O escritor Ivan Turguêniev enviou a Flaubert a tradução do romance épico de Tolstói. Mais tarde, em uma carta dirigida a Tolstoi, Turguêniev transmitiu os comentários de Flaubert:
“Isso é excelente! Que artista e que psicólogo! Os dois primeiros volumes são maravilhosos”, escreveu Flaubert. “Parece-me que há trechos dignos de Shakespeare! Gritei de prazer durante a leitura, e é longo! Sim, é muito forte.”
O próprio Tolstói foi influenciado por “Madame Bovary”, de Flaubert, e muitos críticos encontraram ecos da obra francesa em “Anna Karenina”.
Segundo o tradutor russo de Mann, Solomon Apt, em seus últimos anos de vida, o escritor alemão gravitou em torno de Tchékhov, porém Tolstói foi “a divindade de sua juventude”.
“O mundo, talvez, não tenha conhecido nenhum outro artista em quem o épico eterno, o princípio homérico, fosse tão forte como em Tolstói”, escreveu Mann em um artigo ao centenário do escritor russo. “O poder impressionante de sua arte narrativa é incomparável”, exceto a força moral da obra de Tolstói, que Mann compara à musculatura tensa do Atlas de Michelangelo.
O escritor alemão chegou a fantasiar que a Primeira Guerra Mundial não teria começado “se no ano [de 19]14 os agudos e penetrantes olhos cinzentos do velho de Iásnaia Poliana ainda estivessem olhando para o mundo”. Para Mann, Tolstói era um homem da grande época do século 19, “um titã cujos ombros não se curvaram sob o peso de um fardo épico que esmagaria as pessoas da magra e asmática geração atual”.
O pensador indiano correspondia-se com o russo. Gandhi foi o primeiro a escrever a Tolstói que suas obras causaram uma profunda impressão em sua visão de mundo. Também enviou traduções de suas obras para Tolstói:
“Nem é preciso dizer que sua crítica a esta obra será de grande valor para mim.” E assinava as suas cartas assim: “Seu humilde seguidor”.
Os ensinamentos de Gandhi sobre resistência passiva e não violenta foram inspirados, entre outros, por Tolstói. Em sua autobiografia, o indiano admite que a leitura do primeiro livro de Tolstói, “O Reino de Deus está dentro de vós”, o “abalou” tanto que os outros livros pareciam “insignificantes em comparação com a independência de pensamento, a moralidade profunda e a sinceridade de Tolstói”. Gandhi referiu-se repetidamente a Tolstói e à sua “grande autoridade moral” em seus escritos.
Em 1908, o criador do fonógrafo enviou uma carta de Nova York à propriedade de Tolstói em Iásnaia Poliana pedindo seu consentimento para fazer uma gravação de sua voz em inglês e francês. Edison prometeu lhe enviar equipamentos e ajudantes para realizar a tarefa.
“Você é mundialmente famoso e tenho certeza de que suas palavras serão ouvidas com ávida atenção por milhões de pessoas que não serão capazes de desobedecer ao efeito direto das palavras que você pronunciou, e graças a um intermediário como o fonógrafo, serão preservadas para sempre”.
E assim aconteceu: em 1909, representantes da empresa Graphophone gravaram a voz de Tolstói em russo, inglês, francês e alemão. Tolstói, que se animou com o gravador, leu contos de fadas e ditados sábios para crianças.
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