Como o poeta Aleksandr Púchkin foi parar em um ícone?

História
ANNA POPOVA
Normalmente, os ícones representam santos ou mártires. Porém, um deles traz a imagem do grande poeta russo. Como isso aconteceu?

Em 1830, o poeta publicou versos “céticos”, como ele mesmo descreveu, em seu almanaque ‘Flores do Norte’:

“Um presente em vão, um presente por acaso,
Vida, por que você me foi dada?
Ou por que você foi condenada à execução por um destino secreto?”

O poema foi lido pelo metropolita Filareto de Moscou e Kolomna, e este escreveu uma resposta. Assim, um diálogo em versos começou entre o clérigo e o poeta. Pouco depois, a resposta de Púchkin apareceu na ‘Gazeta Literária’:

“As horas de diversão ou tédio festivo,
Eu costumava confiar à lira
Com os sons efeminados
Da loucura, preguiça e paixões.”

Terminava com os versos:

“Pelo seu fogo a alma é queimada,
Rejeitou a escuridão das vaidades terrenas
E o poeta ouve a harpa dos serafins
No sagrado horror.”

O interessante é que, na versão original, Filareto foi mencionado, em vez de Serafim. Mais tarde, o poeta substituiu o nome por uma imagem mais neutra.

Ainda assim, a história da correspondência entre os dois acabou sendo refletida nos ícones do santo. Por exemplo, em um deles, Púchkin foi retratado com uma coroa de louros e uma lira nas mãos, e o metropolita, segurando a Bíblia. Já no ícone “Alegria de todos os que sofrem” da Mãe de Deus, vê-se o encontro entre São Filareto e o poeta em uma das cenas.

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