Como as baleias foram parar nos ícones russos do século 18?

Museu da História da Ortodoxia na Sibéria
O enredo exótico sobre o profeta Jonas, do Antigo Testamento, era algo raro de se encontrar na arte religiosa russa. Mas há alguns exemplos curiosos.

O Antigo Testamento tem uma descrição pitoresca de como o profeta Jonas desobedeceu a Deus e viajou para o lugar errado. Por causa de seu egoísmo, começa uma terrível tempestade. Para salvar os demais marinheiros, ele pede que o joguem ao mar — e é então que uma baleia gigante o engole. O profeta passa três dias inteiros na boca do animal, sem perder a esperança nem a fé. Eventualmente, Jonas sai ileso e acaba exatamente onde Deus o enviou.

Nos tempos do Novo Testamento, a história de Jonas também continuou popular, porque foi percebida como uma profecia de como Cristo ressuscitou no terceiro dia após sua morte.

De tão exótica, a história era extremamente rara na iconografia ortodoxa russa (em oposição à arte ocidental). No entanto, há raros ícones focados exatamente neste enredo da milagrosa “saída” de Jonas da boca do animal.

Escola Stroganoff. Atos do Profeta Jonas. Primeiro trimestre do século 17.

Uma dessas obras, pintada no século 18, encontra-se no Museu de História da Ortodoxia de Tobolsk, na Sibéria.

Autor desconhecido. Jonas na barriga da baleia. Século 18.

Outro ícone da mesma época, mas provavelmente da Rússia Central, é mantido em uma coleção particular.

Autor desconhecido. A saída milagrosa do profeta Jonas da boca da baleia. Século 18.

Em ambos os casos, o autor é desconhecido. Porém, curiosamente, as duas baleias são retratadas de forma bastante semelhante e mais se parecem com bagres ou algum peixe monstruoso de fantasia.

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