Segundo relatório do Instituto Internacional de Estudos para a Paz em Estocolmo, os principais exportadores de armas do mundo em 2018 foram os Estados Unidos, com 33% de participação, seguido pela Rússia (23%), China (6,2%), França (6%) e Alemanha (5,6%).
De acordo com especialistas no mercado global de armas, em 2020, a demanda global ultrapassará os US$ 120 bilhões. Os principais importadores de arma são a Índia (13%), a Arábia Saudita (8,2%), os Emirados Árabes Unidos (4,6%), a China (4,5%) e a Argélia (3,7%).
Quase a metade das exportações de armamentos russos são aeronaves de combate: bombardeiros MiG e Sukhoi de quarta geração. Cerca de 25% é composto por equipamentos antiaéreos, como o sistema de mísseis S-400.
Longa tradição em armas
A primeira menção de uma guilda profissional de fabricação de armas em Moscou data de 1475. No século 17, cerca de 500 pessoas trabalhavam no depósito de armas da capital russa.
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Andrêi Tchokhov (também grafado Chokhov e Chekhov) foi um dos primeiros armeiros lendários, que criou o Canhão do Tsar e muitas outras armas famosas. Muitas pessoas gostavam da profissão de armeiro, que era transmitida de uma geração para outra.
Serguêi Môssin projetou o rifle Mosin, que foi o mais usado do mundo, enquanto Fiodor Tôkarev criou a pistola TT. Nikolai Makarov inventou a pistola Makarov, que teve dezenas de modificações na Rússia e no exterior, e o mais famoso de todos, Mikhail Kalashnikov, desenhou o rifle AK-47 que continua a ser a arma mais popular do mundo até hoje.
Confiabilidade
Desde que as armas de fogo surgiram na Rússia, entre os séculos 14 e 15, a confiabilidade se tornou uma de suas principais características. Armas só podiam ser produzidas e consertadas em determinados lugares e eram usadas para combater tribos nômades e povos do leste e do sul da Rússia.
Assim, a confiabilidade era uma característica importante para os armeiros russos. Algumas das melhores armas russas do século 16 ainda existem e funcionam até hoje.
O rifle Mosin, usado pelo exército russo entre os anos 1890 e 1950, tem um obturador que pode ser montado e desmontado sem ferramentas especiais, enquanto o fuzil AK-47 pode ser montado em quaisquer condições meteorológicas.
Em geral, as pistolas, rifles e armas automáticas russas mais famosas são muito simples de montar e reparar.
Abundância de recursos naturais e ‘know-how’ científico
A Rússia sempre foi um país com muitos recursos naturais, incluindo minério de ferro. Já no século 17, o comerciante holandês Andrew Vinius decidiu abandonar seus negócios agrícolas e lançar uma produção de ferro nas minas da cidade de Tula, ao sul de Moscou. Mais tarde, Tula se tornou a capital das armas russa.
O minério de ferro encontrado na Rússia central e na Sibéria impulsionou a produção as armas de fogo. No século 18, a Rússia era o maior exportador de metais ferrosos do mundo.
Mais tarde, muitas outras indústrias (química, física, balística sofisticada, estudo de explosivos etc.) tornaram-se essenciais para a produção de armas. A Rússia (e mais tarde a União Soviética) sempre foi uma potência científica e desenvolveu indústrias relevantes juntamente com a produção de armas.
No século 20, os principais recursos científicos do país foram dedicados ao desenvolvimento das armas mais fortes e mortíferas do mundo, especialmente durante a Guerra Fria.
Comércio de armas como instrumento político
A Guerra Fria teve um grande impacto sobre o comércio mundial de armas. A partir da década de 1950, a URSS vendeu armas para muitos países, especialmente aos do Pacto de Varsóvia. A Índia e a China foram os principais mercados para a União Soviética.
Além de vender navios de guerra, submarinos, caças e sistemas de defesa antiaérea, Moscou assinava contratos com fábricas militares russas para o fornecimento de peças e manutenção dos armamentos.
Em diversos caso, a União Soviética fornecia armamentos gratuitamente, a fim de apoiar os "construtores do socialismo". Apenas declarar uma guinada para o socialismo era o suficiente para obter empréstimos e armamentos da URSS, e muitos regimes com poucos recursos aproveitaram essa oportunidade.
Mesmo após a queda da URSS, o comércio não parou. Os engenheiros e armeiros soviéticos ensinavam e treinavam os especialistas nos países que compravam armamentos soviéticos, criando uma rede confiável de pessoas que dependiam da engenharia da URSS, o que, por sua vez, incentivou o posterior comércio militar com a Rússia.
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