Você sabia que o Kremlin de Moscou já foi dividido em apartamentos?

História
ANNA POPOVA
Após a revolução bolchevique, em 1917, a antiga fortaleza no centro da cidade não ficou deserta, mas tornou-se algo semelhante a um complexo de apartamentos comunitários. Em 1918, o líder do proletariado Vladímir Lênin mudou-se do vizinho Hotel National para lá, seguido pelo resto da cúpula do novo poder soviético.

No final de 1920, mais de 2.000 pessoas estavam registadas como moradoras do Kremlin de Moscou. Novos inquilinos foram instalados em todos os edifícios: havia gente morando nos palácios do Entretenimento e dos Terems, no Senado, nas alas da Torre Spásskaia (ou Torre do Salvador), e no Campanário de Ivan 3º da Rússia. Lênin, sua esposa Nadejda Krúpskaia e a irmã mais nova, bem como seus camaradas mais próximos, incluindo Ióssif Stálin, Lev Trótski e Mikhail Kalínin, ficaram alojados no Edifício Cavalier. Ao lado, no Grande Palácio do Kremlin, estabeleceram-se os revolucionários e estadistas Iákov Sverdlov e Anatóli Lunatchárski, bem como o poeta e propagandista bolchevique Demian Bédni.

Os apartamentos eram ocasionalmente redistribuídos entre os inquilinos — e depois eles se mudavam para um novo local. Por exemplo, Stálin e sua esposa Nadejda Alliluieva mudaram-se do Edifício Cavalier para a sala das damas de honra do Grande Palácio do Kremlin e depois para o Palácio do Entretenimento, mais especificamente para os cômodos onde a famosa revolucionária Inessa Armand havia vivido. Mais tarde, Stálin se instalou em uma sala no prédio do Senado — que foi concedida a ele até sua morte.

Em alguns dias, o Kremlin de Moscou parecia transporte público durante o horário de pico — os moradores locais, os peticionários e os funcionários que estavam ali para fazer os seus negócios corriam de um lado para o outro.

No final da década de 1920, o número de moradores do Kremlin começou a diminuir; eles começaram a se mudar para apartamentos independentes pela cidade. Em meados dos anos 1950, o Kremlin deixou de ser um território fechado: terminava, assim, a época de apartamentos residenciais do Kremlin e começava o tempo dos museus do Kremlin. O último residente a deixá-lo foi o marechal Kliment Vorochilov, em 1962.

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