Como os russos inventaram capas de carro para temperaturas de -50°C? Veja fotos

Carros envoltos em capas estacionados em uma rua de Iakutsk.

Carros envoltos em capas estacionados em uma rua de Iakutsk.

Vadim Skriábin/TASS
‘Natasha’ não é apenas um nome de mulher na Sibéria, mas também uma “garagem portátil aquecida” que ajuda a proteger os carros no rigoroso inverno.

As pessoas que vivem nas regiões do norte da Rússia sabem muito bem o que é um inverno frio de verdade. No Extremo Norte e na Sibéria, as temperaturas podem chegar a -50°C — e, mesmo assim, é preciso dirigir.

Nas cidades do norte, garagens e vagas de estacionamento subterrâneas aquecidas são raras e bastante caras. Com isso, as pessoas estacionam seus carros perto de casa, como em qualquer outro lugar. Entretanto, no inverno, elas cobrem os carros com capas especiais que os impedem de congelar.

‘Natasha’ da Buriátia

Carro envolto em uma capa de inverno enquanto termômetros marcam 38 graus Celsius negativos.

Obviamente, uma só capa não é suficiente: o carro é equipado com uma partida automática com base na temperatura (geralmente a -10°C) e “se liga sozinho” de duas a três vezes durante a noite. Além disso, outra capa (de borracha ou plástico) é colocada no cano de escapamento para evitar a condensação sob a capa ‘Natasha’ devido aos gases de escapamento.

Essas capas especiais foram inventadas em 2010 pela filóloga de formação Olga Kim, que mora em Ulan-Ude. Na época, ela era uma estudante que morava com parentes. No inverno, quando fazia -30ºC, Olga percebeu que seu primo acordava a cada duas horas durante a noite para aquecer o carro para a manhã seguinte. Embora a jovem não tivesse interesse em carros, ocorreu-lhe uma ideia: costurar uma capa especial que retivesse calor como uma jaqueta.

Carro dirigindo em temperatura congelante de 43 graus Celsius negativos na cidade de Iakutsk.

No primeiro ano, Olga costurou umas 20 capas para amigos e conhecidos, gradualmente aperfeiçoando os modelos. Foi então que começaram a chegar pedidos de outras regiões. Diante da grande demanda, ela decidiu dar um nome em estilo soviético para a sua criação: ‘Natasha’.

A fama veio em Iakutsk

Com o tempo, as ‘Natashas’ acabaram ganhando muita popularidade em Iakutsk, a capital da região mais fria da Rússia (Iakútia), no extremo oriente.

Em poucos anos, elas se tornaram parte da paisagem local de inverno e resolveram o problema de dar partida no carro em temperaturas congelantes. Tanto que agora é possível encontrá-las por todos os cantos da cidade.

Carros estacionados cobertos com “Natasha” em uma rua de Iakutsk. Neste dia, a temperatura havia caído para -50ºC.

As oficinas iacutas começaram a produzir essas capas e então a ideia foi adotada na China. Apesar dos diferentes nomes hoje em dia, os moradores locais ainda as chamam de “Natasha”.

Essas capas custam entre 10.000-40.000 rublos (cerca de US$ 100-US$ 400), dependendo do tamanho, e também estão disponíveis para aluguel.

Na parte superior de uma “Natasha”, há uma camada de lona impermeável e o interior é isolado. Uma das vantagens é que essa capa é muito leve e compacta. Assim, pode ficar guardada no porta-malas ou no bagageiro do teto e desdobrada sempre que for preciso estacionar na rua.

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