As tradicionais fortalezas russas, conhecidas como kremlin, estão bem preservadas em dezenas de cidades antigas da Rússia. Ainda assim, apenas uma delas se tornou um símbolo e coração do país – a da capital Moscou.
Mas o Kremlin de Moscou nem sempre teve a aparência de hoje; a estrutura foi completamente reformulada várias vezes nos últimos 800 anos. Até o século 14, os príncipes de Moscou viviam em uma fortaleza de madeira feita de enormes troncos de carvalho, cujo tamanho ainda impressiona os arqueólogos.
A fortaleza de madeira, porém, não podia garantir a defesa adequada a Moscou, e por isso, em 1367 e 1368, deu lugar a uma estrutura de calcário branco.
Na época, o Kremlin moscovita ficou conhecido como uma das fortalezas mais impenetráveis da Europa.
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Só que o calcário branco, por não ser um material resistente, logo começou a se desintegrar. Cansados dos frequentes reparos no Kremlin, os príncipes de Moscou decidiram reconstruí-lo por completo. Na segunda metade do século 15, o Kremlin foi transformado no que se conhece hoje.
Uma a uma, as torres e as muralhas foram desmontadas e substituídas pelas feitas de tijolo vermelho. No entanto, até o início do século 20, essas paredes eram pintadas com cal.
Durante a profunda crise política do início do século 17, o Kremlin teve a mais longa ocupação estrangeira de sua história. As tropas polonês-lituanas controlaram a fortaleza moscovita por dois anos, de 1610 a 1612, antes de serem enfim derrotadas por um exército voluntário russo.
O rápido crescimento do Estado russo fez com as fronteiras se expandissem significativamente, deixando Moscou na retaguarda. O Kremlin perdeu, assim, seu significado militar. Todas as armas foram removidas, e as torres passaram a desempenhar um papel meramente decorativo.
No início do século 18, a capital foi transferida para São Petersburgo, e o Kremlin de Moscou deixou de ser a residência dos tsares. Os governantes russos voltaram ao edifício somente depois de os bolcheviques devolverem o status de capital para Moscou em 1918.
Durante a guerra com Napoleão, o Kremlin foi tomado pelo Grande Armée, o exército imperial francês de Napoleão Bonaparte. Enquanto recuava, o imperador francês ordenou que explodissem a fortaleza, mas a chuva torrencial e os locais impediram a maioria dos ataques. Ainda assim, vários edifícios foram severamente danificados.
Apenas duas vezes na história as estrelas vermelhas das torres do Kremlin foram desligadas.
A primeira vez foi durante a Segunda Guerra Mundial, porque elas poderiam servir como orientadores para os bombardeiros alemães. A segunda vez foi na década de 1990, quando o diretor Nikita Mikhalkov filmou “Sibéria”.
O Kremlin de Moscou é hoje uma coleção de edifícios únicos de diferentes épocas. Igrejas medievais convivem lado a lado de grandes palácios da época do Império Russo e da URSS.
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