3 comandantes militares russos que foram santificados

Pável Kôrin; Hermitage; Serguêi Kiríllov (CC BY-SA 3.0)
Igreja Ortodoxa Russa canonizou esses homens não apenas por sua valiosa contribuição para a defesa da Rússia e da fé ortodoxa, mas também por levarem uma vida justa.

1. Santo nobre príncipe Aleksandr Névski (1220 - 1263)

Aleksandr Névski

O príncipe de Nôvgorod Aleskandr Névski (também grafado como Alexander Nevsky em português) era mais conhecido por seus êxitos no campo de batalha contra invasores estrangeiros, que atacavam a Rússia vindos do leste e do oeste. Reza a lenda que ele nunca perdeu uma única batalha. Na década de 1240, quando a Rus (Estado que precedeu a Rússia) foi submetida a uma invasão devastadora dos mongóis, ele defendeu suas fronteiras a noroeste com êxito.

Os principais opositores do príncipe eram os cavaleiros cruzados da Ordem Teutônica e vários principados feudais espirituais e bispados que se estabeleceram nos Estados Bálticos. Em 1242, na área do Lago Peipsi (na fronteira da Rússia com a Estônia), ele obteve sobre a Ordem da Livônia uma brilhante vitória, que ficou conhecida como "Batalha no Gelo”.

Além disso, os suecos também representavam perigo, conquistando ativamente as terras dos finlandeses da época e cruzando as fronteiras russas de quando em quando. Após a vitória sobre os suecos na batalha do rio Nievá, em 1240, Aleksandr recebeu o apelido Névski (que significa “do Nievá”).

Outro problema com o qual Névski teve de lidar foram os mongóis, que cobravam tributos da Rússia e invadiam as terras russas. Há indícios de que Aleksandr mantinha correspondência com o Papa, que lhe ofereceu ajuda na luta contra os exércitos mongóis em troca de um assentimento da Rússia em se subordinar à Santa Sé.

Aleksandr recusou a ajuda papal e continuou a lutar sozinho contra os exércitos mongóis. Assim, ele também é lembrado como um defensor da Igreja Ortodoxa Russa contra o Vaticano.

Névski foi canonizado em 1547. Seus restos mortais foram transportados várias vezes como relíquia sagrada. Depois que São Petersburgo foi fundada, Pedro, o Grande, ordenou que os restos de Névski fossem levados à catedral Aleksandr Névski Lavra, reconstruída especialmente para abrigá-los.

2. Santo Príncipe Dmítri Donskôi (1350 - 1389)

Dmítri Donskôi

Bisneto de Aleksandr Névski, o príncipe de Moscou Dmítri Ivánovitch, apelidado de Donskôi pela brilhante vitória sobre os mongóis em 1380 (também grafado como Dmitry Donskoy em português), é considerado um dos maiores defensores das terras russas.

A batalha ocorreu em 8 de setembro de 1380 no campo Kulikovo, perto do rio Don e da cidade de Tula. Foi uma grande batalha, em que a Rússia foi abençoada por um dos principais santos russos, Sérgio de Radonej.

O exército russo reunido sob o comando do príncipe colidiu com o exército do comandante mongol Mamai. Ali, depois de trocar suas roupas principescas com um boiardo, Dmítri Ivánovitch lutou como um simples guerreiro.

“O próprio Grão-Príncipe tinha toda a blindagem amassada e perfurada - mas não havia ferimentos no corpo. Ele lutou cara a cara com os tártaros. Muitos príncipes e governadores gritavam: ‘Senhor príncipe, não se esforce para lutar na frente, fique para trás, seja na ala ou em outro lugar'. Mas ele respondeu: ‘Como posso dizer: Meus irmãos, vamos todos juntos até o fim, se eu mesmo me esconder lá atrás?‘”, lê-se nas crônicas russas.

Acredita-se que foi a vitória nessa batalha que marcou uma virada na libertação da Rússia do jugo mongol, que durava séculos. Donskôi entrou para a história como o epítome da glória militar. Tanto é que, durante a Segunda Guerra Mundial, uma coluna de tanques foi batizada em sua homenagem. Curiosamente, a coluna foi criada com dinheiro doado pela Igreja - em um país laico e antirreligioso.

Donskôi foi canonizado apenas em 1988 e é reverenciado pela Igreja por sua modéstia e vida justa. No século 19, o principal historiador da Rússia imperial, Nikolai Karamzin, escreveu: "Demetrius, cheio de elogios de um povo agradecido, baixou os olhos e dirigiu seu coração exclusivamente a Deus, o Criador."

Reza a lenda que o príncipe de Moscou ia à igreja e fazia jejum todos os dias. Donskôi construiu o Kremlin da Pedra Branca em Moscou e vários mosteiros.

3. Santo guerreiro justo Fiódor Uchakov (1745-1817)

Fiódor Uchakov

O único comandante naval canonizado pela Igreja Ortodoxa Russa é o almirante Fiódor Fiódorovitch Uchakov. Este brilhante comandante saiu vitorioso de todas as pequenas e grandes batalhas navais em que teve a oportunidade de participar.

Sua principal vitória ocorreu durante a guerra russo-turca de 1787-1791, quando sua frota impôs uma série de derrotas pesada aos turcos, apesar da superioridade das forças inimigas.

Paradoxalmente, em 1798, Uchakov se tornou comandante da frota turca. Durante a Segunda Coalizão Anti-Francesa, a Rússia e o Império Otomano atuaram como aliados, e Uchakov se tornou o comandante do esquadrão unido, que mostrou resultados brilhantes no Mediterrâneo.

O almirante aposentado dedicou os últimos anos de sua vida à igreja, às orações e à caridade. Frequentava regularmente o mosteiro e todas as missas e, durante a Quaresma, vivia em um mosteiro. Em 2004, Uchakov foi canonizado como um santo guerreiro justo.

“A força de seu espírito cristão se manifestou não apenas em gloriosas vitórias nas batalhas pela Pátria, mas também em grande misericórdia, que surpreendeu até o inimigo derrotado", lê-se no ato de sua canonização.

LEIA TAMBÉM: 5 curiosidades sobre Sérgio de Radonej, o principal santo russo

O Russia Beyond está agora também no Telegram! Para conferir todas as novidades, siga-nos gratuitamente em https://t.me/russiabeyond_br

Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.

Leia mais

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies