Quais igrejas não foram fechadas durante a época soviética?

Legion Media
O governo da URSS destruiu e fechou um grande número de igrejas e mosteiros em todo o país. Mas também houve templos que milagrosamente sobreviveram e até permaneceram ativos durante a época do combate à religião.

Após tomarem o poder, os bolcheviques começaram a combater ativamente a religião, o que incluiu a destruição física das instituições religiosas.

Nos primeiros anos do poder soviético, foram destruídas milhares de igrejas, e a maioria das sobreviventes passaram a ser usadas para fins não religiosos, desde celeiros até sanatórios.

Apenas cerca de 100 igrejas fecharam por um período muito curto ou jamais foram fechadas. Entre elas estavam templos discretos na periferia das cidades e perto de cemitérios; mas também houve casos mais raros de grandes templos e catedrais que continuaram funcionando mesmo durante essa época. 

1. Igreja da Ressurreição de Cristo em Sokôlniki, Moscou

Durante a época soviética, havia cerca de 30 igrejas abertas na capital do país. A Igreja da Ressurreição em Sokôlniki é uma obra-prima arquitetônica que combina o estilo neorrusso e o modernismo. O templo foi construído em 1913, pouco antes da revolução bolchevique. Na década de 1920, o governo queria demoli-lo, mas, por alguma razão, essa igreja foi escolhida para se tornar um armazém de objetos de valor e ícones de outras igrejas fechadas ou destruídas na cidade. Após a demolição da Catedral de Cristo Salvador, maior templo ortodoxo da época, esta igreja se tornou a sede dos renovacionistas, ou seja, do clero que começou a cooperar com o governo soviético na década de 1920.

2. Igreja de Pimen, o Grande, em Nôvie Vorotniki, Moscou

Esta igreja, construída no final do século 17, também foi entregue aos renovacionistas que traíram o patriarca Tikhon e começaram a colaborar com os comunistas. Na década de 1940, Ióssif Stálin reabilitou a Igreja Ortodoxa Russa, e o novo patriarca Aleixo 1º foi eleito. Mas a Igreja de Pimen permaneceu nas mãos dos renovacionistas e voltou à Igreja Ortodoxa apenas após a morte do metropolita renovacionista Aleksandr Vvedénski.

3. Catedral Ielókhovski, Moscou

A Igreja da Epifania na aldeia de Elokhovo (hoje no centro da capital russa) é conhecida desde o final do século 17. Aqui foi batizado o famoso poeta russo Aleksandr Púchkin. Após a revolução, os objetos de valor da igreja foram confiscados, mas o edifício passou a ser reconhecido como um monumento da arquitetura clássica. A partir de 1938, este templo sediou a liturgia solene de todos os patriarcas de Moscou que tomaram posse entre 1943 e 1990. Na década de 1990, antes da reconstrução da Catedral de Cristo Salvador, a Igreja Ielókhovski era a catedral da diocese de Moscou da Igreja Ortodoxa Russa.

4. Catedral de Transfiguração, São Petersburgo

Esta catedral em estilo classicista foi construída na década de 1820. Após a revolução, os comunistas confiscaram as ricas decorações de metais preciosos da catedral, mas os serviços não foram proibidos. Na década de 1920, a Catedral da Transfiguração foi entregue aos renovacionistas e se tornou o seu principal templo em Leningrado (atual São Petersburgo).

5. Mosteiro Pskovo-Petchérski

Durante a época soviética, havia menos de 20 mosteiros em operação no país. Até mesmo o principal mosteiro ortodoxo, o Lavra da Trinidade de São Sérgio, ficou fechado por mais de 20 anos, embora tenha sido cuidadosamente preservado como monumento arquitetônico.

O Mosteiro Pskovo-Petchérski, porém, teve mais sorte e jamais foi fechado. Entre 1920 e 1945, o monastério estava localizado no território da Estônia, portanto, fora do alcance do governo soviético. Durante a Segunda Guerra Mundial, o mosteiro acabou no território ocupado pelos nazistas.

Foi apenas após a guerra que a cidade de Pechéri e o mosteiro foram transferidos da Estônia para a região de Pskov, na Rússia Soviética, porém o templo continuou a funcionar e segue aberto até hoje.

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