O movimento escoteiro apareceu na Rússia antes dos pioneiros, ainda durante o Império Russo, no final da década de 1910. Porém, a Revolução impediu o seu desenvolvimento.
Na década de 1920, o governo soviético começou a desenvolver um trabalho político com adolescentes. A primeira a falar sobre a criação de uma organização juvenil foi a esposa do líder da Revolução, Nadejda Krúpskaia.
O movimento pioneiro, criado em 1922, tomou muito dos escoteiros: a corneta, o tambor, a saudação “salut", o lema “Sempre alerta!”, a organização dos destacamentos e as tradições de se reunir perto de fogueiras, por exemplo.
Assim, o lenço verde dos escoteiros também foi tomado de empréstimo, apenas mudando de cor: era vermelho, simbolizando o fogo da Revolução mundial. A forma do lenço era um triângulo isósceles, com base de 100 cm e altura de 30 cm.
Tanto o lenço de escoteiro, quanto o lenço de pioneiro são triangulares. O dos escoteiros simbolizava três caminhos: para si, para as pessoas, para Deus. Já o lenço de pioneiro simbolizava as três gerações do povo socialista: pioneiros (crianças), membros do Komsomol (jovens) e comunistas (adultos).
As crianças soviéticas aprendiam os rituais pioneiros desde cedo. Para se unir a esse grupo, era preciso memorizar o juramento dos pioneiros e ter notas satisfatórias na escola.
Os pioneiros eram aceitos em uma cerimônia solene que ocorria no salão de festas da escola ou nos “cantos de Lênin” (anteriormente, os ícones religiosos das casas russas ficavam nos cantos, no ângulo entre duas paredes, mas, com a Revolução, esses objetos foram substituídos por imagens dos líderes comunistas). No final da cerimônia, os novos membros do grupo de pioneiros eram presenteados solenemente com lenços.
Os lenços no pescoço podiam ser comparados às cruzes peitorais — que tinham sido proibidas pelo governo soviético. O lenço de pioneiro era considerado sagrado, tinha que ser cuidado, lavado, passado e costurado, caso necessário.
Os lenços dos pioneiros na URSS não eram padronizados, em termos de material, e eram produzidos por várias fábricas. O lenço mais popular era feito de seda acetato por corte a quente. Ele não era costurado, por isso logo começava a desfiar.
Se um lenço ficasse inutilizável ou fosse perdido, ele teria que ser trocado às custas de seu dono — e geralmente isso tinha que ser feito em segredo porque os pioneiros e seus conselheiros, ao saberem da perda de um lenço, poderiam acusar o desleixado proprietário de desrespeito aos símbolos dos pioneiros, o que podia levar a sérios problemas.
Era permitido "estragar" o lenço de pioneiro só no em que acabava um acampamento dos pioneiros. Os novos amigos feitos ali, que vinham de diferentes grupos de pioneiros e se conheciam no acampamento, escreviam nos lenços uns dos outros, com desejos e saudações, além de assinarem e desenharem sóis e corações.
Esses lenços assinados, obviamente, eram guardados como recordação por muitos anos.
LEIA TAMBÉM: O que os pioneiros da época soviética eram PROIBIDOS de fazer?
O Russia Beyond está também no Telegram! Para conferir todas as novidades, siga-nos em https://t.me/russiabeyond_
Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: