5 grupos étnicos extintos que viviam no território da Rússia

História
ANNA SORÔKINA
Existem atualmente mais de 190 grupos étnicos coabitando o maior país do mundo. Há um século, porém, esse número era bem maior.

Com o passar do tempo, diversos grupos étnicos foram perdendo suas tradições, cultura e idioma. Sem uma identidade étnica distinta, fundiram-se com outros povos. Por exemplo, no século 17. os curônios misturaram-se aos povos bálticos, os merianos assimilaram-se aos mari e mordos no século 14, enquanto os búlgaros passaram a fazer parte da etnogênese dos tártaros, dos kumi, dos nogais e deram o seu nome a um país inteiro, a Bulgária. Mas tudo isso aconteceu há muito tempo. Os povos indígenas da Rússia listados abaixo desapareceram há relativamente pouco tempo – pelos padrões históricos, ontem mesmo.

1. Evrimeiset

Historicamente, o istmo da Carélia (ao norte de São Petersburgo) foi o lar de muitos povos indígenas. Em épocas diferentes, seu território integrou tanto a Rússia como a Suécia, e nele viveram russos, suecos, finlandeses, vepesianos, vótios e carélios. Um dos povos indígenas locais eram os evrimeiset. Eles viviam originalmente ao longo do rio Vuoksi (ao norte de São Petersburgo) e eram parentes dos finlandeses, carélios e izorianos. Pertenciam à Igreja Luterana e, em parte, à Ortodoxia Russa, mas falavam sua própria língua (semelhante à carélia e ao finlandês) e mantinham seus próprios costumes.

No início do século 17, foi estabelecida nesse território a província da Íngria, da qual os evrimeiset constituíam a maioria da população. Seus novos vizinhos eram os savakot, colonos da região finlandesa de Saboya. No início, as duas etnias não se misturavam muito, mas no final do século 19 e início do século 20 as diferenças entre elas desapareceram e todos os habitantes daquelas terras passaram a se autodenominar ingrianos. Hoje, os ingrianos também são considerados uma minoria indígena: na região de Leningrado, vivem apenas cerca de 4.000 deles. A lista de aldeias tradicionais evrimeiset inclui: Luppolovo, Vartemiagi, Rappolovo, Toksovo, Barichevo e Kavgolovo.

2. Matores

Agora na Sibéria. Aqui, nas encostas ao norte das montanhas Sayan (ao sul do Território Krasnoiarsk e Khakássia), não há muito tempo viviam os matores, que pertenciam aos samoiedos (que também incluem os nenets, enetses, nganasans). Como outros povos do norte, suas principais ocupações eram a caça e o pastoreio de renas. A língua mator era uma das duas principais dos samoiedos (a outra era kamassiana). Atualmente é considerado extinto. No século 19, os matores foram assimilados por seus vizinhos, os tuvanos e khakas. Muitos representantes desses povos morreram em uma epidemia de varíola.

3. Kamassinos

Os kamassinos viviam no território da atual Khakássia e no sul do Território de Krasnoiarsk. Dividiram-se em kamassinos da estepe e da taiga (e também eram chamados às vezes de tártaros da taiga), e a língua kamassiana tinha dialetos diferentes. Este grupo étnico começou a minguar ainda no século 17. Naquela época, os exploradores russos na área contaram apenas cerca de 500 kamassinos.

No final do século 19, este povo samoiedo misturou-se quase completamente com os russos e jakas que viviam na área. Curiosamente, durante suas expedições de pesquisa, etnógrafos soviéticos encontraram raros representantes dos kamassinos nos montes Saian. Como seus parentes do norte, eles viviam em tendas. O último falante de kamassiano morreu em 1989, e os dois últimos kamassinos foram registrados no censo de 2010.

4. Kottes

O povo nômade dos kottes (tártaros de Kan) vivia no sul da Sibéria ao longo do rio Ienissei. Eles falavam a língua kott do grupo de línguas ienisseianas. Todos esses idiomas são agora considerados extintos, exceto o ket (falado atualmente por cerca de 200 pessoas). O que resta dos kottes no mapa são topônimos terminados em shet e chet (por exemplo, Taichet).

No final do século 19, os kottes foram completamente assimilados pelos samoiedos (incluindo os kamassinos), bem como pelos buriates e pelos russos. Na época, restavam apenas cinco falantes da língua kott, segundo confirmado pela expedição do filólogo Matthias Castren. Nos anos 1960, o linguista soviético Aleksandr Matveiev fez uma nova expedição etnográfica às áreas onde vivia a etnia, mas já não havia mais qualquer sinal dos kottes.

5. Goaie

O Cáucaso é, talvez, a região mais multiétnica da Rússia moderna (como na URSS e no Império Russo), onde vivem dezenas de grupos étnicos. Ao longo do rio Ache (no atual território de Krasnodar), vivem desde tempos imemoriais os goaie, um subgrupo étnico da Adiguésia. Eles gozavam de uma espécie de status privilegiado e de certa independência entre os demais grupos étnicos. Havia pelo menos 17 clãs pertencentes a esse subgrupo étnico que deixaram sua marca na toponímia local. Os goaie falavam um dialeto da língua adigue. Acredita-se que tenham se extinguido após a Guerra do Cáucaso em meados do século 19. No entanto, em 1930, etnógrafos soviéticos encontraram várias famílias goaie, com os sobrenomes antigos de seus ancestrais. Os pesquisadores também conheceram alguns idosos da região que se lembravam de outra família de príncipes goaie que viviam perto de Sochi. Tudo o que resta hoje em dia é uma aldeia (Alekseievka) cujo antigo nome era Gvai e uma área chamada Guarek.

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