Dikson, região de Krasnoiarsk.
Vladímir Medvedev/TASSEm 1974, o governo soviético decidiu reiniciar o projeto de infraestrutura mais caro da sua história, a construção da linha ferroviária Baikal-Amur. Milhares de jovens foram enviados para desenvolver novas terras e construir uma das linhas ferroviárias mais longas do mundo sob as condições do Extremo Norte.
Ao longo da rota, foram construídas moradias temporárias de madeira, isoladas de maneira especial para geadas severas. No entanto, os soviéticos enfrentaram um problema complexo: uma unidade retangular de moradias poderia ficar coberta de neve até o telhado em apenas uma noite. Às vezes, as pessoas mal conseguiam sair de suas casas de madeira.
No interior da “cisterna”.
Baikal-Amur Mainline History MuseumPara resolver essa questão no Extremo Norte, os engenheiros soviéticos criaram uma moradia inovadora chamada de Bloco Unificado de Metal, ou TsUB-2M, na sigla em russo. Os futuristas “Tsúbiki” — como os soviéticos carinhosamente os apelidaram — se tornaram uma ótima solução. Eles eram fáceis de transportar, e a estrutura metálica era muito leve, mas durável.
“O que é Tsúbik?”, manchete em revista soviética.
"Yuny Technik" (No. 7, 1976)A forma cilíndrica resolveu o principal problema: os “Tsúbiki” não ficavam cobertos de neve, já que não esta acumulava no telhado. Além disso, as “cisternas” eram melhores na retenção de calor do que as casas de madeira.
Nos locais de construção da linha ferroviária Baikal-Amur surgiram ruas inteiras de “Tsúbiki”, que poderiam ser conectados entre si para receber o aquecimento de um sistema central.
“Casas”, tirado de revista soviética.
"Smena" No. 5 (1147), March 1975Gradualmente, o uso de “Tsúbiki” se espalhou para outras áreas remotas da URSS com clima severo, como, por exemplo, as regiões de Tchukotka e de Krasnoiarsk. Às vezes, as pessoas viviam neles não apenas durante o período de construção de moradias permanentes, mas por vários anos.
Nas décadas de 1970 e 1980, revistas e jornais soviéticos escreveram muitos artigos sobre os “Tsúbiki”, referindo-se de brincadeira às pessoas que viviam neles como “Diógenes do século 20”.
“Diógenes do século 20”, tirado de revista soviética.
"Tecnhika molodezhi" (No. 9, 1980)Os “Tsúbiki”, com 9 metros de comprimento e 3 metros de diâmetro, tinham áreas de dormir, sala de jantar, cozinha com fogão elétrico, banheiro, sistema de aquecimento de água e um vestíbulo, separado do resto da cisterna para que o frio do exterior não penetrasse no espaço vital.
Casas-cisternas em floresta na Rússia.
TASSCom o tempo, quase todos os “Tsúbiki” temporários foram substituídos por edifícios com infraestrutura permanente.
Construtores de gasodutos em suas casas.
V.Kojévnikov/TASSO governo continuou a produção dessas cisternas, que deveriam ser usadas para explorar novas regiões do maior país do mundo. No entanto, na década de 1990, após o desmantelamento da URSS, sua produção foi encerrada. A maioria das cisternas se tornou inutilizável e acabou no cemitério de sucata. Porém, até hoje é possível encontrar “Tsúbiki” perto das casas de campo dos russos, nos quais, às vezes, os convidados das datchas passam a noite.
Tsúbik em exposição.
Baikal-Amur Mainline History MuseumTambém é possível encontrar exemplares de “Tsúbiki” no Museu de História da Ferrovia Baikal-Amur, na cidade de Tinda, e na exposição “Estações e Cidades. Patrimônio Arquitetônico da Ferroviária Baikal-Amur”, no Museu Histórico do Estado.
Dentro de um Tsúbik reformado no Museu Histórico do Estado, Moscou.
Ramil Sitdikov/SputnikLEIA TAMBÉM: Por que os russos vivem em ‘formigueiros’ se o país é tão grande?
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