5 fatos curiosos sobre a Batalha de Kulikovo, uma das mais importantes da história da Rússia

A Batalha de Kulikovo, 1978-1979, Aleksêi Chmarinov.

A Batalha de Kulikovo, 1978-1979, Aleksêi Chmarinov.

Museu-reserva Estatal "Campo de Kulikovo"
16 de setembro marca o aniversário da Batalha do Campo de Kulikovo. O Russia Beyond compilou 5 fatos históricos sobre o combate, que definiu o desenvolvimento de todo o país.

A invasão mongol atingiu todo o território da Rússia em 1237 como uma avalanche. Parecia que nada poderia deter o ataque dos nômades, que esmagavam com facilidade os esquadrões principescos russos e tomaram quase todas as suas maiores fortalezas. Durante séculos, os príncipes russos não tiveram forças para enfrentar os agressores. Somente em 8 de setembro de 1380 ocorreu a primeira grande batalha entre os russos e os invasores asiáticos: a Batalha de Kulikovo. Acredita-se que foi esta vitória que marcou a virada na libertação da Rússia do jugo mongol, que já durava séculos. O grão-príncipe russo Dmítri Donskôi, comandante do combate, entrou para a história como um símbolo da glória militar.

1. A batalha foi realmente enorme

Participantes do festival histórico-militar Campo de Kulikovo em 2022 na aldeia de Monastirschino, região de Tula

De acordo com as mais recentes pesquisas históricas, o comandante militar mongol Mamai era capaz de reunir um exército de 70 a 90 mil soldados contra os russos. Mas, na Batalha de Kulikovo, ele não usou todas as suas forças. Segundo historiadores, a Horda Dourada foi representada por cerca de 20 a 30 mil soldados.

Mais difícil é estimar o número de tropas russas, já que todas as fontes russas superestimaram o total de participantes. Segundo os historiadores Andrêi Amélkin e Iúri Selezniov, as forças dos principados russos, liderados pelo grão-príncipe Dmítri Donskôi, contavam com cerca de 30 mil soldados. Assim, a Batalha de Kulikovo foi uma das maiores da Idade Média, comparável em número de integrantes com a Batalha de Poitiers, de 732, entre francos e árabes, e com a Batalha de Agincourt, de 1415, entre a Inglaterra e a França.

2. O exército russo foi majoritariamente composto por pessoas sem experiência militar

Manhã no campo de Kulikovo, de Aleksandr Bubnov, da coleção da Galeria Tretiakov

Dmítri Ivánovitch Donskôi, grão-príncipe de Moscou e Vladimir, anunciou a formação de regimentos em suas terras para combater a Horda. Os boiardos (membros do mais alto escalão da nobreza feudal, atrás apenas dos príncipes) e príncipes responsáveis pelos regimentos das maiores cidades russas reuniram guerreiros entre a população urbana e rural que formariam a infantaria russa. 

Assim, a maioria dos russos que participou da Batalha não tinha experiência militar nenhuma, mas teve que combater junto aos militares profissionais. Esse fato é confirmado pela antiga crônica russa: “Muitos moscovitas, que nunca haviam estado em batalha antes, vendo a multidão do exército tártaro, ficaram assustados e, desesperadamente, disseram adeus à vida”.

3. A infantaria europeia lutou ao lado de Mamai

Segundo diversas fontes, o exército de Mamai contava com "friágui”, ou seja, italianos. Depois que o Império Bizantino foi derrotado pelos Cruzados em 1204, muitas colônias comerciais italianas migraram para as costas do Mar Negro. Os italianos eram famosos na Europa pela sua arte militar, e Mamai, supostamente, contratou italianos armados com lanças. “E então eles se levantaram, colocando lanças... cada um nos ombros daquele que estava à sua frente. As lanças nas primeiras filas eram mais curtas, as lanças nas fileiras de trás, mais longas”, descreve a crônica russa da Batalha. No entanto, os historiadores não podem confirmar a participação dos italianos que, ao que tudo indica, seriam responsáveis pela defesa do quartel-general de Mamai.

4. Grão-príncipe Dmítri Donskôi escapou por pouco da morte

Dmítri Donskôi na Batalha de Kulikovo, de Vassíli Sazonov, 1824

O comandante das tropas russas entrou na batalha junto com os primeiros regimentos de ataque. Quase imediatamente ele foi ferido, caindo de seu cavalo. Os guerreiros que o defendiam foram rapidamente mortos, o grão-príncipe recebeu muitos golpes no estômago e no peito, mas foi salvo pela armadura de placas e cota de malha. Sem conseguir montar novamente seu cavalo, ele teve de fugir do combate corpo a corpo a pé.

Após o fim da batalha, o príncipe Vladímir Serpukhovskôi, primo de Dmítri Donskôi, ficou muito tempo sem conseguir encontrá-lo. Dois guerreiros da cidade de Kostromá o acharam, ferido e deitado sob uma bétula quebrada.

5. Russos venceram graças a técnicas e manobras adotadas da Horda

A Batalha de Kulikovo na Crônica Ilustrada Russa do século 16.

Na época da Batalha de Kulikovo, os russos estavam sob o domínio da Horda Dourada há 140 anos. Muitos príncipes russos, subordinados a comandantes militares mongóis, haviam participado de diversas campanhas militares da Horda. Durante a Batalha de Kulikovo, os russos usaram a ordem de formação em cinco partes: um regimento grande, regimentos das mãos direita e esquerda, regimentos avançados e de guarda.

No entanto, o resultado da batalha foi decidido pelo regimento “secreto” do príncipe Vladímir Serpukhovskôi, escondido na floresta. O regimento de emboscada entrou em ação no final da batalha e, em um momento decisivo, assustou os mongóis e permitiu a vitória russa.

Depois da Batalha de Kulikovo, um esboço de Valentin Serov, 1895.

Quando, no século 13, os tártaros mongóis chegaram à Rússia pela primeira vez, eles derrotaram os russos graças a seus métodos táticos. Quase 150 anos após a invasão, tendo enfrentado muitas batalhas e confrontos com a Horda, os russos finalmente aprenderam com seus próprios erros e usaram com sucesso as mesmas técnicas contra seus invasores.

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