As ostras são famosas como um produto francês, mas a Rússia tem essas delícias do mar em abundância.
Legion MediaAs ostras do Extremo Oriente da Rússia são tão grandes que não se enquadram na classificação internacional de tamanhos. Para se ter uma ideia, as ostras Khasan chegam a pesar até 400 gramas, enquanto as mundialmente famosas ostras do tipo Fine de Claire pesam apenas de 60 a 80 gramas.
As diferenças não ficam apenas no tamanho – elas têm sabor mais suave que o de suas primas do Atlântico, mas também têm variações que vão do sabor salgado do mar até um adocicado toque de baunilha.
Em 1904, o famoso escritor Anton Tchékhov compartilhou suas memórias de uma visita ao Extremo Oriente russo em uma carta para o também escritor Boris Lazarevski: "Em Vladivostok, ao menos em tempos de paz, a vida não é tediosa, mas tem estilo europeu...As ostras da costa são enormes e deliciosas.”
Só recentemente os russos desenvolveram um apreço pelas ostras. Nos tempos da União Soviética elas não eram consideradas uma iguaria e, falando de Moscou, o fato é que elas nunca chegaram tão longe. Por outro lado, os japoneses sempre ficaram muito felizes de poder comprá-las por preços muito baixos.
Os russos preferem outros moluscos, como caranguejos, pepinos do mar, camarões e vieiras. Hoje, com a escassez de alguns peixes e frutos do mar e com os altos preços de transportar ostras desde outras partes da Europa, o interesse nas ostras russas vem crescendo. Além disso, a logística melhorou – as ostras podem ser servidas cruas ou cozidas não somente nos restaurantes locais como em Moscou ou São Petersburgo.
As ostras do Extremo Oriente são muito variadas. Além da beleza de suas conchas e de seus sabores pouco usuais, elas são ricas em oligoelementos como o zinco. Recomenda-se ostras para quem tem anemia, já que 6 a 10 ostras podem prover a quantidade de ferro necessária por dia. Além disso, elas são ricas em ácidos graxos poli-insaturados, como o ômega-3
Ostras cruas vão bem com suco de limão siciliano, mas também podem ser acompanhadas de molhos mais elaborados, vinho e bebidas mas fortes.
A maioria das ostras do Extremo Oriente vem da costa de Sacalina e das regiões de Primórski e Khabarovsk. São ostras selvagens, que crescem naturalmente e, por isso, não são classificadas no sistema internacional de medidas, que vale para ostras cultivadas. Dependendo da área de origem, elas podem ter muitas variedades e aqui estão as mais recomendadas.
As ostras Khasan são consideradas as mais belas do Extremo Oriente e são bastante difíceis de encontrar. Esses moluscos vivem em águas muito profundas, perto de rochas em locais com correntes de água muito velozes.
Elas são recolhidas por mergulhadores na Baía de Amur e no Golfo de Pedro, O Grande, perto do povoado de Khasan (de onde vem o seu nome) que não fica longe de Vladivostok. Elas têm conchas muito onduladas por causa das fortes correntes marítimas.
As cores das conchas vão do branco ao verde oliva e sua carne tem coloração creme. Elas pesam em média de 100 a 200 gramas, embora algumas cheguem a 400 gramas.
Como comer: essa variedade de ostras tem sabor forte de água do mar e remetem ao pepino, inclusive quando mordidas são crocantes como o legume. Recomenda-se comê-las cruas.
As ostras do Imperador são pescadas na parte norte do Golfo de Pedro, o Grande, motivo pelo qual às vezes são chamadas de ostras do Golfo de Pedro, o Grande. Elas também são conhecidas como ostras de pérola ou ostras russas.
Suas conchas são levemente achatadas e pouco onduladas pois elas vêm de baías rasas com pouca circulação de correntes marinhas.
As conchas são bege, frágeis e mais fáceis de abrir do que o normal. Pesam em média 150 gramas. São mais salgadas que as demais e têm um sabor final que pode remeter a algo doce.
Como comer: um bom acompanhamento para as ostras do Imperador é um molho feito com vinho branco, cebolas echalotas, manjericão e queijo parmesão. Podem ser harmonizadas com licores cítricos.
As ostras Romarinka são colhidas por mergulhadores na Baia de Amur. Elas são um cruzamento das variedades do Imperador e Khasan. Suas conchas superiores são onduladas, mas a inferior é plana. Elas pesam entre 150 e 200 gramas e têm a melhor proporção comestível (15% do peso total). Em termos de sabor, são similares às Khasan. Os mais iniciados identificam nelas notas de castanhas e um gosto residual de mar.
Como comer: cruas, essas ostras carnudas e suculentas combinam com limão siciliano e molho de soja. Vinho branco e champanhe as acompanham bem. Sua carne pode ser também cozida e utilizada em saladas e sopas.
Essas ostras selvagens são coletadas por mergulhadores em uma área protegida próxima de Soloviovka, na Baia de Aniva, que fica na ilha de Sacalina, no Mar do Japão, motivo pelo qual elas levam essa nomenclatura. Por conta de sua forma alongada, elas parecem com um barco e têm coloração esverdeada devido à proximidade de algas. Pesam entre 200 e 300 gramas e os turistas japoneses que visitam Sacalina não perdem a chance de prová-las.
Como comer: essa ostra é bem salgada, então cai bem com vodca e bebidas fortes.
As ostras da Baía de Possiet são consideradas ostras gigantes. Têm um peso médio de 600 gramas, conchas de 25 cm e alguns exemplares chegam a pesar 1,5 kg. São encontradas na parte sudoeste do Mar do Japão em colinas marinhas subaquáticas, com as partes inferiores afundadas no lodo. Elas se parecem com pedras comuns, por isso somente profissionais podem localizá-las e identificá-las embaixo da água.
Como comer: são macias e adocicadas. Caem bem com cerveja do tipo lager ou vinho branco seco.
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