“Na batalha, ele é corajoso e engenhoso. Ele goza de autoridade entre o pessoal do esquadrão”, lê-se no perfil de Grigóri Retchkalov, um dos melhores pilotos na história da aviação soviética.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Retchkalov realizou 452 missões de combate, participou de 122 batalhas aéreas e ele mesmo abateu 56 aeronaves inimigas. Embora voasse em vários caças diferentes, sempre preferia o Airacobra norte-americano, considerado complexo e difícil de pilotar.
Predestinado
Um dos ases mais bem-sucedidos da coalizão anti-Hitler poderia ter sido transferido para as Forças Terrestres no primeiro dia da guerra. Retchkalov era daltônico e conseguiu esconder por muito tempo. Em 22 de junho de 1941, uma comissão médica militar percebeu que o militar tinha daltonismo, e, assim, não poderia ser aceito na aviação, mas, no mesmo dia, os nazistas atacaram a URSS, e Retchkalov milagrosamente permaneceu em serviço.
No início da guerra, Retchkalov lutou nos céus da Moldávia a bordo dos caças I-153 e I-16, e abateu três aeronaves inimigas no primeiro mês de combate.
No entanto, a sua gloriosa trajetória de combate do piloto foi interrompida por um ferimento grave sofrido em 26 de julho. Duas dúzias de fragmentos de um projétil alemão perfuraram sua perna.
“Percebi que meus óculos estavam respingados com algo escuro. Olhei para baixo e não acreditei. Metade do pedal direito quebrado estava no chão em uma poça marrom oleosa. A ponta da bota, meio rasgada, era uma mistura de pedaços de pele e sangue”, escreveu o ás soviético.
Os cirurgiões conseguiram salvar sua perna, mas Retchkalov voltou ao serviço apenas em abril de 1942. Ele continuou a servir no 16º Regimento de Aviação de Caça de Guardas, junto com um outro piloto famoso, Aleksandr Pokríchkin.
A bordo do Airacobra
Retchkalov começou a voar novamente a bordo de Yak-1 e MiG-3, mas dentre pouco tempo, o regimento aéreo recebeu os norte-americanos P-39 Airacobra. O poderoso caça com portas estilo carro e um motor localizado atrás da cabine do piloto não perdoava erros e facilmente caía em parafuso ao realizar acrobacias complexas em baixa altitude.
Nas mãos de Retchkalov, porém, o caça norte-americano se tornou uma arma ideal. Durante a batalha aérea por Kuban, o piloto realizou mais de 100 missões de combate, abateu 17 aeronaves inimigas e destruiu dezenas de veículos e peças de artilharia inimigas.
Retchkalov se tornou o mais bem-sucedido entre todos os pilotos soviéticos que combateram em um P-39 — com mais de 40 vitórias aéreas a bordo dele.
Nenhum outro ás soviético tem tanta variedade de aeronaves abatidas em seu crédito: bombardeiros Heinkel He-111, Junkers Ju-88 e 87, caças Messerschmitt Bf-109 e Focke-Wulf Fw-190, diversos aviões de transporte, navios-tanque, aeronaves de reconhecimento e até um hidroavião italiano Savoy.
Retchkalov se tornou Herói da União Soviética duas vezes, e, até 1945, já tinha subido ao posto de major na posição de piloto inspetor do 6º Corpo de Caças de Guardas. Após a vitória sobre os nazistas, continuou servindo nas Forças Aéreas e ascendeu ao posto de major-general.
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