Churchill, Truman e Stálin, os vencedores da Segunda Guerra.
Getty ImagesA Guerra Fria foi definida como uma rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética e seus respectivos aliados.
A disputa entre os dois países se iniciou alguns anos após a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e logo se transformou em uma inimizade aberta que se espalhou para a esfera ideológica, econômica, científica, militar e outras.
A Guerra Fria durou quase 50 anos e terminou com a dissolução da União Soviética em 1991.
Embora os debates sobre isso continuem até hoje, a maioria dos historiadores concorda que tanto os EUA quanto a URSS contribuíram para a escalada das tensões.
Após a vitória sobre os nazistas, a URSS queria eliminar qualquer mínima possibilidade de ataque contra o país. O Kremlin buscou fortalecer sua posição na Europa e instalou governos socialistas em diversos países do Leste Europeu que o Exército Vermelho havia libertado da ocupação nazista. Por razões ideológicas, a União Soviética também proclamou o desejo e a intenção de espalhar o comunismo por todo o mundo.
Por outro lado, os Estados Unidos aproveitaram esta oportunidade para espalhar sua influência sobre a Europa enfraquecida e, assim, emergir como uma força dominante na política mundial após um prolongado período de isolamento político.
A oposição à aspiração soviética de instalar governos comunistas na Europa era natural para os EUA, que queriam se tornar uma superpotência global.
A Guerra Fria se intensificou quando Washington anunciou a implementação de um plano massivo de restauração da Europa, conhecido como Plano Marshall, além de introduzir a chamada Doutrina Truman, uma política que prometia apoiar as democracias contra “ameaças autoritárias”: isso significava que os Estados Unidos conteriam a expansão soviética em qualquer lugar do mundo.
Nikita Khruschov.
Getty ImagesObviamente, não sabemos o que aconteceria se os EUA ou a URSS tivessem agido de maneira diferente, mas o conflito parecia inevitável. Houve tantos fatores que contribuíram para desencadear a Guerra Fria que é seguro afirmar que Moscou e Washington simplesmente não tinham qualquer chance de evitar a Guerra Fria.
Em primeiro lugar, a Alemanha perdeu toda sua influência na Europa e deixou uma lacuna de poder que foi rapidamente preenchida pela União Soviética e pelos EUA, tornando os dois países rivais naturais.
Ideologias conflitantes também não ajudaram a tornar as relações amigáveis. Os dois países fabricavam armas nucleares no início da Guerra Fria e, assim, se tornaram as principais potências do mundo. Todos esses fatores juntos tornaram a Guerra Fria praticamente inevitável.
Avião norte-americano sobrevoa navio de carga soviético durante crise dos mísseis em Cuba em 1962.
Getty ImagesO confronto global entre os Estados Unidos e a União Soviética se tornou conhecido como “Frio” porque nunca se transformou em uma guerra aberta entre as duas superpotências.
O termo “Guerra Fria” foi inventado em 1945 pelo escritor George Orwell, que previu um período da história caracterizado pela rivalidade entre Estados que seriam, “ao mesmo tempo, invencíveis e em permanente estado de ‘guerra fria’ com seus vizinhos”.
A previsão de Orwell se tornou uma realidade quase inacreditável: os EUA e a URSS eram invencíveis porque tinham enormes estoques de armas nucleares e estavam presos a um conflito permanente.
Muito perto. De fato, a Guerra Fria se desenrolou em múltiplas guerras indiretas nas quais os EUA e a URSS lutaram entre si indiretamente, apoiando lados opostos em sangrentos conflitos desencadeados em diferentes cantos do globo.
As guerras na Coreia, no Vietnã, no Congo, em Angola, no Afeganistão e em outros países foram, em grande parte, produtos da Guerra Fria. Muitas pessoas morreram durante esses conflitos, entre elas, soldados soviéticos e americanos.
No entanto, eles nunca foram considerados confrontos militares abertos entre os EUA e a URSS. Em vez disso, Moscou e Washington os viam como uma possibilidade de espalhar suas ideologias e minar a posição de seu rival em várias partes do mundo —tudo às custas das populações locais, que sofreram enormes perdas, mas também tiraram disso alguns benefícios.
Em alguns momentos, os EUA e a URSS chegaram perto de entrar em uma guerra direta. Por exemplo, durante a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962, quando o mundo chegou bem perto da Terceira Guerra Mundial.
Um erro técnico poderia ter causado uma guerra nuclear entre os dois países em 1983, mas o apocalipse foi evitado graças ao oficial soviético Stanislav Petrov, que, após um alarme falso, decidiu não lançar um ataque nuclear contra os Estados Unidos (leia mais sobre o oficial soviético que deteve a guerra nuclear aqui).
Golpe de agosto de 1991, quando os comunistas tentaram voltar ao poder após a queda da URSS.
Andrei Soloviov/TASSQuando a União Soviética deixou de existir, em 1991, os Estados Unidos se tornaram o único lado sobrevivente da Guerra Fria.
No entanto, os historiadores ainda discutem se isso pode ser considerado uma vitória completa dos Estados Unidos na Guerra Fria, porque não está claro qual foi o principal motivo do colapso da URSS.
Sem dúvida, os Estados Unidos esgotaram os recursos soviéticos por meio de caras guerras indiretas e de uma corrida armamentista nuclear incrivelmente cara.
No entanto, diversos historiadores argumentam que os Estados Unidos foram apenas testemunhas do colapso da URSS, enquanto a superpotência comunista se desintegrou devido a uma série de problemas internos: a ineficiência da economia planificada, os enormes gastos militares, a corrupção, o governo totalitário do partido comunista, e a ausência de liberdades, incluindo a de expressão.
Mesmo que Washington considerasse o colapso de seu rival uma vitória indiscutível, a era pós-Guerra Fria apresentou muitos novos desafios para os Estados Unidos, levando algumas pessoas a argumentar que os EUA se tornaram uma potência em declínio na política internacional depois de perder seu arqui-inimigo.
Logo após a queda da URSS, muitas pessoas começaram a compartilhar o ponto de vista expresso no livro "The End of History and the Last Man ("O fim da história e o último homem, em português), publicado em 1992 por Francis Fukuyama, de que o fim da Guerra Fria é “o ponto final da evolução ideológica da humanidade”.
No entanto, os acontecimentos na política internacional na era pós-Guerra Fria colocaram em questão a veracidade deste argumento.
LEIA TAMBÉM: A menininha americana que foi celebridade na URSS
Para ficar por dentro das últimas publicações, inscreva-se em nosso canal no Telegram
Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: