As tradicionais fortalezas russas, conhecidas como kremlin, estão bem preservadas em dezenas de cidades antigas da Rússia. Ainda assim, apenas uma delas se tornou um símbolo e coração do país – a da capital Moscou.
Kremlin e ponte Bolshoi Kámenni por Fiódor Alekseiev (supostamente pintado em 1800)
Fiódor Alekseiev/WikipediaMas o Kremlin de Moscou nem sempre teve a aparência de hoje; a estrutura foi completamente reformulada várias vezes nos últimos 800 anos. Até o século 14, os príncipes de Moscou viviam em uma fortaleza de madeira feita de enormes troncos de carvalho, cujo tamanho ainda impressiona os arqueólogos.
"Kremlin de Moscou nos tempos de Ivan Kalita", de Apollinari Vasnetsov (1921)
Apollinari Vasnetsov/Museu de MoscouA fortaleza de madeira, porém, não podia garantir a defesa adequada a Moscou, e por isso, em 1367 e 1368, deu lugar a uma estrutura de calcário branco.
Na época, o Kremlin moscovita ficou conhecido como uma das fortalezas mais impenetráveis da Europa.
Vista do Kremlin por Piotr Vereschaguin, 1879
Pyotr Vereschaguin/Museu de Arte de IaroslavlVEJA TAMBÉM: O Kremlin de Moscou nos séculos 18 e 19
Só que o calcário branco, por não ser um material resistente, logo começou a se desintegrar. Cansados dos frequentes reparos no Kremlin, os príncipes de Moscou decidiram reconstruí-lo por completo. Na segunda metade do século 15, o Kremlin foi transformado no que se conhece hoje.
Uma a uma, as torres e as muralhas foram desmontadas e substituídas pelas feitas de tijolo vermelho. No entanto, até o início do século 20, essas paredes eram pintadas com cal.
Durante a profunda crise política do início do século 17, o Kremlin teve a mais longa ocupação estrangeira de sua história. As tropas polonês-lituanas controlaram a fortaleza moscovita por dois anos, de 1610 a 1612, antes de serem enfim derrotadas por um exército voluntário russo.
"Kuzmá Mínin e Dmítri Pojárski", de Mikhail Scotti (1850)
Mikhail Scotti/Nizhny Novgorod State Art MuseumO rápido crescimento do Estado russo fez com as fronteiras se expandissem significativamente, deixando Moscou na retaguarda. O Kremlin perdeu, assim, seu significado militar. Todas as armas foram removidas, e as torres passaram a desempenhar um papel meramente decorativo.
Praça vermelha em Moscou por Fiódor Alekseiev, 1801
Fiódor Alekseiev/Galeria TretyakovNo início do século 18, a capital foi transferida para São Petersburgo, e o Kremlin de Moscou deixou de ser a residência dos tsares. Os governantes russos voltaram ao edifício somente depois de os bolcheviques devolverem o status de capital para Moscou em 1918.
Águias de duas cabeças retiradas das torres do Kremlin nos anos 1930
Domínio públicoDurante a guerra com Napoleão, o Kremlin foi tomado pelo Grande Armée, o exército imperial francês de Napoleão Bonaparte. Enquanto recuava, o imperador francês ordenou que explodissem a fortaleza, mas a chuva torrencial e os locais impediram a maioria dos ataques. Ainda assim, vários edifícios foram severamente danificados.
"Incêndio em Moscou", de A. F. Smirnov (1813)
SputnikApenas duas vezes na história as estrelas vermelhas das torres do Kremlin foram desligadas.
A primeira vez foi durante a Segunda Guerra Mundial, porque elas poderiam servir como orientadores para os bombardeiros alemães. A segunda vez foi na década de 1990, quando o diretor Nikita Mikhalkov filmou “Sibéria”.
Defesa do céu de Moscou. Agosto de 1914
Anatóli Garanin/SputnikO Kremlin de Moscou é hoje uma coleção de edifícios únicos de diferentes épocas. Igrejas medievais convivem lado a lado de grandes palácios da época do Império Russo e da URSS.
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