramar sangue e que seu dever era atender os feridos”, conta a dona de casa Liudmilla Pogódina, 43 anos.
O dia 12 de junho foi declarado feriado em 1992. Mas os russos não dão importância à data. Uma pesquisa realizada há dois anos, envolvendo 1.60o russos, mostra que apenas 3% deles consideram a data entre os principais feriados nacionais.
“Não tenho muitos sentimentos pelo feriado. Mas sou grato aos anos 90, porque agora posso ser relações públicas, algo que não existia naquela época. Isso é um progresso”, diz o estudante Andrêi Grechak, 22 anos.
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