Foi assim que um príncipe sueco morreu na Rússia

Domínio público
De promessa de casamento à prisão eterna.

“Gustavo, entusiasmado com o vinho, ameaçou queimar Moscou se não lhe fosse permitido deixar a Rússia. O tsar, furioso, tirou tesouros e cidades do homem ingrato e ordenou que ele fosse mantido sob vigilância em sua casa, mas logo recuperou a misericórdia e deu a cidade em ruínas de Uglitch no lugar de Kaluga”, escreveu o famoso historiador Nikolai Karamzin.

Príncipe Gustavo da Suécia.

O príncipe Gustavo da Suécia (1568-1607) visitou Moscou em 1599 a convite do tsar Boris Godunov. Gustavo era o filho empobrecido do deposto rei sueco Érico 14º. Apesar de anos de privações, Gustavo era bem estudado: falava cinco línguas e tinha vasto conhecimento de química. Godunov prometeu ao príncipe a cidade de Kaluga (160 quilômetros ao sul de Moscou), dentre outras, e queria que ele se casasse com sua filha Ksênia.

Imagem de Boris Godunov. Século 18, autor desconhecido.

O príncipe surpreendeu a todos com uma saudação em russo ao chegar a Moscou. Pouco depois, entretanto, Gustavo trouxe da Europa uma de suas amantes e começou a aparecer com ela em público. Esta era uma prática comum entre os reis europeus da época, que tinham esposas e amantes.

Em Moscou, porém, provocou ira. O príncipe teve de ser separado da sua amante, o casamento com Ksênia foi anulado e Gustavo acabou exilado sob vigilância em Uglitch (200 quilômetros a norte de Moscou).

“Boris Godunov mostra o retrato do noivo para sua filha”, de Serguêi Gribkov, 1876.

É possível que a história da amante seja uma ficção tardia. Acredita-se também que Godunov poderia ter considerado fazer do príncipe um dos seus generais na guerra contra a Suécia, mas Gustavo teria recusado, o que o tornou um “prisioneiro eterno” — ele sabia demais.

O príncipe morreu em 1607 na cidade de Kachin e foi enterrado “em uma bela floresta de bétulas às margens do rio Kachinka”.

Mosteiro Dmítrovski em Kachin, 1910

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