Uma das curiosidades históricas das relações entre Venezuela e Rússia está relacionada a um projeto de imigração de cossacos expatriados que remonta a 1926. O presidente venezuelano naquela época era o general Juan Vicente Gómez, que havia ascendido ao poder em 1908.
O projeto contemplava a chegada de homens e mulheres para habitar as planícies venezuelanas. Segundo Simón Barceló, encarregado de negócios da Venezuela na França, o assunto foi discutido com Mikhail Grabbe, hetman dos cossacos durante a Primeira Guerra Mundial, que estava exilado na Europa.
Barceló escreveu uma carta a Gómez solicitando que a possibilidade fosse avaliada, conforme citado por Juan Carlos Rey González em seu livro “Traços de imigração na Venezuela”:
“De vários projetos que me foram apresentados aqui, vou relatar um que acho que pode lhe interessar: conversando com o conde Mikhail Grabbe (sic), ex-ataman, ou seja, chefe supremo dos cossacos do Don, ele disse me que um grande número de famílias dessa raça, inconciliáveis com a anarquia que reina na Rússia, emigraram para países vizinhos onde vivem miseravelmente porque faltam terras e há muitos trabalhadores”.
“Os cossacos (…) estão acostumados à vida dura das planícies, que na Rússia chamam de estepes, e às tarefas de reprodução. Montados em seus cavalos, sempre foram a vanguarda do exército russo e, mesmo quando aparentemente desorganizados, distinguiram-se pela obediência cega aos seus superiores e pela adesão ao Governo.”
Em sua carta, Barceló lembrou ainda que o duque Boris Vladimirovitch, na época morando na França, recomendou fortemente o general Grabbe porque acreditava que os cossacos seriam colonizadores ideais das planícies venezuelanas, onde também teriam garantia de agricultura e criação de gado.
O projeto jamais foi executado. Também não houve menção posterior, pelo menos não restaram registros oficias. Não se sabe sequer se Gómez fez alguma declaração a respeito ou sequer tenha falado com os interlocutores.
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