O primeiro homem pisou na Lua em 1969. Por incrível que pareça, na época, os visionários soviéticos subestimaram as capacidades do desenvolvimento tecnológico humano. Em 1958, a revista soviética “Tekhnika-Molodeji” (“Engenharia da Juventude”, em tradução livre) especulou que o primeiro homem não pisaria na superfície da Lua antes do final do século 20. Antes que isso ocorresse, previu a publicação, um satélite chegaria à Lua (o que aconteceu em 1959) e detonariam uma arma nuclear em sua superfície para fins científicos (o que jamais ocorreu).
O artista Denis Dachkov imaginou a construção de futura estação lunar sob a superfície da Lua para proteger seus habitantes de meteoroides e de temperaturas extremas, variando de 120°C a 150°C negativos.
Segundo o artista, a estação seria alimentada por baterias movidas a energia solar, localizadas na superfície do satélite natural da Terra, e a entrada da estação seria por um duto. Os exploradores viveriam no nível superior da estação, enquanto ar, alimentos e outros suprimentos necessários seriam estocados no nível inferior.
Outro artista, chamado Fiódor Borissov, pensou que as futuras estações da Lua pareceriam casas esféricas cobertas por solo natural encontrado na superfície lunar para protegê-las dos elementos e condições severas do satélite natural da Terra.
O cilindro de O’Neill, um conceito futurista de colonização espacial – proposto pelo físico norte-americano Gerard K. O’Neill em seu livro “A alta fronteira: colônias humanas no espaço”, de 1976 – inspirou os visionários da União Soviética: muitos deles traduziram e disseminaram a ideia nas páginas de revistas científicas soviéticas.
A já citada “Tekhnika-Molodeji” descreveu o design do cilindro de O’Neill como “uma colônia espacial autônoma para 10.000 a 20 milhões de pessoas [que] será criada na forma de dois cilindros com 7,5 quilômetros de diâmetro conectados. A rotação deles criará uma gravidade semelhante à da Terra. A agricultura e a criação de animais se desenvolverão dentro da estação e nos anéis agronômicos externos. ”
A revista também descreveu o design de um projeto futurista de logística chamado “Cento”. A ideia é semelhante ao que foi retratado no filme “O Vingador do Futuro”, de 2012: um túnel que atravessa a Terra e permite o transporte de pessoas e cargas.
Os escritores soviéticos calcularam que esse túnel poderia ter sido construído em 48 anos. Se tivesse saído do papel, o túnel teria permitido viajar pelo centro da Terra em apenas 43 minutos, devido a forças gravitacionais que, segundo os futuristas soviéticos, impulsionariam as cápsulas. O projeto “Centro” também foi considerado um novo método de lançamento de foguetes para o espaço, uma vez que os sonhadores soviéticos acreditavam que as forças gravitacionais teriam melhor desempenho do que os caros e supostamente menos poderosos motores a reação.
A ideia de um elevador espacial, proposta pela primeira vez pelo cientista russo de foguetes e pioneiro da teoria astronáutica Konstantin Tsiolkovski, foi posteriormente desenvolvida em um projeto futurista corajoso que estampou as páginas da popular revista científica em 1959. O autor propôs a construção de um Torre de 35.800 km de altura para levar cientistas e equipamentos ao espaço e, talvez, lançar naves espaciais do topo da torre, resolvendo, assim, o problema da gravidade da Terra de uma vez por todas. Nem é preciso dizer que este sonho futurista jamais foi concretizado.
Ao explorar o conceito de colonização espacial pelos homens, o engenheiro soviético Serguêi Jitomirski propôs a ideia ambiciosa de cidades flutuantes localizadas na atmosfera de Vênus. Jitomirski achava que a tecnologia aplicada na construção de zepelins e balões de ar quente poderia ser usada para manter as estações flutuando a cerca de 50 ou 60 km acima da superfície do planeta, onde temperatura e outras condições eram consideradas confortáveis para os seres humanos. O projeto foi romanticamente chamado de “As ilhas flutuantes de Vênus”.
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