O Nobel, mais famoso prêmio do mundo, que reconhece pessoas e instituições que realizaram pesquisas, descobertas ou contribuições notáveis para a humanidade, foi criado em 1901. Desde então, os prêmios das instituições suecas e norueguesas foram concedidos 615 vezes a 989 pessoas e organizações, principalmente dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Suécia e Rússia.
No entanto, hoje, poucas pessoas se lembram que o surgimento do Prêmio foi possível graças ao lucrativo negócio de petróleo da família Nobel no Império Russo.
Falência
A família Nobel se mudou da Suécia para a Rússia em 1838. O inventor Immanuel Nobel - o chefe da família e pai do fundador do Prêmio Nobel - se mudou com a esposa e os três filhos para São Petersburgo, na esperança de comercializar suas invenções.
A decisão de se mudar para a Rússia acabou gerando lucros abundantes para a família. O inovador sueco conseguiu despertar o interesse pessoal do imperador russo Nicolau 1º, quando apresentou uma versão aprimorada de uma forte mina subaquática.
Na época da Guerra da Crimeia, que durou de 1853 até 1856, a invenção e produção em massa de armas e equipamentos militares eram fundamentais para o governo russo.
Aproveitando seu sucesso inicial, Immanuel Nobel fundou uma fábrica de equipamentos militares que provou ser um negócio muito lucrativo.
Mas os ventos mudaram quando o novo imperador Alexandre 2º introduziu cortes severos no orçamento militar do país logo após o término da Guerra da Crimeia.
A empresa da família sueca faliu e foi vendida pelos credores.
Uma compra impulsiva
Ao voltar para sua terra natal, Immanuel passou os restos da fortuna da família ao seu filho mais velho, Ludvig, que permaneceu na Rússia com seus irmãos.
Ludvig Nobel decidiu investir em uma nova fábrica, especializada na produção de carruagens para armas. O negócio começou a crescer, e a Fábrica de Construção de Máquinas “Ludvig Nobel” se tornou um dos maiores fabricantes de peças de artilharia e fuzis da Rússia.
Em 1873, Ludvig confiou 25 mil rublos a seu irmão Robert e o instruiu a ir ao Cáucaso (no sul da Rússia) para adquirir madeira de nogueira para a produção de coronhas de armas.
No entanto, quando Robert chegou a Baku (atual capital do Azerbaijão), não resistiu à tentação de fazer uma compra que mudaria a vida da família Nobel: Robert gastou os 25 mil rublos na compra de uma pequena refinaria de petróleo. Não por acaso, a cidade logo se tornaria a capital mundial da produção do combustível.
Os irmãos Nobel criaram a empresa Branobel, abriram diversos laboratórios de pesquisa em Baku e empregaram dezenas de cientistas. Eles queriam investir na ciência e na tecnologia para melhorar os indicadores financeiros do seu negócio.
A empresa se tornou famosa pelo tratamento gentil aos trabalhadores, algo não muito típico na época. Os irmãos Nobel introduziram o sistema de redistribuição dos lucros entre todos os funcionários, investiram na melhoria das condições de vida dos trabalhadores e fizeram doações para escolas e hospitais locais.
No início do século 20, a Branobel cresceu exponencialmente e se tornou a maior empresa de petróleo do Império Russo. Ela controlava mais de 500 jazidas de petróleo e contava com cerca de 12 mil funcionários. A Revolução Russa de 1917, porém, derrubou o impressionante crescimento da empresa muito rapidamente.
O Exército Vermelho tomou o poder em Baku no final de abril de 1920. Os bolcheviques nacionalizaram os ativos da empresa, deixando os fundadores sem qualquer controle sobre o negócio.
Os irmãos suecos, porém, aproveitaram a incerteza do período e conseguiram vender suas ações para a American Standard Oil Company, Inc., uma empresa de petróleo americana, mesmo com a Branobel já tendo sido nacionalizada pelos bolcheviques.
Hoje, muitos historiadores e economistas consideram os irmãos Nobel os fundadores do setor petrolífero russo, que continua a ser responsável por cerca de 45% de todas as receitas do país.
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