Como eram os padrões de beleza soviéticos

Esquerda: Nadezhda Svechnikova, assistente de laboratório no laboratório técnico e químico. À direita: Tatiana Krisanova, trabalhadora na quinta estatal.

Esquerda: Nadezhda Svechnikova, assistente de laboratório no laboratório técnico e químico. À direita: Tatiana Krisanova, trabalhadora na quinta estatal.

А. Nagralian/Sputnik; G.Iatchmenev/TASS
Mesmo no país dos ‘construtores do comunismo’, as mulheres prestavam atenção às tendências da moda, faziam o melhor para cuidar de si e frequentemente imitavam as estrelas de cinema e celebridades.

Muitos filmes soviéticos apresentavam mulheres simples como personagens positivas: sem qualquer glamour especial, "do povo", como se dizia. Já as antagonistas costumavam ser mulheres bem vestidas e maquiadas, como se tivessem saído direto da capa de uma revista de moda ocidental.

Uma cena do filme

Este confronto pode ser visto em filmes como "O Braço de Diamante" (1969), "Amor e Pombas" (1985) e "As Raparigas" (1961), entre outros.

'O Braço de Diamante'. Esta é a antagonista, a senhora do mundo do crime.

Nessa época, existia a convicção de que não era preciso se dedicar à beleza exterior, mas sim à beleza interior. Apesar disso, as mulheres soviéticas continuavam a prestar atenção à moda e a cuidar de si próprias.

Mente sã, corpo são

Participantes do Desfile dos Atletas desfilam na Praça Vermelha, em Moscou.

Para os soviéticos, a beleza começava com a saúde. Tanto os corpos magros, quanto os mais cheinhos eram considerados exemplares. Na URSS, as mulheres moderadamente rechonchudas, robustas e flexíveis eram consideradas bonitas. As cidades soviéticas organizavam anualmente desfiles de atletas que mostravam os belos corpos atléticos das mulheres e homens soviéticos.

Região de Moscou, 1964, estância terapêutica.

No começo, a URSS lutou contra a fome, a subnutrição, a tuberculose e, consequentemente, contra a magreza excessiva dos seus cidadãos. Mas, entre as décadas de 1960 e 1970, veio o período de luta contra o excesso de peso e as doenças que o acompanhavam. Entre os métodos populares estavam o sistema de "mesas" nos sanatórios, o jejum terapêutico e os dias de "jejum", em que se consumia apenas kefir.

Para manter um peso saudável na União Soviética, existiam clubes desportivos gratuitos para todas as idades; nos anos 80, surgiram até clubes fitness parecidos com as academias modernas.

Ginástica laboral em uma fábrica de televisão (1969).

Além disso, no trabalho, as pessoas tinham sempre pausas para ginástica laboral; em casa, quase todas as famílias tinham halteres, barras de elevação, esquis e patins de gelo.

Um corte de cabelo curto ou uma trança até à cintura?

No início do século 20, era difícil ver uma mulher de cabelo curto. Todas usavam tranças compridas, que indicavam se a mulher era casada, solteira ou comprometida. Mas, já nos primeiros anos da União Soviética, as mulheres soviéticas progressistas começaram a cortar as tranças e usar cortes e estilos normalmente usados por  meninos. Algumas também usavam um lenço russo sobre o cabelo. Os penteados curtos eram mais cômodos, modernos e exigiam menos manutenção.

As tranças não tinham saído completamente de cena, mas eram deixadas para as colegiais ou para conjuntos folclóricos. Até a maioria das estrelas de cinema da URSS usava cabelo curto.

A URSS não tinha salões de beleza nos moldes modernos, mas havia um grande número de cabeleireiros a preços acessíveis, onde as mulheres também faziam manicure.

Batom vermelho

A maquiagem brilhante era tabu entre colegiais e universitárias; um visual tão "chique" podia até ser denunciado numa reunião do Komsomol (organização juvenil do Partido Comunista da União Soviética). Mas as garotas um pouco mais velhas frequentemente destacavam os lábios com batom vermelho; mas ficava nisso mesmo, e nem sequer um rímel elas usavam.

Uma maquiagem completa era mais apropriada para ir ao teatro ou para ver um filme.

O seu próprio estilista

Naquela época não havia tantas marcas e tendências como hoje, especialmente num país fechado. Mas, claro, as mulheres viam os estilos da moda nos filmes e revistas e queriam algo semelhante. Nem todas as mulheres podiam se dar ao luxo de encomendar roupa num alfaiate; no lugar disso, muitas costuravam, tricotavam e bordavam as próprias roupas. A habilidade de fazer roupas bonitas com as próprias mãos era muito valorizada durante esses anos. Como sempre.

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