Vida de estudante na URSS em fotos

História
NIKOLAI CHEVTCHENKO
Muitos ex-alunos soviéticos guardam doces lembranças dos dias em que eram jovens, esperançosos, felizes e despreocupados.

O ensino superior na União Soviética era gratuito para todos. No entanto, os futuros alunos tinham que passar nos exames de admissão para se matricular nos cursos. Como o ensino superior era acessível, a competição também era alta. As comissões que selecionavam os estudantes para as melhores universidades da URSS (geralmente localizadas em Moscou) esmagavam as esperanças de muitos jovens que desejam se matricular em uma universidade e “conquistar” a cidade.

 

 

 

 

 

Estudantes com livros em Ierevan, na Armênia soviética, 1959

 

Distribuição de livros, 1960–1965

 

Aluno com livros, 1963–1964

 

6º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, em Moscou, 1957

 

Muitos estudantes de outros países visitaram a URSS durante o festival no verão de 1957

 

Aluno dormindo durante a aula, 1972

 

Os alunos recebiam uma bolsa mensal que variava de acordo com o desempenho acadêmico: quanto melhor o aproveitamento escolar, maior a bolsa. O dinheiro era alocado do orçamento das universidades patrocinadas pelo Estado.

Embora o valor variasse de universidade para universidade e de aluno para aluno, costumava ser suficiente para cobrir os custos de acomodação em alojamento (extremamente barato), alimentação, transporte e algumas diversões disponíveis, como cinema ou esportes.

No entanto, muitos alunos pegavam empregos temporários para fazer um dinheiro extra. Eles trabalhavam como assistentes nos departamentos das universidades, davam aulas particulares a outros estudantes, vendiam cigarros estrangeiros, jeans e outros itens capitalistas escassos, ou trabalhavam como zeladores.

“Eu gostava de gastar dinheiro, então, trabalhava como assistente de laboratório. Eu recebia 55 rublos ao mês por 2 a 3 horas diárias de trabalho. Minha bolsa era de 50 rublos [paga pela universidade]. Ou seja, eu tinha até 70 rublos extra todos os meses após pagar minhas despesas diárias. Você sabe o que era possível comprar com 70 rublos? Uma semana de férias na Crimeia”, escreveu o jornalista Iúri Alekseiev sobre seus anos de estudante no final dos anos 1970 e início dos 1980.

Talvez, a característica mais atraente do ensino superior na União Soviética fosse a garantia de emprego para os alunos formados. O Estado se encarregava de criar tantos empregos quantos fossem necessários para todos os alunos formados a cada ano.

A prática – que parece impraticável no mundo atual – era viável na época devido à economia planejada na União Soviética e à rápida industrialização e urbanização que aconteceram no país ao longo do século 20.

Grande parte dos cursos de graduação oferecidos pelas universidades soviéticas eram nas áreas de ciências naturais e engenharia: o Estado priorizava as habilidades técnicas em vez de humanas, embora também houvesse muitos cursos de graduação em ciências humanas – em escolas de arte, teatro e história.

No auge da industrialização na URSS, o Estado via os estudantes universitários como uma força de trabalho que poderia ser usada em grande escala.

Em 1959, a Liga Comunista Leninista da Juventude de Toda a União (conhecida como ‘Komsomol’) organizou estudantes universitários em ‘brigadas estudantis de construção’. Membros dessas brigadas viajavam por toda a União Soviética para trabalhar em canteiros de obras durante os intervalos acadêmicos. Embora essa atividade extracurricular frequentemente envolvesse trabalho manual árduo e grande esforço de gênios da engenharia, muitos alunos viam como uma oportunidade de viajar e progredir em suas perspectivas de carreira.

Muitos alunos também foram recrutados para trabalhar nos campos: colher batatas, uvas ou algodão, dependendo da república soviética em que operavam. Este trabalho não era pago, e os alunos às vezes eram coagidos a participar com ameaças de expulsão do Komsomol: algo que poderia prejudicar sua classificação nas universidades e carreiras no futuro. Depois de um dia de trabalho, os alunos se hospedavam em alojamentos próximos, tocavam instrumentos, liam livros, socializavam e, às vezes, até se apaixonavam – algo que tornava os dias de trabalho duro uma experiência mais agradável.

Durante o ano acadêmico, os alunos se divertiam com as atividades estudantis, que eram semelhantes de uma instituição de ensino para outra. Os alunos tocavam instrumentos musicais, organizavam apresentações de teatro e shows de comédia conhecidos como ‘KVN’, ou Clube dos Engraçados e Inventivos. Grupos de estudantes criativos em geral preenchiam o vazio do subdesenvolvido show business soviético. Muitos desses estudantes construíram carreiras formidáveis na TV russa após a queda da União Soviética.

Esportes também eram passatempo popular entre os alunos. Estes, por exemplo, são alunos do Instituto de Cultura Física no estádio do Dínamo em Moscou, em 1936.

O rádio e os livros também eram uma forma popular de entretenimento para os alunos soviéticos. Os clubes do livro proporcionavam um espaço onde os estudantes socializavam e buscavam livros raros, e o rádio era fonte de informação e música. No entanto, essas duas mídias também ofereciam espaço para os alunos se envolverem politicamente: alguns alunos tentavam ouvir estações de rádio ocidentais como a Voz da América e debatiam secretamente questões políticas nos clubes do livro.

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