As 5 principais consequências do colapso da União Soviética

Tanques na Praça Vermelha em 19 de agosto de 191.

Tanques na Praça Vermelha em 19 de agosto de 191.

Aleksandr Tchumitchev/TASS
Quando a URSS deixou de existir, em 1991, houve quem achasse isso uma "catástrofe geopolítica", mas a maioria dos soviéticos viu o ocorrido como o início de uma nova — e melhor — era. Porém, ninguém pode negar que 1991 mudou radicalmente a vida de todos os cidadãos do país.
  1. Fim da Guerra Fria

A dissolução da União Soviética não afetou apenas os ex-cidadãos da URSS, mas também pessoas em cantos muito mais distantes do mundo: ele representou o fim confronto global entre o mundo capitalista e o socialista.

Confrontos constantes, guerras em territórios estrangeiros, a corrida armamentista e a expectativa de uma nova guerra mundial com o uso de armas nucleares mantiveram em tensão constante, por anos a fio, pessoas de diversas partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos, Europa e URSS. Em 1991, o mundo bipolar se tornou uma coisa do passado, e os Estados Unidos se tornaram a única superpotência do mundo.

Com a perda do status de superpotência, porém, a Rússia e os países recém-saídos da União Soviética também perderam sua influência internacional. Além disso, dezenas de países do terceiro mundo (e do segundo também, como é o caso de Cuba) ficaram sem o apoio da União Soviética, entrando em uma situação difícil.

  1. Transição para economia de mercado
Especuladores em Moscou, 1988.

Na União Soviética, a especulação financeira era punível com prisão. Mas, depois de 1991, a compra e venda de mercadorias com o objetivo de ganhar dinheiro tornou-se a ocupação de milhões de ex-soviéticos, que tiveram que aprender a sobreviver em uma economia de mercado da qual nada sabiam.

No início dos anos 1990, a liberalização econômica levou a uma rápida inflação, os preços de alimentos e bens aumentaram dez vezes, e isso levou ao empobrecimento da população. A criminalidade e o desemprego aumentaram e os salários atrasados se tornaram um fenômeno comum. 

Apesar desses fatores negativos, a liberalização dos preços ajudou o governo a resolver o problema da escassez de bens de consumo geral, um dos mais graves problemas da URSS. As prateleiras das lojas voltaram a se encher de mercadorias,  muitas delas importadas de países capitalistas — algo impensável na época da União Soviética.

Diversas empresas ocidentais chegaram aos países da ex-URSS, entre elas, a Coca-Cola, o McDonald's e a rede de móveis sueca IKEA.

Uma das partes mais controversas da liberalização econômica foi a privatização da propriedade estatal. Realizada com a intenção de aumentar a eficiência das antigas empresas estatais soviéticas, a privatização levou à criação de uma classe de oligarcas e à estratificação econômica.

  1. A queda da Cortina de Ferro

Deixar a URSS era um sonho inatingível para milhões de cidadãos soviéticos. Para poder viajar para o exterior, era necessário obter uma permissão oficial do governo, um visto de saída, que era algo quase impossível. Em geral, os soviéticos esperavam dezenas de anos para receber essa permissão e não tinham sucesso no final das contas. Existiram até mesmo casos de pessoas desesperadas que tentaram sequestrar aviões para escapar da URSS por conta própria!

Com o fim da União Soviética, caiu a chamada “Cortina de Ferro”, que separava os cidadãos soviéticos do resto do mundo. Milhões de pessoas puderam viajar, assim como se mudar de vez para outros países. Os residentes dos países capitalistas também puderam visitar os países da antiga URSS como turistas, investidores ou empresários a partir daí.

  1. Divisão do povo soviético
Eventos de janeiro de 1991 em Riga, Letônia.

“Adormecemos em um país e acordamos em outro”:  é assim que costumavam dizer os ex-soviéticos que acabaram em territórios de diferentes países que anteriormente faziam parte da URSS. Fronteiras que antes eram abertas tornaram-se internacionais, dividindo muitas famílias.

Milhões de russos étnicos tornaram-se cidadãos de países alheios, como os da Ásia Central, por exemplo. E, embora muitos estivessem satisfeitos com a vida no outro país, para alguns ex-cidadãos da URSS e seus descendentes a questão do retorno à sua pátria histórica ainda continua sendo um problema, mesmo 30 anos após o colapso da União Soviética.

  1. Surgimento da liberdade de expressão

Na União Soviética, a “propaganda antissoviética” (ou o que quer que o governo taxasse dessa forma) podia levar à prisão, detenção em campos de trabalhos forçados ou até à morte. Houve inúmeros casos em que pessoas foram condenadas até por piadas inocentes contadas no lugar e na hora errada.

Por exemplo, em 1948, o engenheiro de abastecimento de água, Serguêi Popôvich, foi condenado a 10 anos de prisão por contar a seguinte anedota:

Uma velhinha vê um camelo pela primeira vez na vida e começa a chorar.

- Oh, pobre cavalo, o que o poder soviético fez com você?

Ter livros proibidos, por mais inocentes que fossem, ou fazer qualquer comentário crítico sobre o governo soviético também eram atos puníveis com prisão. Muitos escritores, como Joseph Brodsky e Aleksandr Soljenítsin, assim como outros profissionais proeminentes, como o físico Andrêi Sákharov e o músico Mstislav Rostropôvitch,  criticavam o governo soviético e por isso foram reprimidos e perseguidos.

Com o retorno da liberdade de expressão nos últimos anos da União Soviética e após a sua dissolução, a censura estatal foi abolida. Porém, em alguns países da ex-URSS, surgiram meios de comunicação independentes apenas temporariamente. Os ex-cidadãos soviéticos passaram a ter acesso praticamente ilimitado a informações de todos os tipos e os artistas podiam trabalhar sem medo da repressão estatal.

Leia mais sobre piadas e anedotas proibidas na URSS aqui.

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