Como se formou a Federação da Rússia?

Durante a existência da URSS (1922-1991), a República Socialista Federativa Soviética da Rússia (RSFSR) era uma república dentro da União Soviética. Ela era a maior república em termos de área, população e poder econômico.

A RSFSR ocupava 75% do território da URSS: toda a Rússia Central e Meridional, os territórios do Cáucaso do Norte, toda a Sibéria e o Extremo Oriente. A Bielorrússia, a Ucrânia e os Estados da Ásia Central (Turcomenistão, Tadjiquistão, Cazaquistão, Uzbequistão) não faziam parte do RSFSR.

A RSFSR tinha mais da metade da população da URSS, era responsável por dois terços de seus produtos industriais e cerca da metade de seus produtos agrícolas. No entanto, ela não tinha qualquer autonomia política e era totalmente controlada pelo governo da União Soviética.

O papel de Boris Iéltsin

Iéltsin.

Valentin Sóbolev/TASS

Em maio de 1990, Boris Iéltsin (também grafado como Yeltsin) foi eleito presidente do Conselho Supremo da RSFSR. Assim, ele era, efetivamente, o chefe da república. Em junho de 1990, o governo de Iéltsin emitiu a Declaração de Soberania do Estado da RSFSR, que priorizava as leis republicanas sobre as leis da União Soviética — ou seja, basicamente uma revolução sem sangue.

Mikhail Gorbachev, que era o presidente da URSS na época, confrontou Boris Iéltsin. Em resposta, Iéltsin saiu do Partido Comunista da URSS, enquanto se iniciavam na RSFSR processos anti-soviéticos: ruas e cidades recebiam nomes históricos (a cidade de Kalinin foi rebatizada novamente de Tver; a de Górki, de Níjni Nôvgorod e assim por diante).

O presidente Gorbatchov.

Iúri Lizunov/TASS

Em dezembro de 1990, o Natal (comemorado na Rússia em 7 de janeiro) foi declarado feriado oficial na RSFSR — algo inimaginável para a URSS. A constituição da RSFSR foi alterada para incluir termos sobre bancos e propriedade privada. Em julho de 1991, Boris Iéltsin se tornou o primeiro presidente da RSFSR.

Os eventos de 1991 e o colapso da URSS

Iéltsin sobre tanque frustrando o "Golpe de Agosto".

AP

O governo soviético entendeu que a soberania da RSFSR significava o fim da União Soviética. Em agosto de 1991, os comunistas tentaram realizar um golpe de Estado. Eles formaram o autoproclamado Comitê Estatal de Emergência, também conhecido em português como "Camarilha dos Oito", depuseram Mikhail Gorbatchov de seu cargo de presidente da URSS e, em 19 de agosto de 1991, mandaram o exército para Moscou, no evento que ficou conhecido como “Golpe de Agosto”. Boris Iéltsin, por sua vez, conclamou o povo de Moscou a se opor ao regime comunista.

Em poucos dias, ficou claro que o exército não pretendia seguir as ordens do Comitê do Estado de Emergência. Em 22 de agosto de 1991, os membros do Comitê foram presos e Boris Pugo, ex-ministro do Interior da URSS, se suicidou antes de ser preso.

Comitê do "Golpe de Agosto" de 1991.

Vladímir Rodionov/Sputnik

No dia seguinte, Iéltsin proibiu o Partido Comunista da RSFSR e nacionalizou suas propriedades: prédios, carros e capital.

Durante outubro e novembro de 1991, um novo governo foi formado e, em dezembro, o colapso da URSS era iminente. Em 8 de dezembro de 1991, a maioria dos ex-membros da URSS criou a Comunidade de Estados Independentes (CEI), encerrando a existência da URSS.

Em 25 de dezembro de 1991, às 19h38, o presidente da URSS Mikhail Gorbatchov renunciou oficialmente, e a bandeira da URSS foi alterada para a tricolor russa, hasteada sobre o Kremlin de Moscou. No mesmo dia, o Soviete Supremo da RSFSR adotou uma lei sobre a mudança de nome do país: a RSFSR foi rebatizada de Federação da Rússia, ou simplesmente Rússia.

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