3 clérigos soviéticos que lutaram na Segunda Guerra Mundial

História
BORIS EGOROV
O Estado soviético tratou a Igreja Ortodoxa Russa com severidade, no entanto, muitos clérigos se levantaram para defender a pátria quando chegou a hora difícil.

Centenas de sacerdotes lutaram contra os alemães nas fileiras do Exército Vermelho e como parte de destacamentos de guerrilheiros. Estes são três dos heróis que entraram para a história soviética:

1. Padre Fiódor (Puzanov)

Quando a guerra eclodiu, o padre Fiódor Puzanov serviu como reitor da Igreja da Mãe de Deus, na região de Pskov. Os alemães apareceram nessa área bem no início da guerra.

Puzanov nunca foi uma pessoa tímida. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele recebeu três Cruzes de São Jorge por sua bravura nas batalhas.

Durante as medidas do novo governo soviético contra a Igreja, Fiódor foi condenado a três anos em um campo de trabalhos forçados, mas, quando a guerra começou, o sacerdote não se recusou a ajudar o Exército Vermelho. Fiódor fornecia aos guerrilheiros informações sobre o número e a redistribuição das tropas alemãs e também os ajudava com alimentos.

Durante a evacuação dos alemães da região de Pskov, ele salvou 300 moradores locais da deportação para a Alemanha. O padre os conduziu em segurança para o território controlado pelos guerrilheiros.

Fiódor Puzanov recebeu a medalha “Partidário da Guerra Patriótica de 2º grau”. Após o conflito, serviu como reitor da Igreja da Assunção na vila de Molochkovo, região de Nôvgorod, até a sua morte em 1965.

2. Padre Nikolai (Khiltov)

Desde os primeiros dias da guerra, Nikolai Khiltov, que era o reitor da Igreja de João Batista na aldeia de Bliatchina, na região de Minsk, ajudou de todas as formas possíveis os soldados do Exército Vermelho que por ali passavam. Quando os alemães assumiram o controle da região, ele começou a ajudar os guerrilheiros.

A casa do padre serviu como quartel-general dos guerrilheiros e depósito de armas. Nikolai forneceu roupas e alimentos aos grupos guerrilheiros de sabotagem, serviu como mensageiro e realizou serviços funerários para os soldados mortos.

“O camarada Khiltov transmitiu sistematicamente informações valiosas de inteligência, realizou trabalhos para desintegrar a guarnição policial da cidade de Kletsk e informou sobre emboscadas alemãs e policiais”, lê-se no arquivo dos partidários.

Na igreja da aldeia, o padre Nikolai montou uma enfermaria para os guerrilheiros feridos. Para assustar os nazistas, ele dizia haver pacientes com febre tifóide na igreja.

Em 6 de abril de 1944, Khiltov foi capturado pelos alemães. Dois meses depois, acabou sendo executado de forma extremamente cruel: o sacerdote foi amarrado a uma cama, encharcado de querosene e queimado vivo.

3. Metropolita Alêksi (Konopliov)

No início da década de 1930, o Metropolita Alêksi servia como um simples diácono na Catedral da Transfiguração na cidade de Pavlovsk, na região de Voronej. Devido a isso, foi condenado a três anos na prisão.

No entanto, em outubro de 1941, Konopliov foi mobilizado para o Exército Vermelho. Durante a guerra, ascendeu ao posto de suboficial, foi ferido, mas continuou a servir e demonstrou bravura e coragem no campo de batalha.

Com isso, sua ficha criminal foi apagada e ele recebeu a medalha “Pelo Mérito Militar”. Após a guerra, o metropolita da Academia Teológica de Moscou serviu em vários cargos religiosos nas cidades de Rostov-no-Don, Krasnodar, Tula e Kalinin. Alêksi morreu em 1988.

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