Em pouquíssimas ocasiões as tropas russas e britânicas lutaram lado a lado durante a Primeira Guerra Mundial. Cada país tinha suas próprias tarefas estratégicas. Um episódio, no entanto, foi praticamente esquecido: aquele em que as forças navais deste dois enormes impérios se uniram para combater a marinha alemã no mar Báltico.
Caminho perigoso
Para afetar a economia alemã, os britânicos decidiram cortar as rotas de fornecimento de minério de ferro da Suécia. Incapazes de fazê-lo sozinhos, eles decidiram aproveitar os portos e navios de guerra do Império Russo.
Além de objetivos militares estratégicos, a decisão de enviar a flotilha para o Mar Báltico teve um impacto psicológico. Winston Churchill, Primeiro Lorde do Almirantado, queria mostrar aos russos que os Aliados não os haviam esquecido e que o Reino Unido estava ao lado da Rússia.
A ideia de enviar navios de superfície foi rapidamente descartada, porque era quase impossível atravessar o estreito dinamarquês, que era minado e monitorado pela marinha alemã.
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Submarinos, porém, conseguiam penetrar no Mar Báltico. Assim, dois dos três submarinos enviados conseguiram atravessar o estreito dinamarquês, mas o terceiro foi forçado a voltar.
Inverno rigoroso
A chegada dos submarinos britânicos foi uma surpresa para os russos, que não foram informados com antecedência sobre os planos de seu aliado. Os britânicos foram acolhidos calorosamente em Reval (hoje, a cidade de Tallinn, capital da Estônia), que se tornou a base das operações.
Antes do combate, os marinheiros britânicos tiveram que sobreviver ao inverno, o que não foi tarefa fácil. De janeiro a abril, era impossível realizar operações submarinas no mar, já que as escotilhas e os periscópios estavam congelados.
Além disso, os marinheiros britânicos não tinham uniformes quentes o suficiente para as temperaturas do inverno russo e sofriam com a falta de rum. Os russos ajudaram os aliados fornecendo roupas e vodca.
Série de vitórias
No verão seguinte, a flotilha britânica foi reforçada com mais três submarinos, enquanto a Marinha Alemã iniciou uma operação no Golfo de Riga.
Embora o número de navios alemães fosse o dobro do da frota russa do Báltico, o ataque foi repelido. Os marinheiros britânicos desempenharam papel significativo na batalha. O submarino britânico HMS E-1, liderado pelo Capitão Noel Laurence, conseguiu danificar seriamente um dos mais importantes navios de guerra alemães - o cruzador de batalha Moltke. Devido a essa perda, os alemães abandonaram a operação e não entraram em Riga.
O imperador Nikolai 2° se encontrou com Laurence e o premiou com a cruz de São Jorge, chamando-o de "salvador de Riga".
Após a Revolução
Em 1916, os marinheiros britânicos foram forçados a descansar. Os alemães melhoraram suas táticas contra submarinos e limitaram bastante a atividade dos Aliados.
Após a Revolução de Fevereiro de 1917, iniciou-se um verdadeiro caos no exército russo e a Marinha começou a desmoronar. Uma vez que os marinheiros russos se recusavam a obedecer os oficiais, o comandante da flotilha britânica, Francis Cromie, se tornou o chefe não oficial de todas as forças subaquáticas russas no Báltico.
Quando os comunistas tomaram o poder, os submarinos russos e britânicos foram transferidos para a região da Finlândia.
Em março de 1918, foi assinado o tratado de paz de Brest-Litovsk entre o novo governo bolchevique russo e as Potências Centrais, segundo o qual a Rússia devia entregar todos os submarinos à Alemanha.
Lênin prometeu a Cromie não entregar os submarinos britânicos, mas acabou vendendo as embarcações ao imperador alemão Guilherme 2°.
Os soldados britânicos, não querendo entregar os navios ao inimigo, afundaram todos os submarinos no Golfo da Finlândia e fugiram da Rússia por meio do porto de Murmansk, no extremo norte russo.
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