Como o autor do famoso romance sobre o soldado Švejk se tornou comissário do Exército Vermelho

Hašek fazendo parte do 5º Exército da Frente Oriental

Hašek fazendo parte do 5º Exército da Frente Oriental

Piotr Malinôvski/Sputnik
O ‘camarada Hašek’ sonhou que o socialismo triunfaria não só na Rússia, mas também em sua terra natal.

Jaroslav Hašek esteve na Rússia pela primeira vez em 1915 como prisioneiro de guerra. O patriota tcheco se recusou a lutar no Exército austro-húngaro e rendeu-se às tropas russas.

Hašek dedicava-se à luta pela liberdade da sua pátria histórica. Ele se juntou ao Regimento Voluntário Jan Hus, conduziu agitação antiaustríaca entre prisioneiros de guerra e escreveu histórias satíricas sobre a corte vienense.
Em julho de 1917, o escritor participou da Batalha de Zborov. A Brigada de Fuzileiros da Tchecoslováquia do Exército Russo derrotou duas divisões de infantaria austríacas e Jaroslav recebeu a Cruz de São Jorge, 4º escalão.

Jaroslav Hašek, 1920.

Hašek apoiou a ascensão dos bolcheviques ao poder, embora a maioria dos seus compatriotas estivesse ao lado dos opositores da revolução. Quase o mataram no verão de 1918 em Samara — o escritor escapou das patrulhas dos tchecos brancos se passando por “filho estúpido de um colono alemão do Turquistão”.

Em dezembro do mesmo ano, o camarada Hašek ingressou no departamento político do 5º Exército da Frente Oriental e, em 1919, como gozava de especial confiança, foi nomeado comissário. Envolveu-se na agitação, na publicação de jornais de propaganda e na formação de unidades militares estrangeiras.

Quando, em meados de 1920, eclodiu uma crise política na Tchecoslováquia e os trabalhadores proclamaram uma República Soviética na cidade de Kladno, o Partido Comunista mandou Hašek para casa.

Quando ele chegou, entretanto, a ordem já havia sido restaurada.

O “comissário bolchevique” foi recebido com frieza em Praga. Porém, Jaroslav, que se tornou um pária, também não regressou à Rússia Soviética — acreditava que lá seria considerado um covarde e que as autoridades tchecoslovacas sequer o deixariam sair do país.

Hašek retirou-se das atividades políticas e concentrou-se em escrever um romance sobre o “O Bom Soldado Švejk”, mas, devido à sua morte súbita por paralisia cardíaca em 1923, jamais terminou a obra.

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