De acordo com a agência TASS, o ‘Legenda’ (Lenda, em português), um sistema de inteligência espacial projetado para observar o espaço marítimo, permitiu à URSS monitorar em detalhes a situação operacional e tática no Atlântico Sul e calcular com precisão as ações da Frota Britânica durante a Guerra das Malvinas. A afirmação foi publicada em um relatório recente da Academia Militar do Estado-Maior General das Forças Armadas Russas, preparado como parte das XLIV Leituras de Koroliov.
“Segundo a inteligência espacial, em primeiro lugar, segundo os indícios dos satélites soviéticos US-A, descobriu-se a concentração de um grupo de forças navais britânicas na fronteira da zona de duzentas milhas em relação às Ilhas Malvinas, a formação de três unidades de desembarque e a tomada de sua posição inicial a uma distância de 80-90 milhas dos locais de desembarque propostos. Paralelamente, os submarinos e navios soviéticos que estavam em serviço recebiam dados de inteligência e a designação de alvos”, lê-se na reportagem publicada pela TASS.
O documento destaca, assim, que a análise dos dados de inteligência permitiu antecipar as intenções do comando inglês e prever o início da operação de desembarque. Além disso, analistas do departamento de inteligência do Quartel-General e do centro espacial da Marinha russa informavam constantemente ao comando sobre a situação na zona de conflito.
A TASS ressalta que o “Lenda” era um sistema soviético (e posteriormente russo) de exploração do espaço marítimo mundial que esteve em operação de 1978 a 2006.
O sistema foi projetado para rastrear e prever a situação tática nos oceanos do planeta e transmitir informações em tempo real para postos de comando em terra e no mar, indicando possíveis alvos para navios e submarinos.
A agência russa acrescenta ainda que foi implantada uma nova geração do sistema de inteligência espacial do espaço marítimo, denominada “Liana”. Atualmente, encontram-se em órbita duas espaçonaves de vigilância por rádio e duas espaçonaves de reconhecimento por radar.
Maria Aleksándrova é formada em engenharia e colabora com o Russia Beyond em temas relacionados a tecnologia e armas russas.
LEIA TAMBÉM: 9 guerras estrangeiras que a URSS não podia ignorar