No seu tempo livre, o ilustrador russo Roman Papsuev (@amokrus) faz desenhos inspirados nos contos de fadas russos. Personagens do folclore russo são reinterpretados em uma mistura fantasia e personagens modernos. // Baba Iaga
Os primeiros personagens foram baseados nos sentimentos e fantasias do autor. Ele começou, é claro, com Iliá Muromets – o principal herói épico russo, o mais forte bogatyr ou guerreiro: “Em seu cinto está pendurada uma garrafa de água que cura feridas.”
Dobrinia Nikititch é o segundo bogatyr, depois de Muromets. Ele luta contra serpentes malignas e dragões. Dobrynia é instruído, culto (como demonstra o pergaminho em sua bolsa) e pertence a uma família opulenta, portanto, suas armas e armadura são bastante luxuosas.
Aliocha Popovitch é o terceiro herói mais importante do país. // Quanto mais o autor mergulha no tema, mais minuciosas se tornam as imagens.
“O que eu mais gosto é quando as pessoas olham as minhas ilustrações e, então, começam a ler os contos e a entender por que, por exemplo, Vasilisa, a Bela tem uma boneca em sua bolsa ou por que Vodianoi monta em um bagre gigante. Esse revival do antigo folclore por meio do meu humilde projeto me dá um imenso prazer”, diz o ilustrador // Vasilisa, a Bela.
Aqui está outra Vasilisa, a Sábia, também conhecida como a Princesa Sapa. “Se você olhar atentamente, verá um pingente em forma de ponta de flecha pendurado no seu seio, com a qual ela foi atingida”, explica.
O Rouxinol-Bandoleiro senta-se em um ninho no topo de nove carvalhos, enxerga longe e gorjeia como um pássaro: “O som é a sua principal arma. Seus trinados são como flechas, seus gritos são explosões sonoras.”
Lechi, o guardião da floresta, é mais radical que Lesovik, outro espírito da floresta. “Seu olho direito cego é geralmente maior do que seu esquerdo normal. Sua barba e cabelo são grisalhos. Suas mãos e pés são cobertos por pelos. No cinto podem-se ver os troféus: o crânio de um viajante perdido, um copo feito de chifre, sapatos de juta. Ele os coleciona”, conta Papsuev.
Tsarevna Nesmeiana nunca sorri (Nesmeiana significa “nunca ri”). “Quem olhar atentamente notará o chifre e o frasco em seu cinto. Por quê? Porque ela está sempre de mau humor e propensa a beber. Quando ela ri (e ela ri muito raramente), isso indica que está perdendo o controle,” diz o autor.
Essa é uma interpretação incomum do conto de fadas sobre Alionuchka e seu irmão Ivanuchka. Reza a lenda que se Ivan transformou em um bode, sua irmã se afogou, e uma serpente (que se pode ver no peito da heroína) sugou seu coração. A ilustração dá uma visão mais otimista da história: os irmãos não só sobrevivem, mas também transformam-se em caçadores de bruxas.
O autor, às vezes, enfrenta críticas nas redes sociais: “Não é como nos contos originais. Ivanuchka transforma-se em um menino no final. Não há nada de russo aí.” // Tugarin Zmei
“Os contos estão gravados no subconsciente desde a infância. Os pais leem versões adaptadas, claro, com finais felizes”, rebate Roman. // Bolotnik, uma besta imunda que vive no pântano disfarçada de monte, devorando suas vítimas.
“Pessoas com um pensamento crítico suficientemente desenvolvido deveriam entender que ninguém sabe como eles ‘realmente’ eram. Não entendemos o mundo moderno, ainda assim nos achamos especialistas em tempos antigos e em mitologia. A história é muito confusa para ser capaz de afirmar ‘isto é russo, isto não é russo, etc.’ Isso é simplesmente arrogância.” // Finist, o Falcão
“Esse projeto não tem relação com a história ou com a vida real. São apenas contos, presos em um mundo de jogos. É um projeto divertido. Não o leve tão a sério”, conclui Papsuev. // Koschei, o Imortal, o principal vilão dos contos de fadas russos
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