3 generais soviéticos capturados que se recusaram a cooperar com os nazistas

História
BORIS EGOROV
Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos líderes militares foram capturados pelos alemães, que os tratavam sem qualquer respeito. Os soviéticos eram espancados, privados de comida e executados caso se recusassem a cooperar com os nazistas. No entanto, quase todos os generais soviéticos não concordaram em passar para o lado do inimigo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 70 altos militares do Exército Vermelho foram mortos, 68 generais foram capturados pelos alemães e 20 deles foram executados ou morreram em cativeiro — apenas 41 retornaram à sua terra natal. Os alemães faziam de tudo para convencer os russos a passar para o seu lado, prometendo ótimas condições de vida ou sob ameaça de tortura. No entanto, apenas alguns concordaram em cooperar com o inimigo, enquanto a maioria permaneceu fiel à pátria.

1. Dmítri Karbichev

O tenente-general das Tropas de Engenharia Dmítri Karbichev foi um dos comandantes mais valiosos do Exército Vermelho. Era um excelente especialista em fortificação, e seus diversos trabalhos científicos foram utilizados na formação de comandantes em instituições de ensino militar.

Karbichev foi capturado pelos alemães logo no início da guerra, em agosto de 1941, no território da Bielorrússia. Os alemães ofereceram ao general um apartamento independente, bem como a oportunidade de realizar trabalhos científicos no interesse do Terceiro Reich, com acesso ilimitado a arquivos e bibliotecas, além de vários assistentes pessoais.

O comandante militar recusou, categoricamente, todas as ofertas. Ele não cedeu nem mesmo quando os nazistas passaram das promessas às ameaças e pioraram as condições de sua detenção.

“Este maior fortificador soviético, um oficial do antigo Exército russo, um homem com mais de 60 anos, revelou-se fanaticamente devoto à ideia de lealdade ao dever militar e ao patriotismo”, lê-se em um relatório alemão de 1943. “A ideia de usar Karbichev como especialista em engenharia militar do nosso exército pode ser considerada inviável".

Já idoso, o general foi enviado a trabalhos forçados, e transferido de um campo para outro. Em 18 de fevereiro de 1945, ele morreu no campo de Mauthausen, depois de ser encharcado com água congelada no frio intenso.

2. Piotr Nôvikov

O comandante da 109ª Divisão de Infantaria, major-general Piotr Nôvikov, foi responsável pela defesa de Sevastopol às vésperas da captura da cidade pelos alemães. Nôvikov foi capturado em 9 de julho de 1942, durante uma tentativa de evacuação mal sucedida.

No cativeiro, o marechal de campo alemão general Erich von Manstein, que foi promovido a esse posto pela captura de Sevastopol, encontrou-se com o líder militar soviético. Ele elogiou o heroísmo dos soldados soviéticos e convidou Nôvikov a passar para o lado nazista. “Sou um soldado e permanecerei fiel ao juramento até o fim, mas agradeço pelos elogios”, respondeu Nôvikov.

Mais tarde, o general recusou outra oferta, desta vez para ingressar no colaboracionista Exército de Libertação da Rússia de Andrêi Vlasov. Depois disso, a atitude em relação ao general deteriorou-se drasticamente.

Nôvikov morreu no campo de concentração de Flossenbürg em agosto de 1944. De acordo com uma versão, ele foi espancado até a morte pelos guardas do campo.

3. Mikhail Potapov

O comandante do 5º Exército major-general Mikhail Potapov foi capturado pelos alemães em setembro de 1941. Ele passou toda a guerra em cativeiro, até que o líder militar foi libertado pelas tropas americanas em abril de 1945.

Potapov se recusou terminantemente a cooperar com os nazistas e declarou que mesmo que chegassem aos montes Urais, eles não veriam a vitória.

Ao retornar à URSS, Potapov foi forçado a passar por muitas verificações da contrainteligência soviética, voltou ao posto de general e continuou a servir nas Forças Armadas. No entanto, o Partido Comunista não quis devolver o general às suas fileiras. O marechal soviético Gueôrgui Jukov, que lutou junto com Potapov contra os japoneses em 1939, veio em socorro.

“Quanto às qualidades de liderança, o camarada Potapov foi o melhor comandante do exército, as unidades e formações que comandava sempre foram as melhores. Na batalha de fronteira, o 5º Exército lutou com tenacidade e coragem excepcionais. O camarada Potapov controlou o exército de forma brilhante. Ele também é uma pessoa de grande coração, amada por todos os seus subordinados por sua boa vontade e compreensão”, lê-se na carta de recomendação do marechal soviético.

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