Detalhe do monumento.
Ilya Pitalev/SputnikO monumento sobreviveu até mesmo à reconstrução de Moscou na década de 1930, quando muitas obras e edifícios da era tsarista foram derrubados. O motivo da sobrevivência se deve ao significado patriótico do memorial, que simboliza a unidade entre o povo (Mínin, um líder das classes comuns) e o poder do Estado (Pojárski, príncipe e oficial militar de alto escalão).
Esta unidade é que ajudou a salvar Moscou dos invasores estrangeiros.
Nos tempos mais sombrios da Rússia, como o jugo tatar, a invasão polonesa, a guerra napoleônica e a Grande Guerra Patriótica (como ficou conhecida ali a Segunda Guerra Mundial), seguiu-se um padrão similar.
Embora parecesse que o fim estava próximo e que nada poderia salvar a Rússia da ocupação e destruição, pessoas comuns unidas sob uma liderança de líderes do Estado lutaram contra o inimigo até que a vitória. Esta foi a façanha realizada por Mínin e Pojárski, e aí vai a história verdadeira...
A invasão e a ocupação polonesa
A Praça Vermelha de Moscou por volta do ano 1870.
Henry Guttmann/Hulton Archive/Getty ImagesO início do século 17 é conhecido na história russa como "Tempo de Dificuldades" (Smútnoe vrêmia) porque o país sofreu uma crise de sucessão dinástica, assim como revoltas camponesas.
Um impostor conhecido como o "Falso Dmítri II", dizia-se filho de Ivã, o Terrível, e estava próximo de Moscou com suas forças quando o ex-tsar Vassíli Chuiski foi deposto do trono.
Em 1610, o governo era controlado pelos "Sete Boiares", e eles decidiram entregar a cidade ao exército polonês. Os líderes militares polacos queriam fazer do príncipe Vladislav o rei da Rússia, mas em 1611 as forças polonesas foram cercadas dentro do Kremlin e começaram a morrer de fome.
Chegou a hora de expulsar os invasores da capital russa, e foi quando Mínin e Pojárski entraram no centro das atenções.
“Crowd-funding” de Kuzmá Mínin
“Apelo de Mínin”, 1896. Konstantin Makovski.
Konstantin MakovskyEmbora suas origens sejam misteriosas - nem sequer sabe-se o nome de seu pai - alguns historiadores acreditam que Mínin tinha ascendência tártara. O que se sabe com certeza é que Kuzmá era cidadão de Níjni Nôvgorod, trabalhava como açougueiro e gozava de certo prestígio social.
Líder natural, Mínin frequentemente aparecia em encontros públicos e convenceu o povo a formar uma milícia nacional para expulsar os poloneses do Kremlin e restaurar o poder russo.
Usando suas conexões, Mínin avaliou a propriedade dos cidadãos de Níjny Nôvgorod e os fez dar um terço de suas economias para apoiar a milícia nacional. A propriedade dos que se recusaram a pagar foi confiscada.
O "crowd-funding" obrigatório da multidão ajudou a formar o núcleo da milícia nacional, composta por soldados profissionais que conseguiram derrotar as tropas polonesas no Kremlin - uma das fortalezas mais formidáveis da Europa.
Dmítri Pojárski
Rússia, Súzdal, Monastério do Santo Efime. relevo em bronze retratando Pojárski e Mínin na porta da capelinha que abriga o túmulo de Pojárski.
Getty ImagesDescendente de uma linha de príncipes, Dmítri Pojárski gozava do alto nível de "stolnik" do tsar. Ao contrário dos funcionários mais proeminentes, Pojárski era conhecido por seus altos princípios morais.
Desprovido de vaidade e ganância, modesto em público e fiel à pátria, Pojárski era ao mesmo tempo gentil e introspectivo. Servindo sob Vassíli Chuiski, ele lutou contra os invasores poloneses, e quando os 'Sete Boiares' quiseram colocar Vladislav no trono, ele se opôs fortemente a este ato de traição.
No início de 1611, Pojárski lutou com a milícia nacional contra os poloneses e ajudou a cercar os invasores dentro do Kremlin, mas foi ferido e levado a sua propriedade na região de Níjni Nôvgorod.
A segunda milícia nacional
Padrão de Dmítri Pojárski. Do acervo do Armorial do Kremlin.
Domínio públicoApós a recuperação de Pojárski, os membros da segunda milícia nacional o escolheram como seu líder. Ele concordou, mas só com a condição de que Mínin supervisionasse todas as finanças e equipamentos do exército popular.
Mínin e Pojárski enviaram cartas a muitas cidades importantes, convocando tropas de todas as terras da Moscóvia.
Em março, a milícia nacional partiu rumo a Iaroslavl, onde reuniu mais tropas, e chegou até mesmo a persuadir os governos sueco e alemão a enviar tropas para ajudar a derrotar os poloneses.
No início de setembro de 1612, a milícia nacional chegou a Moscou. Após três dias de luta, as forças polacas foram derrotadas. Depois de dois meses, os poloneses sitiados estavam à beira do canibalismo.
Em 5 de novembro de 1612, as forças inimigas foram expulsas do Kremlin, razão pela qual o dia 4 de novembro é celebrado como Dia da Unidade Nacional - em memória do exército nacional que derrotou os invasores e preservou a soberania russa.
“A expulsão dos invasores poloneses do Kremlin de Moscou”, de Ernst Lissner.
Ernst LissnerKuzmá Mínin e Dmítri Pojárski continuaram a servir a Rússia após o fim do "Tempo de Dificuldades".
Ambos receberam posições proeminentes na corte do tsar, que mantiveram até o final de seus dias.
O monumento
Monumento a Mínin Pojárski em sua posição anterior, em frente ao GUM, na Praça Vermelha. Hoje, ele fica localizado na mesma praça, mas em frente à Catedral de são Basílio.
SputnikNeste mês de fevereiro, o monumento a Mínin e Pojárski na Praça Vermelha completa seu 200º aniversário. Os planos para erguer o monumento foram feitos em 1803, e em 1808 o imperador Aleksandr I endossou a ideia e emitiu um decreto que iniciou a campanha nacional de angariação de fundos para o monumento. A guerra russo-napoleônica de 1812 só intensificou o sentimento patriótico por trás da ideia.
O monumento foi finalmente lançado em 1816, feito com 1,1 mil toneladas de cobre. Este foi o primeiro monumento do mundo de dimensões tão grandes lançado fundido de uma só vez, em um processo que durou 10 horas. Em 20 de fevereiro de 1818, o monumento foi aberto ao público no centro da Praça Vermelha, em frente à entrada principal loja de departamentos GUM.
Mais tarde, em 1931, o monumento foi transferido para o local onde se encontra atualmente, em frente à Catedral de São Basílio, a fim de liberar espaço para os desfiles militares soviéticos. Hoje, ele é parte inerente da icônica vista da Praça Vermelha. "Ao cidadão Mínin e ao Príncipe Pojárski. Da agradecida Rússia, 1818", lê-se na inscrição.
Monumento a Mínin e Pojárski em sua locação contemporânea.
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