As 8 leis mais esquisitas propostas por monarcas russos

Kira Lissítskaia
Não beber mais do que 150 ml de vodca, não dançar valsa e não andar com ursos pelas ruas — que outros decretos estranhos emitiram os monarcas russos?

1. Não usar sapatos com sola de prego

O primeiro imperador russo Pedro, o Grande (1672-1725) era obcecado por sistematizar tudo e compilar conjuntos de regras e leis que tratavam não apenas de assuntos importantes de Estado, mas também das menores e mais insignificantes regras da vida de seus súditos. Considerando a construção de São Petersburgo como o seu maior e mais importante empreendimento, Pedro se preocupava até com as calçadas de madeira das ruas da cidade.

Para evitar reparos constantes, em 1715, foi emitido um decreto que proibia andar de sapatos com sola de grampos ou pregos de ferro. Os infratores enfrentavam multas enormes, e os vendedores de tais calçados estavam sujeitos ao exílio para trabalhos forçados e ao confisco de bens. A reação foi rápida: os moradores locais simplesmente pararam de sair para as ruas.

Um ano depois, Pedro publicou um novo decreto obrigando todos os proprietários de casas em São Petersburgo a pavimentar a rua em frente à sua casa.

2. Costurar botões nos punhos dos uniformes

Pedro também ordenou que todos os militares costurassem botões nos punhos dos uniformes. O motivo era simples: ele queria ensinar boas maneiras aos súditos e desencorajá-los de limpar a boca com as mangas depois de comer.

3. Nenhuma gota além de um copo

Em 1647, o tsar Aleixo da Rússia declarou guerra ao alcoolismo e foi o primeiro governador a proibir o consumo de álcool nos mosteiros. Quatro anos depois, ele realizou uma reforma nas tabernas: o tsar ordenou a redução do número de locais que vendiam bebidas alcoólicas. Ao mesmo tempo, os preços do álcool triplicaram: era impossível vendê-lo a crédito e se tornou impraticável comprar mais de uma “tcharka”, ou seja, um copo de 150 ml. Além do mais, o monarca proibiu a venda de bebidas alcoólicas durante o jejum e aos domingos — assim, no calendário russo foram marcados 180 dias de “sobriedade”. Quem produzia vodca clandestina estava sujeito a punições graves: desde multas até espancamento com chicotes e prisão.

4. Chapéus de abas largas e valsa, nem pensar!

Outro autor de múltiplas leis bizarras foi o imperador Paulo 1º (1754-1801). Ele decidiu lutar contra tudo que pudesse lembrar a Revolução Francesa e evocar, assim, o pensamento livre na população. O resultado foi uma lista impressionante: as mulheres não podiam decorar seus vestidos com fitas coloridas nos ombros; os homens só podiam usar tricórnios e chapéus redondos, enquanto os modelos franceses de abas largas foram proibidos. Além disso, Paulo 1º proibiu sapatos com fitas (em vez de fivelas) e a valsa. Muitos ligavam essas proibições a conflitos internos do próprio imperador: sua barba era falha e ele não sabia dançar.

5. Proibido exportar ruibarbo

Bastante popular entre os russos, ruibarbo é uma planta comestível com rizomas e raízes de usos medicinais. Muitos costumam cultivar esta planta até hoje em suas casas de campo. Ela chegou, pela primeira vez, da China para Moscou no século 17, e se tornou muito popular; era usada como remédio para distúrbios estomacais e como corante dourado.

Esta erva era muito valorizada na época: cerca de 16 kg de ruibarbo custava 40 rublos, ou seja, o mesmo que seda da mais alta qualidade.

O governo russo decidiu proibir o comércio de ruibarbo, tornando o Estado o único comprador e vendedor do produto. No final do século 17, foi proibido exportar a erva da região da Sibéria. Durante o reinado das imperatrizes Ana e Isabel, o ruibarbo tornou-se “uma mercadoria para lucro do governo”. Era proibido comprar e vender esse “ouro siberiano”, enquanto o governo mantinha preços bem elevados do produto. Os infratores podiam enfrentar punições graves, incluindo “a tortura mais severa”.

6. Todas de peruca!

Certa vez, a imperatriz Isabel (filha de Pedro, o Grande), que adorava moda, trajes e penteados, usou pó de baixa qualidade, que grudou seus cabelos. A monarca tentou pintá-los para esconder os vestígios da experiência fracassada, mas isso não ajudou. Assim, a imperatriz decidiu cortar o cabelo e usar perucas. Paralelamente, ela ordenou que todas as damas da corte fizessem o mesmo. Segundo o decreto de Isabel, todas as damas eram obrigadas a “perder os cabelos e usar perucas pretas como a imperatriz”.

7. Recrutando gatos para a corte

Em outubro de 1745, a imperatriz Isabel emitiu o decreto “sobre o envio de gatos” à corte, que determinava o seguinte: “Encontrar [na cidade de] Kazan os melhores e maiores gatos das raças locais que são adequados para caçar ratos e enviá-los a São Petersburgo para a corte de Sua Majestade Imperial”. Desde então, gatos caçadores de ratos vivem no Palácio de Inverno, que era a residência oficial dos imperadores russos e hoje abriga o museu Hermitage.

8. Não andar com ursos pelas ruas

Os russos têm uma relação especial com os ursos desde os tempos antigos. No passado, esses animais perigosos aprendiam vários truques e divertiam o público nas feiras. Nas fontes históricas há descrições de ursos que executavam várias dezenas de comandos e encenavam performances inteiras, retratando garotas, soldados armados, camponeses etc.

Em 1865, surgiu na Rússia a Sociedade para a Proteção dos Animais, que convenceu o imperador Alexandre 2º a assinar um decreto proibindo não só a captura como a caça de ursos.

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