Por que o "pai da inteligência americana" participou da Guerra Civil Russa?

Russia Beyond; Domínio público
William Donovan passou quase dois meses na Sibéria, onde começou sua brilhante carreira de agente de inteligência.

William "Wild Bill" Donovan é uma figura lendária na história da inteligência americana. Ele foi o primeiro e único chefe do Escritório de Serviços Estratégicos (Office of Strategic Services, OSS, na sigla em inglês), que antecedeu a CIA.

Estabelecido em 1942, o OSS reunia os departamentos de inteligência do Exército, Marinha, Departamento de Estado e Tesouro, que até então operavam separadamente. Sob a liderança de Donovan, o escritório se tornou uma estrutura poderosa que realizou com sucesso centenas de operações de reconhecimento e sabotagem nos países da Europa e da Ásia ocupados pelos nazistas e japoneses.

William Donovan se tornou amplamente conhecido nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial na França, onde recebeu várias condecorações militares por sua bravura e também adquiriu o apelido de "Wild Bill". Já após o fim do conflito, no verão de 1919, o coronel estava passando sua lua de mel na Ásia, quando de repente recebeu uma ordem de Washington para ir imediatamente para a Rússia. Ali ele começou a desenvolver suas habilidades na inteligência.

Na Sibéria

William Donovan.

O território do antigo Império Russo estava mergulhado na feroz Guerra Civil entre os "vermelhos", ou seja, bolcheviques, que controlavam o centro do país, e os "brancos", que lutavam contra o poder soviético e controlaram a Sibéria, o Extremo Oriente,  Norte e Sul da Rússia. A principal tarefa dos "brancos"  era unir suas forças dispersas e esmagar os bolcheviques, tomando controle sobre as duas principais cidades do país: Moscou e Petrogrado (atual São Petersburgo).

Um dos passos mais importantes para essa consolidação foi a proclamação, em 18 de novembro de 1918, do chefe do movimento branco na Sibéria, Almirante Kolchak, como Governante Supremo da Rússia. Seu poder legítimo na opinião das forças antibolcheviques logo foi reconhecido por generais brancos em outras partes do país.

William Donovan em 1918.

O reconhecimento diplomático internacional também poderia fornecer um enorme apoio aos brancos, mas as potências ocidentais não tinham pressa em fazê-lo. Na primavera de 1919, enviados britânicos e franceses chegaram a Omsk, capital de Kolchak, para avaliar a situação, e, no verão, os americanos também chegaram à Rússia.

Junto com o coronel Donovan, a delegação americana  tinha o comandante da Força Expedicionária Siberiana Americana, General William Graves, e o embaixador dos EUA no Japão, Roland Morris.

O ataman Semionov com representantes da expedição americana em Vladivostok, 1918.

Os detalhes da missão de Wild Bill à Rússia, onde ele passou cerca de dois meses, permanecem desconhecidos, mas historiadores afirmam que os americanos não ficaram satisfeitos com a situação em Omsk. As consequências da política econômica extremamente fraca, as “ações cruéis, injustas e desumanas”, a aparente falta de unidade entre os “brancos” e sua fraqueza política e militar chocaram os americanos.

Foi naquele momento que William "Wild Bill" Donovan realizou sua primeira missão como agente de inteligência: ele estudou em detalhes todo o sistema político e social dos "brancos", coletou informações secretas e preparou, junto com Morris e Graves um relatório definitivo sobre a Guerra Civil russa.

Tropas americanas em Vladivostok, 1918.

Como resultado, os Estados Unidos decidiram adiar o reconhecimento de Kolchak como Governante Supremo da Rússia e esperar. No entanto, os americanos não tiveram que esperar muito: já no outono o movimento branco na Rússia seria esmagado e as potências ocidentais teriam que começar as negociações com os "vermelhos".

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