1. Tobago
Esta ilha caribenha poderia ter sido parte dos territórios ultramarinos da Rússia, já que foi colônia da Curlândia, ducado que existiu entre o século 16 e o18 na costa do Mar Báltico. O duque deste pequeno Estado, Jakob Kettler, estabeleceu algumas colônias na África e no Caribe. Uma delas era Tobago.
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No século 18, a Curlândia foi incorporada ao Império Russo em 1795 – então, em franca expansão. Suas colônias teriam seguido o mesmo caminho se não tivessem sido englobadas pelo Império Britânico, em 1661, quando o duque as usou como garantia ao tomar empréstimos em Londres.
A imperatriz Catarina, a Grande, teria tentado tomar Tobago no final do século 18, citando seus laços com a Curlândia. Mas seus esforços foram em vão.
2. Califórnia
Os territórios russos na América não se limitavam ao Alasca, que acabou sendo vendida aos EUA em 1867: a Rússia também dominava terras na Califórnia. O Fort Ross era um posto avançado estabelecido pela Companhia Russo-Americana na costa oeste da América do Norte, local hoje conhecido como Condado de Sonoma.
Ele existiu por menos de 30 anos, entre 1812 e 1841, e foi criado como um assentamento agrícola para produzir alimentos para o Alasca russo. Em 1836, Fort Ross tinha 260 habitantes russos que chamavam ali de “lar”.
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A Espanha e o México não ficaram nada felizes com a presença da Rússia na Califórnia, mas foram contra tentar expulsar os russos à força. Também não houve conflitos importantes entre o Império e a população indígena da Califórnia - os dois grupos realmente relatam ter vivido lado a lado de maneira bastante pacífica.
No final da década de 1830, a Companhia Russo-Americana descobriu novas maneiras de fornecer alimentos ao Alasca, e assim que não havia necessidade de manter Fort Ross. O território acabou vendido ao empresário norte-americano John Sutter por US$ 20.000, parte dos quais foram pagos em ouro.
Dmítri Zavalichin, funcionário da Companhia Russo-Americana, visitou Fort Ross e fez um relatório sobre o assunto para a empresa e para o imperador Aleksandr 1°. Ele propunha expandir o território da Rússia na Califórnia para tornar a presença do império mais forte e economicamente mais viável.
Sua ideia era enviar servos russos através do Atlântico para trabalharem na nova terra. Os servos, em troca, seriam libertados.
3. Haiti
O plano de Zavalichin de expandir Fort Ross foi rejeitado pelas autoridades. Mesmo assim, ele não desistiu e propôs a criação de uma colônia russa no Haiti. O plano foi arquitetado com o ex-general francês Jacque Boye, que permaneceu na Rússia após ser capturado durante a invasão de Napoleão em 1812.
Antes do ocorrido, Boye havia servido no Haiti, que era colônia francesa antes da rebelião de 1804.
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A proposta de Zavalichin e Boye encantou a Companhia Russo-Americana, que planejou enviar uma expedição ao Haiti em 1826. A dupla deveria liderá-la, mas políticos russos interromperam o projeto antes mesmo de ele ser iniciado.
Em dezembro de 1825, a nobreza russa tentou armar um golpe contra o tsar. O motim foi suprimido e Zavalichin foi punido devido a supostas conexões com os revoltosos. Ele ficou exilado na Sibéria por quase 40 anos, e assim o plano do Haiti foi enterrado para sempre.
4. Havaí
A Companhia Russo-Americana também fechou um acordo com um chefe de tribo em Kauai, a quarta maior ilha havaiana. Com o documento, ele concordava em entregar as terras à Rússia, estabelecendo uma espécie de protetorado russo.
De 1816 a 1817, três fortalezas foram construídas na ilha pelos russos. Duas delas foram nomeadas em homenagem ao imperador russo Aleksandr 1° e a sua mulher, Elizabeth. Um rio local também foi batizado de Don (assim como um dos principais da Rússia).
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Mas as autoridades na então capital São Petersburgo não ficaram muito felizes com a nova aquisição territorial. Assim, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia rejeitou o pedido da Companhia Russo-Americana de tomar a ilha.
"O imperador acredita que a aquisição desses territórios não trará à Rússia quaisquer benefícios, mas, pelo contrário, inconvenientes", lia-se no pedido.
Dizem que a postura do monarca russo foi alimentada pelo desejo de proteger os laços com britânicos e americanos, que também tinha interesses na região.
5. Somália
Os russos queriam também um pedaço da África - mas esta ambição também não teve apoio das autoridades.
Em 1888, um grupo de cossacos russos tentou tomar um pedaço da Somália francesa. Então, 150 cossacos, sob o comando de Nikolai Achinov, chegaram à Somália a partir de Odessa e se estabeleceram no território de uma antiga fortaleza egípcia.
O local foi batizado de "Nova Moscou", e o terreno de 50 por 100 quilômetros foi declarado russo.
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Como Rússia e França aspiravam a ser aliadas na época, o movimento de Achinov surpreendeu as autoridades coloniais francesas locais, que esperaram instruções de Paris. A capital francesa, por sua vez, matutava no que fazer com os homens de Achinov e com São Petersburgo.
Os russos, por sua vez, renunciaram à aventura de Achinov e deram sinal verde à operação francesa contra os cossacos. Os franceses bombardearam o forte e capturaram os russos, que foram enviados de volta à terra natal.
Achinov foi exilado por três anos. Ele era um homem persistente e continuou seus esforços para convencer o tsar a adquirir terras na África - mas sem êxito.
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